Crescimento e Queda

Por que as religiões perdem qualidade, quando crescem quantativamente? O fenômeno é relativamente fácil de explicar: é um misto de vaidade humana com a falta do conhecimento verdadeiramente cristão. Inexpressiva do ponto de vista numérico, qualquer religião obriga seus líderes a uma maior vigilância para que ela não se autodestrua em sua fragilidade, além disso, a pequena quantidade de adeptos não excita a vaidade. Quando crescem, surgem as preocupações com a administração, arrecadação de fundos, aquisição de computadores, geralmente faustosos, com eleições, com o poder... A disputa hierárquica se estabelece e os "representantes" do Poder Divino aparecem. A ocupação do espaço pela "autoridade" substitui o sentimento de simplicidade evangélica e o orgulho pessoal se manifesta. Num mundo viciado como o nosso, os adeptos de todas as crenças, de uma forma geral, admiram o poder, aplaudem os que aparecem, porque também não têm consciência mais profunda do exato sentido dos princípios trazidos por Jesus Cristo. Quanto mais vaidoso, mais inseguro é o ser humano, necessitando do reconhecimento público, dos elogios, do comando para se realizar em suas fraquezas. Por isso, só o tíbio e o insensato lutam por cargos e se desesperam para mantê-los. O movimento espírita, em muitas instituições, passa por essa fase. Chapas diversas disputam diretorias, nos moldes deprimentes da política mundana. Há médiuns que "recebem" mensagens induzindo a escolha, identificando os protegidos de "Bezerra", "Emmanuel", Ismael" e, até mesmo, de "Jesus". Querem o direito de decisão, por se sentirem "salvadores de almas" e "enviados do alto". Há, ainda, os que invocam encarnações passadas, para justificarem suas pretensões. Muitos desses "messias" se consideram o retorno de Paulo, de Lutero, de Kardec etc., numa comprovação tácita da obsessão. Deveriam lembrar-se de Bias, o notável cidadão de Priena, ao responder aqueles que estranhavam o seu desapego dos bens materiais e do destaque social: "Eu trago tudo dentro de mim". Os verdadeiros líderes, que contam com o apoio de elevados benfeitores, são aqueles que ocupam cargos sem ambicioná-los, trabalham por amor e estudam com humildade. Não são arrogantes nem pretensiosos. Servem e passam, distribuindo sem contar o que dão. Não ofendem os companheiros nem os princípios imáculos da Doutrina. Eles são identificados pela nobreza do caráter, pela permanente dedicação e pela simpatia que tipificam o equilíbrio necessário a qualquer nível de liderança.

Revista O Espírita

Os desafios de evangelizar

O Evangelizador nunca estará solitário!
 

Nos últimos anos, parece-nos que o interesse das crianças e jovens pela evangelização tem diminuído, ocorrendo um esvaziamento das salas de evangelização nas casas espíritas. Algumas razões dessa falta de interesse podem ser conhecidas pelas casas espíritas, outras nem tanto, mas não é nosso objetivo, neste texto, enumerá-las, por que teríamos de considerar a realidade de cada uma das casas espíritas. O nosso objetivo é expor uma opinião, com base em nossa vivência na tarefa da evangelização, para que possamos repensar como evangelizar.  
A evangelização, denominada por muitos de Moral Cristã, inclusive por nós em determinado período de nossa prática, deve ser entendida no sentido mais próximo da definição do termo evangelizar, que é o de pregar, ensinar o Evangelho, de cristianizar-se. Consequentemente, o evangelizador só pode ser aquele que evangeliza, o que nos torna contrários à definição adotada por alguns que optam por utilizar educador, monitor, etc. em vez de evangelizador, termos esses usados em escolas ou segmentos afins. A tarefa do evangelizador é mais ampla, pois, a exemplo do Cristo, lhe cabe a tarefa de aprender a amar e, em alguns casos, ensinar a amar.
O nosso desafio hoje nas salas de evangelização é o de enfrentar uma geração nova que desde a primeira idade está acostumada à velocidade das informações, aos produtos descartáveis, ao uso de tecnologia, o que a torna uma geração que perde rapidamente o interesse por atividades, pelo caráter plural que adquiriram, pois são capazes de, ao mesmo tempo, ouvir um MP4, assistir à TV e fazer lição de casa.
O grande problema, em nossa opinião, é que continuamos agindo em nossas atividades de evangelização como agíamos com as gerações anteriores, o que nos torna evangelizadores não muito atrativos para esse grupo de crianças e jovens que busca resultados imediatos e, quando não alcançados, destimula-se com facilidade.
A evangelização deve buscar uma nova metodologia para abordar os conteúdos cristãos, aliando-os às questões atuais do mundo contemporâneo, de modo que a criança e o jovem participantes da evangelização possam estabelecer essa relação e enriquecer e/ou modificar o seu espírito com os ensinamentos que lhes são transmitidos.
Nesse sentido, de posse de uma metodologia para evangelização, cabe ao evangelizador ser o agente transformador, que terá de aliar os novos métodos de evangelizar ao principal objetivo da evangelização: transmitir a boa nova para, à luz dos ensinamentos do Cristo, transformar a si próprio e a criança que lhe foi confiada na tarefa de evangelização.     
O aprendizado com afetividade, aliado ao conhecimento, em qualquer área, é capaz de transformar, e na evangelização, sobretudo, o evangelizador e a criança devem estar em constante troca afetiva e em constante troca de conhecimentos, de modo que o aprendizado para ambos seja profícuo.
Ainda não temos um método ou receita para superar os desafios de evangelizar, mas se acreditarmos e exercitarmos verdadeiramente aquilo que pregamos, transmitirmos esses ensinamentos de modo afetivo, buscando formas mais lúdicas e dinâmicas que atendam, ainda que de maneira tímida, à dinâmica mental de nossas crianças, poderemos não solucionar os problemas da evangelização, mas certamente um dos primeiros desafios que é o de levar a boa nova a essa nova geração começará a ser superado. Ao evangelizador, mesmo que solitário, cabe essa tarefa.

