Leonardo Paixão - segunda-feira, 16 de
novembro de 2015
Obsessão nos Grupos Espíritas
A obsessão é um tema sempre colocado em
nossos agrupamentos espíritas, no entanto, vê-se ainda, infelizmente, um
desconhecimento da parte dos próprios adeptos sobre esta questão.
O capítulo 23 da segunda Parte de O Livro dos
Médiuns e o capítulo XIV de A Gênese, a partir do item 45, nos trazem estudos
que nos dão o conceito do que é obsessão, obsidiado e o reconhecimento de seus
processos de instalação e o como agir para erradicá-lo.
Além destes livros citados há outros, claro,
de Allan Kardec e obras complementares como a coleção André Luiz e Manoel
Philomeno de Miranda e obras de dona Yvonne Pereira, devotada médium que muito
se dedicou aos obsessores e obsidiados, entre estas obras indicamos:
- Dramas da Obsessão, do espírito Bezerra de
Menezes; Devassando o Invisível, inspirada por Charles, Bezerra de Menezes,
Léon Denis, Inácio Bittencourt e Leão Tolstoi; recordações da Mediunidade,
orientada por Bezerra de Menezes; a trilogia Nas Voragens do Pecado, O
Cavaleiro de Numiers e O Drama da Bretanha, do Espírito Charles; Amor e Ódio,
do Espírito Charles; Sublimação, dos espíritos Charles e Leão Tolstoi e várias
obras que contém artigos de refinado valor doutrinário.
Adeptos há que se chocam ante posturas de
outros adeptos que são incoerentes para com o Evangelho e a Doutrina Espírita e
que se dão nos Grupos os mais diversos espalhados por nosso Brasil,
esquecendo-se desta advertência de Allan Kardec em O Evangelho segundo o
Espiritismo:
- “(...) Tampouco garantia alguma suficiente
haverá na conformidade que apresente o que se possa obter por diversos médiuns,
num mesmo centro, porque podem todos estar sob a mesma influência” (Introdução,
item II). Todo um Grupo Espírita pode estar sob o império de uma obsessão e,
para os que se dedicam aos estudos e atuam com coerência doutrinária, não é
difícil perceber tal fato.
Os Espíritos têm alertado muito em suas obras
sobre este processo, vejamos o que nos diz o espírito Manoel Philomeno de
Miranda na obra Transição Planetária:
“... E os discípulos do Consolador, como se
vêm comportando? Não existem já as diferenças gritantes em separatismos
lamentáveis, através de correntes que se fazem adeptas de X, Y ou Z, em
detrimento da Codificação Kardequiana na qual todos haurimos o conhecimento
libertador?
Não surgem, diariamente, médiuns equivocados,
agressivos, presunçosos, vingativos, perseguidores, insensatos, pretendendo a
supremacia, em total olvido das lições do excelente Médium de Deus?
Por outro lado, surgem tentativas
extravagantes para atualizar o pensamento espírita com a balbúrdia em lugar da
alegria, com os espetáculos ridículos das condutas sociais reprocháveis, com
falsos holismos (global) em que se misturam diferentes conceitos, a fim de
agradar às diversas denominações religiosas, com a introdução de festas e
atividades lucrativas, nas quais não faltam as bebidas alcoólicas, como os
bailes estimulantes à sensualidade, com os festejos carnavalescos, a fim de
atraírem-se mais adeptos e especialmente jovens, em vez de os educar e
orientar, aceitando-lhes as imposições da transitória mocidade. Denominam-se os
devotados trabalhadores fieis à Codificação, em tons chistosos e de ridículo,
como os ortodoxos, e, dizem-se modernistas, como se os Espíritos igualmente se
dividissem em severos e gozadores, austeros e brincalhões na utilização da
mensagem libertadora do Evangelho de Jesus à luz da revelação espírita...”
(capítulo 17 – Ampliando o Campo de Trabalho).
