O espírito humano

Espírito Cícero Pereira

O espírito humano é o único prisioneiro
que reluta em sair da prisão,
mesmo que os grilhões sejam torturantes”

Grupo Lauro

O Tratamento do Filho Problema

Primeiramente, a mãe levou o filho-problema ao psiquiatra infantil. Com 5 anos já os desafiava, aos 10 anos não queria e não ia às aulas de evangelização. Aos 12 anos ameaçara a mãe, aos 14 anos, sob efeito de certa substância química, ele apontara uma afiada faca contra a mãe, ameaçando matá-la. O médico indicou um longo tratamento de terapia reeducacional, inviável para a criança pela premência de medidas urgentes, e terminou receitando sedativos. Ela recorreu então a um Centro Espiritual, queixando-se que o filho estava obsedado por espírito ruim. Contou nesse momento como educava o filho: fazia-lhe todas as vontades, implorava para que não deixasse nada no prato, quando a alimentação devia ser repartida, o filho insaciável, dizia: - Vou comer...e mesmo sob protestos comia...
O pai devido a inúmeros afazeres só via e falava com a criança de quando em vez. De manhã, o guri assistia 3 horas de televisão, entre desenhos, filmes de ação e jogos de morte no playstation. Comia só gulodices sentado frente à televisão, que ela não devia interromper. Após a refeição, ia brincar com os meninos da vizinhança, e começava o martírio: com outros de 15 e 16 anos jogava bola no meio da rua, brigava com outros maiores que ele, cabulava aulas e tornou-se mentiroso.
Invariavelmente vinha alguém se queixar da criança. À noite, saía com a turma e voltava alterado.
Tinha muita pena do filho, que simplesmente mandava que ela calasse a boca.
Até houve o episódio da faca, aí ela disse ao marido que teria buscar socorro fora.
Tinha medo. Foi ao Centro Espiritual e pediu tratamento ao Espírito de Luz, que a ouvia atentamente, pois achava que o menino estava obsedado por espíritos sem luz.
 -Pelo que a senhora me contou, desculpe-me, quem está precisando de tratamento antiobsessivo é a senhora.
Seu filho pode ser uma criaturinha agressiva pela educação inadequada.
Queira entender que o amor sem disciplina, não é amor.
 Minha indicação é que a senhora faça cinco sessões de desobsessão, pedindo a Deus para que saiba disciplinar seu filho na medida que ele precisa, mude os hábitos nocivos acumulados, e depois vamos ver que outros espíritos sem luz estão obsedando seu filho. Faça isso enquanto ainda há tempo (talvez já tenha passado) de dominá-lo, evitando que se torne um desajustado perigoso. Na educação de filhos, é imprescindível restaurar no lar a autoridade do pai e mãe. Filho tem que obedecer.
Grupo Lauro

Parábola das duas árvores

As duas árvores vergavam-se ao sabor do vento. Chirliante e gracioso pássaro assentava-se nos galhos mais altos da copa,  de lá  desprende e deposita minúsculos polenizadores que transportava em suas penas. Tocando incansavelmente as flores pequenas, introduzindo o pólen reprodutor.
Quando iria repetir o procedimento na outra árvore, a mesma em tom enérgico bradou: - Eu não necessito do teu pólen! Pois, não desejo tornar-me uma serviçal. Espero, isto sim, com minha robustez ser utilizada em peça digna de admiração. - aguardo o momento de mãos hábeis me transformarem  em requintado entalhe da nobreza.  Poderia ser uma liteira, ou quem sabe, rica  cadeira de algum Príncipe, ou talvez invejado carro que transportaria sua realeza em festas monumentais. E num suspiro concluiu: - É para isso que me  reservo e cuido com tanto desvelo do meu tronco.
Aproveitando uma lufada maior do vento sacudia as folhas para afastar o irrequieto polenizador
A outra árvore, que tudo ouvira conformada, humilde retrucou: -  Deus, se aqui me colocas-te  através do pássaro, e me reservas-te a tarefa de servir meus frutos, que eles sejam saborosos e saturados de nutrientes, e que minha sombra possa ser o descanso do viajante cansado.
No dia seguinte, machado as costas, o lenhador examina as árvores e num gesto de aprovação resmunga: - É essa aqui! Belo tronco, será utilizado para ser o carro do Príncipe.
Um brilho de alegria aflorou na seiva da árvore ante a primeira machadada.
Meses depois...
Gemendo em característico zumbido, lentamente, para o carro de boi, desce o condutor e exclama: - Amigo, bom-dia, bela árvore que estás a cercar. - É amigo, está árvore, batendo-lhe carinhosamente ao tronco, é uma dádiva de Deus, ela me dá frutos saborosos, dos quais me alimento, e é tão farta sua produção que ainda os distribuo aos necessitados, de suas folhas medicinais confecciono o remédio para os mais variados males, e quando estou cansado é aqui em sua sombra que venho repousar.- Diante do que falas fostes  afortunado...e subindo ao carro de boi, gritou: - Caminha, vamos, puxe firme Príncipe..e o carro começou a andar, e de sua madeira desprendia-se agoniado lamento, como um gemido dolente, era como se chorasse ante a lembrança de antiga conversa com a outra árvore.
Meu irmão em Jesus seja aonde for que  Deus te colocou, compreende tuas possibilidades de ser útil, não  importa, se és plebeu ou fidalgo, esforça-te em servir, pois deste lado, muitos fidalgos são plebeus e muitos plebeus são fidalgos.  

Grupo Lauro    
(Fabiano - 1.980)