O Semeador do Bem

Descobrimos, em nossas leituras, este texto do fascinante escritor Oscar Wilde.     
Nestes dias de sombra e dor, assim com nós, é possível que tenha chorado também o Semeador.

“Era noite e Ele estava só.
Percebeu, à distância, as muralhas de uma grande cidade e para ela se dirigiu. E quando se aproximou, ouviu dentro da cidade o tropel dos folguedos, o alarido da alegria e o ruído ensurdecedor de muitos alaúdes. E Ele bateu no portão e os guardas o abriram.
E Ele viu uma casa de mármore, com belas colunas de mármore à sua frente. As colunas estavam adornadas de guirlandas, e quer fora, quer no interior, ardiam tochas de cedro. Ele entrou na casa.
E quando cruzou o vestíbulo de calcedônia, o de jaspe e atingiu o salão dos festins, viu estendido sobre um leito de púrpura marinha um homem cujos cabelos estavam coroados de rosas vermelhas e os lábios rubros manchados de vinho. E ele aproximou-se por trás, tocou-lhes as costas, dizendo-lhe:
- Por que viveis assim?
O jovem, voltando-se, reconheceu-O e respondeu-Lhe:
Eu era leproso e vós me curastes. Como iria viver?
Ele deixou a casa e voltou à rua. Pouco depois viu uma mulher cujo rosto e trajes eram coloridos e cujos pés estavam recamados de pérolas. Atrás dela, cauteloso como um caçador, caminhava um jovem usando uma túnica de duas cores. O rosto da mulher era tão belo como o rosto de um ídolo e os olhos do jovem faiscavam de sensualidade.
Ele, rapidamente, seguiu o jovem, e tocando-lhe na mão, indagou:
- Por que olhais para essa mulher de tal maneira?
O jovem, voltando-se, reconheceu-O e retrucou-lhe:
- eu era cego e vós me restituístes a vista. A quem mais eu poderia olhar?
Ele correu adiante e tocando no vestido colorido da mulher, perguntou-lhe:
- Não há outro caminho para trilhardes que não seja o do pecado?
A mulher voltou-se e, reconhecendo-O, replicou-Lhe:
- Vós perdoastes os meus pecados e este é um caminho agradável.
Ele, então, afastou-se da cidade. E quando a deixara, deparou-se à beira da estrada com um jovem chorando. Aproximou-se, e tocando nas longas madeixas dos seus cabelos, perguntou-lhe:
- Por que chorais?
O jovem ergueu os olhos. Reconhecendo-O, respondeu-Lhe:
- Eu estava morto e vós me ressuscitastes. Que farei agora senão chorar?"

Oscar Wilde

No mundo...

No mundo, muitas vezes, terás o coração cercado:

de adversários gratuitos;
de críticas indébitas;
de acusações sem sentido;
de pensamentos contraditórios;
de pedras da incompreensão;
de espinhos do sarcasmo;
de ataques e desentendimentos;
de complicações que não fizeste;
de tentações e problemas;
da noite da culpa;
da sombra da obsessão;
do labirinto das provas;
do cárcere do egoísmo;
da toca da ignorância;
do nevoeiro da angústia;
das nuvens do sofrimento;
da neblina das lágrimas;

Entretanto, guarda a serenidade e prossegue agindo na extensão do bem. Relaciona os recintos onde as necessidades da alma te obscurecem os caminhos e estende auxílio e compreensão onde estiveres, e em torno de ti mesmo.
Disse-nos Cristo: “Sois a luz do mundo”.
E toda a criatura é uma fonte de luz por ser, em si, uma fonte de amor.
Querido irmão, ilumina onde estejas e tua própria luz dissipará as trevas que ameaçam obscurecer-te a alegria de viver.
Muita Paz,
Fabiano

Os inimigos estão "condenados" a serem amigos para sempre

Há no frescor da juventude o mel da alegria de se encontrar o amor. Busca-se o amor na companheira ou companheiro que nossa alma,  destarte a nossa vaidade, pulsa e esse pulsar, na maioria das vezes, nos vedam a razão e, em nome do amor que buscamos na Terra, enveredamos por caminhos difíceis de caminhar... e caminhamos e nos deparamos com o tempo, com a infelicidade, com a decepção, a dor e acabamos nos embocando nos poços profundos do ódio. E esse ódio reverberá quiçá por longos e longos tempos, fazendo-nos esquecer das palavras sublimes de nosso Senhor Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros”.
E  foi através desse esquecimento que me vi envolvida numa de minhas jornadas terrenas, em triste passagem que até hoje, quando as recordo, sinto as cicatrizes chagosas a arderem nas profundezas dos sentimentos. E nessa vibração aguda relato, com a permissão dos amigos espirituais, que permitiram, a título de aprendizado, a minha simples e despretensiosa narrativa. (Norma de Cássia Angélica)

Nota: Em razão do espaço reservado para o blog, apresentamos, a seguir, um resumo da narrativa de Norma, desencarnada em 1942):   

Era o ano  de 1942. Filha de pais bondosos e zelosos, com 18 primaveras, Norma de Cássia Angélica residia na cidade das Hortências. A jovem iria se casar. No caminho para a igrejinha, a jovem admirava o seu vestido tão branco e rendado que o pai mandara confeccionar no Rio de Janeiro e as flores em forma de tiara que adornavam os seus cabelos. O coração da jovem batia descompassadamente até a chegada do altar nupcial. O noivo, porém, ainda não havia chegado. A jovem Norma olhava todos no salão da igreja e via olhares de comiseração e piedade. Após algum tempo, a plenos pulmões, gritou: Fernando!!!
Sentiu a presença de seu pai e ouviu as palavras que lhe pareceram açoites: “Ele não veio – já estamos à sua espera há duas horas. Ele não vem, você tem que ter coragem.” Ali, a jovem  Norma perdeu os sentidos.
Acordou na simples e modesta casa, ao redor de amigos a consolá-la. Após longo silêncio, um choro convulsivo e amargo aflorou no seu semblante. E a voz da profecia amarga saltou de seus lábios: “Deus, em teu nome juro a minha vingança, a dor que senti nada irá apagar. Fernando, um dia qualquer nos encontraremos e aí você verá o peso do meu ódio.” Lentamente, a jovem foi arrancando as flores que enfileiravam a sua tiara, amassando-as e projetando-as com raiva. Somente o vestido foi poupado.
Alguns dias depois, a jovem, amargurada, soube que no dia em que havia sido deixada no altar um respeitável senhor havia sido cruelmente assassinado, mas a polícia não conseguira prender o assassino. Condoída, a jovem foi visitar a família, vítima da brutal tragédia.
Ao chegar  a casa, a jovem se deparou com um rapaz e uma senhora cujas faces eram só tristeza. O rapaz, cheio de rancor, disse: “O maldito vai me pagar. Vou matá-lo. Irei encontrá-lo um dia.”
E assim, alimentando-se de ódio e da cólera, os jovens Norma e Arnaldo  passaram a tarde recordando os infortúnios que os havia atingido e a amizade entre eles ficava fortalecida e aumentava o ódio que não os permitia esquecer.
Um dia, Norma recebeu uma carta de Fernando, que tentava explicar e reparar a falta cometida no dia do casamento. Nessa carta, Fernando confessa à Norma que não foi ao casamento porque havia matado um homem, fato que o obrigou a fugir. Deu seu endereço à Norma e pediu que lhe encontrasse, no estado de Goiás.
No dia seguinte, Norma conta a Arnaldo o ocorrido e lhe confessa que o assassino de seu pai era seu noivo Fernando. Ambos decidiram embarcar para Goiás, em busca da vingança. Norma preparou-se para viagem e na sua bagagem levava a mortífera arma do ódio.
Chegando ao local do encontro, Norma deixou se abraçar por Fernando e lentamente o dirigiu até a cama. Nesse momento, deu-lhe um empurrão e bradou entre lágrimas: “Miserável, sabe o que você me fez passar? Não, você não sabe...” e esbofeteou-lhe o rosto.
Fernando partiu em direção à Norma, quando Arnaldo entrou empunhando um revólver  e disse: “Para trás canalha, hoje é o teu dia. Eu me chamo o teu fim, sou o filho do Ribeiro que você matou.”
Fernando empalideceu e compreendeu a armadilha que Norma lhe havia armado.
Houve um primeiro estampido, no segundo Fernando cambaleou e caiu de bruços sobre a cama. Aquietou-se por algum tempo, mas repentinamente virou-se com uma arma na mão e dispara. A bala acerta em cheio Arnaldo no coração e Norma, ao tentar correr, sentiu o metal quente entrar em suas têmporas. O silêncio agora era brutal.
Norma tentou se levantar e fugir. Os dois continuaram uma violenta luta corporal até que todos, extenuados, se sentaram ofegantes...
De repente uma claridade imensa tomou conta do quarto e adentrou uma figura maravilhosamente linda. Só poderia ser “Jesus” – pensou Norma, era como sua mãe descrevera. A figura os olhou com compaixão e disse: “Filhos, que fizestes da vida que teu Pai lhes deu? Vocês nasceram para se amarem... o que vocês fizeram? Preparem-se para novo recomeço, pois renascereis daqui a alguns anos. Norma como esposa de Arnaldo e desse casamento nascerá um filho, Fernando. Talvez aí vocês compreenderão que a vida é, acima de tudo, perdão.”
Quando a figura estava se retirando, Norma, em pranto, lhe perguntou: “quem és”? Virando-se sereno e calmo, espalmou as mãos e exclamou: “Em verdade, em verdade vos digo, Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.”
O quarto ficou numa penumbra assustadora e os três começaram a chorar, com medo, medo da escuridão que haviam se envolvido.
"Juvenal, ô Juvenal, chama o rabecão".  – Essas foram as últimas palavras que Norma ouviu.   

“Talvez alguns achem minha história um tanto inverossímel, mas ouçam: perdoem, perdoem, pois um dia, de uma forma ou de outra, todos irão debutar.
Perdoai, perdoai enquanto há tempo... perdão, pois os inimigos estão “condenados” a serem amigos para sempre”.
Norma de Cássia Angélica, desencarnada em 1942, a espera de reencarnar para, com Jesus, exercitar o perdão.

Nota: Essa narativa foi recebida pelo médium D.A.N, em 1994, e encenada a peça teatral, em abril do mesmo ano, pelos integrantes da MIL – Mocidade Irmão Lauro. Até hoje não se tem notícias se Norma, Arnaldo e Fernando tenham reencarnado.
                      

O cristão verdadeiro vive do equilíbrio

O cristão verdadeiro vive do equilíbrio
Fabiano de Castella









A natureza nos dá exemplos de equilíbrio em sua organização, exceto quando há interferência da vaidade humana, que a leva ao desequilíbrio. O corpo humano é possivelmente proporcional, no equilíbrio de formas, como desejou Leonardo da Vinci em seu Homem Vitruviano.  Nota-se, entretanto, em todos os tempos, o desequilíbrio das criaturas pelas mais diversas causas: o uso inadequado do corpo, o desamor, a falta de fé, os maus pensamentos, o excesso de vaidade e tantas outras razões que poderíamos enumerar, contrariando a nossa natureza, que deve ser a do equilíbrio.
Buscar esse equilíbrio não tem sido tarefa fácil. Manter a mente sã e o corpo são requer de cada um de nós, a cada dia, força interior para suportar nossas provas e para não recrudescermos diante delas e de tal modo que as nossas perturbações espirituais possam influenciar a matéria.     
O espiritismo, entretanto, nos orienta, no Evangelho Segundo o Espiritismo: as relações que existem entre o corpo e a alma, por se acharem em dependência mútua, importa cuidar de ambos. Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre-arbítrio o induziu a cometer e pelas quais é ele tão responsável quanto o cavalo mal dirigido, pelos acidentes que causa.
O espírito Fabiano nos alerta: “O cristão verdadeiro vive do equilíbrio”. É necessário, portanto, que cuidemos do nosso corpo, ponderemos nossas ações, vigiemos nossos pensamentos, colocando-os na balança de nossa alma, para que encontremos o ponto de equilíbrio daquilo que somos e daquilo que desejamos ser, para que não soframos solidão ou desajuste, como nos ensinou um companheiro espiritual.
Jesus, no Sermão da Montanha, disse aos discípulos: “Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.” Ouçamos a palavra do Cristo, porque nós somos também o sal da terra, e o sal, em equilíbrio, é importante agente na natureza. Nós também somos um agente de transformação do mundo e de nós mesmos.
Trabalhemos com equilíbrio, oremos com equilíbrio, sejamos humildes com o equilíbrio, orgulhosos com equilíbrio, como orienta Fabiano, em prece proferida na Colônia Espiritual Alvorada* ao companheiro desencarnado, que ocupava a Enfermaria XII, orientação esta que também cabe a nós, tão necessitados de equilíbrio e de ajustes, em tão conturbada esfera dentro de nós mesmos:
   
Querido irmão desta colônia
Muita Paz

Guarda-te do mal, contudo pratique o Bem.
Esconde-te das paixões, todavia desenvolve as possibilidades que já possues por menores que sejam.
Oculta -te  dos maus pensamentos, porém não deixes de emitir pensamentos superiores em benefício de teu próximo e de ti mesmo.
Apaga-te diante dos grandes, mas não impeças que a verdade, mesmo com sacrifício de teus interesses, se espalhe no mundo.
Não te exaltes o bastante de modo que venham a zombar de ti, nem te humilhes tanto, de tal forma, que venham te desprezar.
O Cristão verdadeiro vive do equilíbrio e faz de uma vida fraterna e caridosa sua fortaleza.
Segue Jesus em tudo o que te for possível, até o fim de teus dias e viverás em planos mais altos da espiritualidade.
A esfera superior começa no mundo, dentro de ti mesmo.
Muita Paz.

*Nota: Segundo informações espirituais, trata-se de Colônia Espiritual plasmada, geograficamente, nas proximidades de Matão, cidade do interior de São Paulo. A Enfermaria XII trata-se de um dos leitos ocupado por irmão desencarnado, que aguarda recuperação.  

O Grupo Lauro


Grupo Lauro iniciou-se por volta de 1960, em uma sala do Edifício Copam, quando funcionava como uma secretaria do Oscal ( Organização Social Cristã André Luiz). Nessa época, o militar Lauro Siqueira, já desencarnado, comunicou-se em algumas reuniões através de uma médium e, por essa razão, Lauro Siqueira foi escolhido como mentor espiritual da casa. Em 23 de novembro de 1963 foi fundado, de fato, o Grupo da Fraternidade Irmão Lauro, nas bases do ideal do amor e do compromisso com a doutrina espírita, seguindo as orientações de espíritos com grande tarefa na fraternidade como Scheilla, José Grosso, Fritz Shein, Palminha, Ilka, Joseph Gleber e outros. Nessa época, o movimento da fraternidade era frequentado por personalidades como o ator Sérgio Cardoso, a escritora Ligia Fagundes Telles, o jornalista Assis Chateubriand, Laudo Natel, entre outros.
Na década de 1970, o casal Glauco e Maria Parente doaram um terreno, no bairro  Parque Bristol, onde se iniciou a construção da atual sede do Grupo Lauro, onde encontra-se a sua pedra fundamental. O Grupo da Fraternidade Irmão Lauro deverá sempre seguir seu estatuto, o sonho de fraternidade, os ditames espirituais que sempre farão dele esse facho de imensa luz registrado na espiritualidade.

Imaginário ou Realidade?


Imaginário ou Realidade?
Navegando pelo blog, vi, do acervo pessoal de Dan, algumas fotografias de espíritos materializados. Muitos, se virem as fotos, poderão se perguntar: será fraude, montagem ou “coisa psíquica”, como diz um conhecido opositor do Espiritismo? Ou será uma verdade, dado que há, nestas fotos, a reconhecida assinatura de Francisco Cândido Xavier? A mim, todas são verdadeiras. Não tenho a pretensão de defender o Espiritismo e fazê-los crer que os espíritos existem, mesmo porque o Espiritismo não tem o propósito de angariar adeptos, antes disso, a sua proposta é de nos auxiliar a nos fazer melhores a cada dia. O fato é que, ao ver essas fotografias, captadas por câmera de magnésio, veio a minha lembrança encontros que participei quando ainda era assídua frequentadora da Casa Irmão Lauro.
Jovem ainda, pude participar de reuniões de materialização, em que fenômenos, a maioria explicável à luz da ciência, ocorriam em pequena sala da casa espírita. Os fenômenos lá ocorridos não podiam se assemelhar aos ocorridos com os médiuns Peixotinho e Chico Xavier, uma vez que o corpo mediúnico da Casa Lauro não tinha a formação ectoplasmática desses médiuns, mas a grandiosidade dos fenômenos era suficiente para, em nossa alma, se tornarem perenes.
Naquela época, costumava-se iniciar os trabalhos com singelo hino espiritualizante, cantado em tom suave e baixo pelos companheiros presentes. Em seguida, éramos interrompidos por um prolongado silvo e por vigorosas batidas que pareciam ser dadas em um forte peito nu. Era o sinal de que precisávamos para compreender que os espíritos amigos ali se encontravam. Começava, ali, o intercâmbio com o mundo dos espíritos.
Era comum também uma voz gutural, vinda da parte mais alta da sala, se dirigir a nós, de forma carinhosa, ao mesmo tempo enérgica, nos chamando às responsabilidades que outrora assumimos. À medida que este espírito a nós se dirigia, luzes cintilavam, assemelhando-se a relâmpagos, na sala escura. A vibração daquele espírito era tão intensa que, por vezes, a voz nos faltava até para pronunciar singela prece.
Entre fenômenos como sapatos transportados, rostos materializados, luzes das mais variadas cores, suave perfume enchendo o ambiente, o forte cheiro de éter, sinalizando que os médicos do espaço estavam presentes para curar as nossas enfermidades, era ali, em pequena sala, com não mais de quinze pessoas, que pudemos conhecer uma das verdades: morre o corpo, vive o espírito.
Há, hoje, quem diga que as reuniões de materialização ou de intercâmbio com os espíritos não são necessárias. Será isso mesmo verdade ou tal fato ocorre por que não há mais “Peixotinhos”, “Fabios Machado” e “Franciscos Xavier” no meio espírita? É preciso refletir, pois nem só de prece vive o homem; espíritas necessitam conhecer espíritos.
As reuniões de materialização ou qualquer outra em que houve o intercâmbio mediúnico das quais participei (asseguro que não foram muitas), não só me fortaleceram na vida, mas também me ensinaram que o Espiritismo somente pode ser vivenciado em sua plenitude com estudo, trabalho, reforma íntima e, quando possível, com a sublime presença do mundo espiritual. Se não pudermos compartilhar disso, nos tornaremos espíritas-teóricos, sem a oportunidade de cumprir o “orai e praticai”.     
               Adriana 

Sugestão de Aula - "Órfãos"

Lúdico: Dobradura

Montagem do Lúdico: Faríamos uma aula de dobradura e ensinaríamos cada um a fazer um barquinho. Deveremos ter já o material separado, cortado para as crianças, elas podem até personalizar seu próprio barco pintado na folha, antes de dobrá-la.

Explicação: O barco precisa de um porto seguro, então as crianças seriam o barco. As águas seriam nossa vida, às vezes na calmaria, mas às vezes em Turbulência. Todos nós precisamos de um porto seguro, que nos dê rumo, segurança. Em seguida, mostramos fotos de barcos maiores, com âncora e explicaríamos a função daâncora : parar. Mostraríamos o leme que direciona. Nosssos pais seriam o leme e a âncora. Sem eles, órfãos de pai e mãe, ficamos à deriva, sem rumo certo, sem nosso porto seguro.

Sugestão de Aula - "Deus"

Lúdico: Bonequinhos de Balões

Montagem do Lúdico: Pede-se para as crianças, ou para os evangelizadores, encherem uma bexiga para cada criança e depois os evangelizadores desenhariam nas bexigas um rosto. Por último amarra-se um pedaço de barbante nas pontas das bexigas e entrega-as para as crianças.

Explicação: Para explicar a aula, os evangelizadores fariam uma relação entre o "ar" e "Deus". Nós não conseguimos enxergar o ar, mas sabemos que ele existe porque foi ele que encheu a bexiga. Assim é Deus, nós não conseguimos vê-LO, mas sabemos de sua existência, senão nada teria sentido.

Palavras de Arcano


Arcano nos contava que passou muitos anos de sua existência levando a palavra de Jesus a todos os companheiros de boa vontade. Diariamente, colocava-se à disposição das cercanias de movimentada estrada e abordava a cada um dos transeuntes, convidando-os a conhecerem a verdade das verdades: Nosso Senhor. E Arcano se prostrava e dizia: Pense que hoje estás aqui, amanhã poderás não estar, e onde estará teu coração e tua alma, pensaste em Jesus? Olhavam-no com desdém e prosseguiam na jornada. Passados muitos anos, Arcano repetia diariamente a mesma argumentação a todos que ali passavam. Um dia, um observador achegou-se a Arcano e lhe disse: Meu amigo, observo que estás há muitos anos a tentar modificar as criaturas e verifico que perdes o tempo, pois nenhuma delas se interessou pelas tuas palavras, pela tua argumentação. Não acha você que está na hora de parar, de desistir, uma vez que você a nenhum converteu?
O velho Arcano, franzindo a testa na sua peculiaridade que era constante, olhou o observador e lhe disse: Meu amigo, você tem razão, mas se eu desistir agora, eles é que me vencerão. Portanto, continuarei até a minha morte.
Nessa história de Arcano, fortaleçamos as nossas mentes e os nossos corações e prossigamos edificados em Jesus, independentemente dos transeuntes e observadores que possam nos apontar essa ou aquela saída.

José Grosso 
Dan 05/03/2012

História de Mabel

Eu não consigo, por mais que tente. Para mim é impossível.” São frases que podemos ouvir vez ou outra e que, em essência, não traduzem a verdade. Não há obstáculos intransponíveis ou insuperáveis ao ser humano que verdadeiramente em sua alma anseie por vencê-los.

Trago à memória espiritual Mabel Hubbard, que aos quatro anos de idade, teve insuperável e incendioso ataque de escarlatina e se tornou apática e calada. Alguns anos depois, a criança reclamou: “Por que os pássaros não cantam? Por que as flores não falam comigo?” As perguntas transformaram o coração dos pais que só então perceberam que a enfermidade deixara sua filha completamente surda. Mas ela tinha uma vantagem sob as demais crianças que nasciam surdas: Ela sabia falar. Como preservar isso era o grande desafio para seus pais.
O diretor de uma escola lhes disse que eles poderiam preservar a fala da filha, desde que a obrigassem a falar sempre, que jamais aceitassem gestos. Que eles a ensinassem pela vibração. Fizessem-na sentir a garganta, o ronronar do gato, o piano e ler os movimentos dos lábios. Assim foi, embora fosse doloroso por vezes não dar à criança o leite que apontava insistente, não até ela pedir: “quero leite” ou então fingir que não viam seus gestos desesperados para ir passear, até que ela falasse: “quero ir passear, quero sair.”  Quatro anos depois, Mabel estava adaptada em todos os aspectos à vida normal. A professora que ensinava as outras irmãs a ela também o fez. Ela aprendeu a ler, escrever, soletrar. A outra batalha a superar era continuidade para prosseguir os estudos, pois ela era uma criança surda.
Um dos funcionários da escola regular afirmou que a recuperação da fala pela criança surda custava mais caro do que compensaria ouvi-la falar, e mesmo que Mabel dissesse algumas palavras, por maior que fosse o êxito atingido na articulação, a sua inteligência continuaria sempre nas trevas.
Mabel derrubou todas as afirmativas demonstrando seus conhecimentos de história, geografia, matemática, respondendo às questões formuladas e lendo de forma excelente. Não se intimidou a menina. Ela fora criada na família com muitos parentes. Estava acostumada a viver com muita gente.
Ao lhe perguntarem se era surda, ela olha para sua professora e intrigada, indagou: “Senhorita, o que é uma criança surda?”
Essa criança se tornou mais tarde esposa de um homem que desde a meninice vivia às voltas com o som: Graham Bell. 
Era alegre, espirituosa, imensamente cativante. Durante 50 anos ela amparou e inspirou seu brilhante e excêntrico marido, o grande inventor.


A capacidade do espírito humano de sobrepor-se às adversidades e vencer limitações está muito além do que possa você imaginar?
Quem comanda o corpo é o espírito e se este colocar em ação sua férrea vontade superará obstáculos considerados impossíveis.
Não digas “não consigo”. Recorde Mabel na vontade e prossiga, prossiga; se você não puder, todavia, ser Mabel, sê você mesmo, que ouve os pássaros a cantar, e quiçá Jesus permitir, ouvir também os anjos de Deus a te falar... Se fizeres isto terás, de todas as conquistas que já conseguistes, conquistado a maior de todas: a tua conquista individual.
 Receba meu carinhoso abraço,
Sabrina 

Conduta ética


J.G.PASCALE
A evolução espiritual processa-se, necessariamente, no campo moral – pelo menos é o que podemos depreender da Ética Espírita –; não decorre, portanto do conhecimento cientifico nem da maestria intelectual, embora esses predicados possam facilitar o aprendizado moral.
Talvez, entre todos os exercícios morais, o mais difícil seja o de perdoarmos aos nossos devedores. “Você me paga...”, clama o instinto de vingança. Contraditoriamente, no entanto, na oração que nos foi ensinada por Jesus, dizemos: “Perdoais as nossas dividas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
A cada dia, à medida que prejudicamos o nosso semelhante – seja um parente, um amigo ou um estranho –, com atos, palavras ou, mesmo, em pensamentos, cometemos infrações às Leis de Deus; são débitos que acumulamos, os quais deveremos saldar cedo ou tarde. Também os outros, claro, praticam atos ilícitos contra nós e contraem dividas perante Deus. Então, em nossas preces, pedimos o perdão de nossos erros, confiando na misericórdia divina – e esperamos a remissão de nossas ofensas; porém, como fica a parte em que prometemos, igualmente, perdoar aos que nos ofenderam? A quem estamos enganando?
Encaremos o problema de frente: ainda não conseguimos erradicar do nosso coração o ressentimento, o rancor e o ódio. Onde está o amor? A verdade é que precisamos diminuir a distância entre as nossas boas intenções – que explicitamos com belas palavras, faladas ou escritas – e os nossos atos, não só por uma questão de coerência, mas principalmente porque a nossa infraestrutura moral tem por base a nossa consciência, que é onde estão escritas as Leis de Deus, conforme O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, questão 621.

J.G. PASCALE é Filósofo, Palestrante Espírita e jornalista, ex- editor responsável do Jornal Espírita, Quando da LAKE e agora órgão da Federação Espírita do Estado de São Paulo
Grupo lauro

Efeito Colateral

Insatisfeito, o espírito busca valores autênticos num mundo degradado, debate-se entre os pontos contrários à sua cultura espiritual; como e de que maneira conciliar a sua manutenção na sociedade, que nem sempre representa os verdadeiros interesses da maioria, com anseios e promessas de liberdade, felicidade e justiça para todos? Nesse mundo degredado enfrenta diariamente o problema de ter ou não sentido, de ser ou não absurdo, sem nexo.
Guerras, poluição desnecessária, tufões, catástrofes as mais variadas, enchentes repetitivas, massacres, misérias, violência, doenças e desamor, sem remédio, são coisas que fazem o espírito recém-chegado se perguntar se esse mundo “tem sentido”, se ele “tem jeito”, se tudo isso não é um absurdo, e se perguntam se esse mundo tem razão de ser assim como está.
Este é verdadeiramente o efeito colateral da ausência de Jesus na criança; o estado vibratório é que comanda a energia do psicossoma, sob sua orientação se dá a união do gameta masculino com o feminino, é aí que se faz a aproximação definitiva do espírito à matéria. É o choque biológico.
Entre os seis e os sete anos de idade é que se considera como definitivo e consolidado o processo de reencarnação. Portanto, lembrar e levar Jesus ao coração da criança nesse período é fator preponderante para sua trajetória. O que absorver nesse período espalhará pelo mundo...
Assim confia a divina lei: nos pais, professores, orientadores e evangelizadores como verdadeiros benfeitores diretos de Jesus a semear o espírito infantil com as sementes do amor e fraternidade, para que o mundo amanhã se desenvolva na calma plácida como o olhar do Cristo. Recorda à criança e a ti mesmo as sublimes diretrizes:
Perdão não se pede. Conquista-se.
Aqueles que não sabem obedecer, além de atrapalharem os que obedecem, jamais vão saber mandar.
Se o boi soubesse a força que tem, ninguém lhe botaria canga.
Você e a criança são as forças renovadoras mais poderosas do mundo. Façamos, pois, cada um a sua parte e deixemo-nos guiar por Jesus.

Mensagem do espírito Scheilla, recebida em out. 2005/publicada no jornal Vozes do Lauro, em nov. de 2005.     

Profecia Maia

O século XX foi um século de grandes transformações: guerras avassaladoras, inventos e descobertas científicas, tragédias climáticas e o período em que mais se acentuou o individualismo humano. No fim do século ocorreram especulações a respeito do fim do mundo, como é comum ocorrer a cada mudança de década, de século ou de milênio. Chegamos ao terceiro milênio sob as mesmas especulações, mas o mundo continuou em sua lei natural, negando todas as afirmativas e profecias que propagavam o seu fim, o juízo final.  A humanidade, como no século anterior, continua enfrentando, neste milênio, as mesmas dificuldades do passado, somadas ainda a outras angariadas pelo uso inadequado dos recursos do planeta.
Passados já doze anos do século XXI, em meio ao despertar para questões de sustentabilidade, somos surpreendidos, com base numa das profecias maias, com o fim do mundo em 2012.
A civilização maia se iniciou por volta de 700 a.C e seu adiantamento na astronomia, na matemática, nas artes é reconhecido por cientistas até hoje. O conhecimento desse povo acerca da ciência atribuiu à sua profecia um valor questionável para alguns, inquestionável para outros. Dizem alguns que a profecia maia propagada não se refere à destruição do mundo, mas provavelmente a mudanças para o nosso planeta, o despertar para uma nova consciência. Segundo um professor da Universidade de São Paulo, em 2012 terminará um Grande Ciclo, que dura 1.870.000 dias, um pouco mais de 5125 anos, e a partir disso um novo ciclo começará. 
Atribuir, entretanto, a mudança a que se refere a civilização maia ao ano de 2012 pode ser errôneo, uma vez que não se pode afirmar que calendário desse povo corresponda a nossa era, que marca o seu primeiro ano a partir do nascimento de Cristo. Se tomarmos por referência a idéia de que o nascimento do Cristo, como indicam alguns historiadores, pode estar adiantado ou atrasado em quatro anos, o nosso calendário poderá estar incorreto, não tendo exata correspondência à data do calendário maia.
O planeta Terra, com ou sem profecias, tem passado por revoluções periódicas, por cataclismos, desde os primórdios da humanidade. Allan Kardec, no século XIX, já trazia em sua obra "A Gênese" informações referente às revoluções gerais e também às perturbações locais pelas quais passaram e ainda passarão o planeta Terra.
Quando ainda não havia satélites ou telescópios modernos, Kardec já mencionava os equinócios (fenômeno em que a duração do dia é idêntica à da noite, e os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de luz, fenômeno que ocorre duas vezes ao ano, normalmente nos dias 21 de março e 23 de setembro). Essa teoria foi mencionada pelos gregos possivelmente no século 2 a.C.
Kardec menciona ainda a precessão dos equinócios (o movimento do equinócio avança a cada ano de alguns minutos). Explica-nos ele que esse movimento pode interferir na temperatura dos meses, no aquecimento e resfriamento dos pólos, no deslocamento gradativo do mar. Todas essas mudanças, entretanto, operam-se lentamente, tornando-se visíveis ao longo de alguns séculos. Nenhuma referência à destruição do planeta em razão desse fenômeno, entretanto, é mencionada.
Outro fato que supostamente poderia destruir o mundo em 2012 diz respeito à colisão de um planeta com a Terra. O que na verdade ocorre, segundo afirmações da astronomia, é que foram detectadas diferenças entre a distância desse planeta, indicando uma atração gravitacional por corpos estranhos além de sua órbita. Temor semelhante ocorreu em 1910, na passagem do cometa Halley, em que muitos acreditavam que a Terra seria destruída. O cometa passou; tudo permaneceu; nada foi destruído.
Profecias, misticismos, segredos, revelações sempre se impuseram à humanidade como um modo de ela mesma interpretar e compreender o mundo diante daquilo que lhe parecia inexplicável. E assim caminhamos até hoje, mesmo com o despertar da ciência que nos impõe uma verdade relativa, antes oculta pelo véu da credulidade e da ignorância.
São os sinais dos tempos dirão alguns acerca dos flagelos, da violência e do terror que imperam no mundo. O Espiritismo, por intermédio de seu codificador, nos esclarece que a nossa Terra, como parte do Universo, está sujeita à lei do progresso que O rege. O nosso globo continuará sofrendo transformações, lentas ou abruptas, visando ao progresso físico e moral de nosso planeta, de modo a torná-lo mais habitável.
O Espiritismo não questiona ou critica as grandes profecias ou revelações que profetizam o fim do mundo, mas as coloca no âmbito das conjecturas, pois, caso a Terra esteja no envelhecimento natural comum a todos os corpos, este envelhecer não se dará a tão breve tempo, a ponto de destruí-la repentinamente. Por outro lado, as informações espíritas assemelham-se às ideias contidas em profecias que afirmam que o mundo passará por uma nova consciência. Ainda que as vicissitudes de nossa Terra sejam muitas e nos levem às vezes à descrença, a humanidade entrará numa nova fase.
Há um grande conflito de geração de espíritos voltados para o bem e para o mal, o que parece ser necessário ao progresso de cada um, rumo à transformação do planeta. Não pensemos, portanto, no fim do mundo, ainda que alguém insista. Vivamos 2012 imbuídos no despertar de nossa alma para as nossas imperfeições, para a compreensão do outro, para o despertar da  fraternidade. Desse modo colaboraremos, cada um, para a o fim deste mundo, para darmos início a um mundo novo, que será vivenciado pelas novas gerações de espíritos que ainda virão. 
A transição para uma Nova Era está inserida em um Planejamento Divino:  Através da busca da espiritualização, superação das dores e construção de uma nova sociedade, a Humanidade caminha para a regeneração das consciências.  Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este o caminho, pois, sem dúvida, não teremos que temer nem um dilúvio, nem  o abrasamento do planeta, nem fatos desse gênero, visto que não  se pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, cujos instrumentos serão os próprios homens os quais compreenderão que a Mãe Terra será sempre o nosso lar perene.
É isso que a doutrina espírita tem profetizado, ainda que haja profecias que afirmem o contrário.
Grupo Lauro

Fontes consultadas:
CERQUEIRA, W. Equinócios. Disponível em http://www.brasilescola.com, acesso em 14 jan. 2012
KARDEC, A. Revoluções do globo. In: A Gênese. Disponível em: http://www.espirito.org.br, acesso em 15 jan. 2012.