No capítulo 19 – Preparação para o Armagedom
Espiritual, da mesma obra citada, diz Manoel Philomeno de Miranda:
- “Com certeza, embora as armadilhas
perversas e as perseguições inclementes, ninguém, que se encontre desamparado,
a mercê do mal, exceto quando se permite espontaneamente a vinculação com essas
forças ignóbeis...
Deter-nos-emos especialmente na área do
movimento espírita comprometido com Jesus e sua doutrina, alvo primordial de
determinados grupos da grei autodenominada como o Mal.
Acercando-se dos médiuns invigilantes, vêm
inspirando-os a comportamentos incompatíveis com as recomendações do Mestre
Jesus e dos Espíritos Superiores através da Codificação Kardequiana,
estimulando-os a espetáculos em que a mediunidade fica ridicularizada, como se
fosse um adorno para exaltar seu possuidor.
Concomitantemente, fomentando paixões servis
nos trabalhadores afeiçoados ao socorro espiritual nas reuniões mediúnicas,
fazendo-os crer que estão reencontrando seres queridos de outras existências,
que agora lhes perturbam os lares e facilitam convivências adulterinas em
flagrante desrespeito aos códigos morais e aos do dever da família...
Fascinação, subjugação que se iniciam discretamente e roubam o discernimento de
muitos, constituem o jogo das Entidades insanas, aproveitando-se das
debilidades ainda persistentes em a natureza humana...
Além dessas ações nefastas, trabalham pela
desunião de companheiros de lide espiritual, pela maledicência e calúnias bem
divulgadas, como se estivessem trabalhando para senhores diferentes e não para
Aquele que deu a vida em demonstração insuperável de amor e de compaixão por
todos nós.
Em determinadas situações, desencadeiam
enfermidades de diagnose difícil, ocultando a sua interferência nos organismos
debilitados e carentes de energias, levando ao fosso do desânimo pessoas
afeiçoadas ao dever e comprometidas com a fraternidade legítima.
Na área da caridade, movimentam os
discutidores que perdem o tempo entre os conceitos de paternalismo e de
promoção social, olvidados do socorro que normalmente chega tarde, quando se
aplicam as horas em ociosidade mental e divagação intelectual”.
Não é de agora, porém, a investida das Trevas
no Movimento Consolador, eis o que já nos colocava Yvonne Pereira:
- “A
obsessão merece dos verdadeiros espíritas as mais acuradas atenções. Ela já se
infiltra até mesmo “no seio dos santuários”, isto é, nos templos espíritas
pouco vigilantes, promovendo ciúmes entre seus componentes, vaidades,
dissensões, mal-entendidos, “reformas doutrinárias“ e demais operosidades que
contrariam os postulados da Doutrina, haja vista o que, no momento se passa,
quando detectamos agrupamentos espíritas, dantes vistos e reconhecidos como
templos, a exercerem o perfeito intercâmbio espiritual, hoje reduzidos a meros
clubes onde verificamos de tudo: abusivas e inaceitáveis compras e vendas de
“lanches’ e merendas, festas e cânticos, burocracia intransigente, diversões,
recreios, mas não a “casa do Senhor”, de onde os Protetores Espirituais se
retiram, e onde não mais contemplamos aquelas autênticas atividades próprias do
Consolador, que eram o testemunho da presença do Cristo entre nós.
E não se falando da “mania”, ora em
exercício, de “modificar”, “renovar” e “atualizar” a Doutrina dos Espíritos,
que, pelo visto, deixou de agradar àqueles que acima dela desejam colocar a
própria personalidade.
Afirmam os adeptos de tais movimentações que
o espiritismo “evoluiu”, e que tudo isso não é senão o “progresso” da Doutrina.
Mas tal asserção é insana, pois que a lógica e o bom senso indicam que a
evolução do Espiritismo seria, em parte, a vinda de outras revelações do Alto,
a comunhão perfeita do consolador com os homens, a pesquisa legítima e séria, e
não a deturpação que vemos nos ambientes que devem ser consagrados ao
intercâmbio com o Alto, onde consolamos os mais infelizes do que nós, e onde somos
consolados e instruídos por aqueles seres angelicais que nos amam e que, há
milênios, talvez, se esforçam por nos verem redimidos de tantos erros.
Certamente que muitos núcleos espíritas se
conservam afinados com as forças do Alto, movimentando-se normalmente, sem as
intromissões indevidas, que só podem desfigurar os ensinamentos que temos todos
tido a honra de receber dos códigos doutrinários” (Cânticos do Coração, volume
II, 1ª edição: CELD, 1994 no capítulo VI – O Flagelo do Século, p. 66).
O que fazer para que a obsessão coletiva não
grasse em nosso Grupos de trabalhos cristãos? No livro “Dramas da Obsessão”,
Bezerra de Menezes (Espírito)/ Yvonne Pereira – médium – Capítulo 3 de Leonel e
os Judeus, orienta:
- “As vibrações disseminadas pelos ambientes
de um Centro Espírita, pelos cuidados dos seus tutelares invisíveis; os fluidos
úteis, necessários aos variados quão delicados trabalhos que ali se devem
processar, desde a cura de enfermos até a conversão de entidades desencarnadas
sofredoras e até mesmo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são
elementos essenciais, mesmo indispensáveis a certa série de exposições movidas
pelos obreiros da Imortalidade a serviço da Terceira Revelação.
Essas
vibrações, esses fluidos especializados, muito sutis e sensíveis, hão-de
conservar-se imaculados, portando, intactas, as virtudes que lhe são naturais e
indispensáveis ao desenrolar dos trabalhos, porque, assim não sendo, se
mesclarão de impurezas prejudiciais aos mesmos trabalhos, por anularem as suas
profundas possibilidades. Daí porque a Espiritualidade esclarecida recomenda,
aos adeptos da Grande Doutrina, o máximo respeito nas assembleias espíritas,
onde jamais deverão penetrar a frivolidade e a inconsequência, a maledicência e
a intriga, o mercantilismo e o mundanismo, o ruído e as atitudes menos graves,
visto que estas são manifestações inferiores do caráter e da inconsequência
humana, cujo magnetismo, para tais assembleias e, portanto, para a agremiação
que tais coisas permite, atrairá bandos de entidades hostis e malfeitoras do
invisível, que virão a influir nos trabalhos posteriores, a tal ponto que
poderão adulterá-los ou impossibilitá-los, uma vez que tais ambientes se
tornarão incompatíveis com a Espiritualidade iluminada e benfazeja.
Um Centro Espírita onde as vibrações dos seus
frequentadores, encarnados ou desencarnados, irradiem de mentes respeitosas, de
corações fervorosos, de aspirações elevadas; onde a palavra emitida jamais se
desloque para futilidades e depreciações; onde, em vez do gargalhar divertido,
se pratique a prece; em vez do estrépito de aclamações e louvores indébitos se
emitam forças telepáticas à procura de inspirações felizes; e ainda onde, em
vez de cerimônias ou passatempos mundanos, cogite o adepto da comunhão mental
com os seus mortos amados ou os seus guias espirituais, um Centro assim, fiel
observador dos dispositivos recomendados de início pelos organizadores da
filosofia espírita, será detentor da confiança da Espiritualidade esclarecida,
a qual o elevará à dependência de organizações modelares do Espaço,
realizando-se então, em seus recintos, sublimes empreendimentos, que honrarão
os seus dirigentes dos dois planos da Vida.
Somente esses, portanto, serão registrados no
Além-Túmulo como casas beneficentes, ou templos do Amor e da Fraternidade,
abalizados para as melindrosas experiências espíritas, porque os demais, ou
seja, aqueles que se desviam para normas ou práticas extravagantes ou
inapropriadas serão, no Espaço, considerados meros clubes onde se aglomeram
aprendizes do Espiritismo em horas de lazer”.
Oração, vigilância nos pensamentos, palavras,
atitudes, sinceridade e lealdade de sentimentos para com os companheiros de
Causa, eis o que devemos estar a realizar cotidianamente para nossa própria
defesa.
(Trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, RJ, colaborando com amigos de ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz).