O Pífio e o Janota




O sol se punha, e seus raios, mais pareciam pálpebras semicerradas.
As flores vergavam, e cabisbaixas pareciam reverenciar o astro rei.
Os pássaros em revoada recolhiam-se entre os abrigos nas arvores, a fim de fugir da noite que se aproximava misteriosa.
Foi nesse cenário, que o Pífio deixou a vestimenta terrena.
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No hospital a movimentação dos neurocirurgiões, em apressadas e seguras evoluções estimulavam o Janota vítima de súbita síncope.
A saída do médico, as convulsões de tristeza e espanto se transformaram em lamentos e lágrimas.
Foi nesse cenário que o Janota deixou a vestimenta terrena.
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Adentramos ao cenário espiritual, e observamos o Pífio recolhido por mãos bondosas e amigas, a tal ponto de se sentir possuidor de toda sensibilidade da nova situação. E foi conduzido à elevada e renomada Colônia refazimento.
O Janota caminhava sôfrego e em perturbação barôntica, era conduzido à elevada e renomada Colônia de refazimento.
Ao se defrontarem ante o portal da benemérita de auxílio aos recém-desencarnados, são recebidos pelo venerando responsável, O qual olhando seu livro luminoso, após breve silencio, sua voz amável se fez ouvir:
- Você irmão. Pode entrar.
- Eu? Pergunta o Pífio
- Sim – você.
- Você irmão pode seguir para o alojamento de “pernoite”.
- Eu? Perguntou o Janota
- Sim – você.
O Janota olhando o Pífio, em tom contrariado e reivindicativo, argumenta:
- O senhor está a cometer um engano. Eu é que aqui deveria ficar alojado.
- Me dê uma razão para isso... inquiriu o benfeitor.
- Uma? Vou dar um leque tão grande... fui educado em educandário de fino trato, conheço idiomas, países, políticos, religiosos de alta hierarquia, e entre outras coisas de vez em quando distribuía ao povaréu gêneros alimentícios. Acho que isso basta. E fitou o benfeitor com olhar vitorioso.
O benfeitor, olhando-o em profundidade, lhe diz:
- É verdade tudo está registrado no livro luminoso, porém o Pífio aos olhos do mundo e o mundo não viu o amor instintivo que devotou ao próximo em toda existência. Quando um doente, um fraco, um necessitado o solicitava lá estava ele, indistintamente prestando auxílio. E no exercício desses auxílios, passou a vida amando o próximo – Portanto meu amigo a tua educação é esmerada, porém teu coração necessita aprender a maior e mais sublime matéria no educandário da Terra – O amor.
O Pífio chorando a adentrou a Colônia.
O Janota chorando seguiu para o alojamento.
O benfeitor, olhando ao Alto, orou e abençoou os dois.

Oscar Wilde
Recebido na reunião pública no G.F.Irmão Lauro  em 12/02/1.998
     

                                                                                                       

Canto de Natal















O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.

Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.

Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino.
Seu nome é Jesus.

Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.


Manuel Bandeira
Poesia extraída da "Antologia Poética". Editora Nova Fronteira - Rj, Janeiro, 2001, pág. 137.

Versos de Natal



Enquanto a glória do Natal se expande 
Na alegria que explode e tumultua, 
Lembra o Divino Amigo, além, na rua... 
E repara a miséria escura e grande.




Aqui, reina o Palácio do Capricho 
Que a louvores e júbilos se entrega, 
Onde a prece ao Senhor é surda e cega 
E onde o pão apodrece sobre o lixo.

Ali, ergue-se a Casa da Ventura, 
Que guarda a fé por fúlgido tesouro, 
Onde a imagem do Cristo, em prata e ouro, 
Dorme trancada em cárceres de usura. 

Além, é o Ninho da Felicidade 
Que recorda Belém, cantando à mesa, 
Mas, de portas cerradas à tristeza 
Dos que choram de dor e de saudade. 

Mais além, clamam sinos com voz pura:
— «Jesus nasceu! » — o Templo dos Felizes 
Que não se voltam para as cicatrizes 
Dos que gemem nas chagas de amargura... 

Adiante, o Presépio erguido em trono 
Louva o Rei Pequenino e Solitário, 
Olvidando os herdeiros do Calvário 
Sobre as cinzas dos catres de abandono. 

De quando em quando, o Mestre, em companhia 
Daqueles que padecem sede e fome, 
Bate ao portal que lhe relembra o nome, 
Mas em resposta encontra a noite fria. 

E quem contemple a Terra que se ufana, 
Ante o doce esplendor do Eterno Amigo, 
Divisará, de novo, o quadro antigo: 
— Cristo esmolando asilo na alma humana. 

Natal!... O mundo é todo um lar festivo!... 
Claros guizos no ar vibram em bando... 
E Jesus continua procurando 
A humilde manjedoura do amor vivo.

Natal! eis a Divina Redenção!... 
Regozija-te e canta, renovado, 
Mas não negues ao Mestre desprezado 
A estalagem do próprio coração. 

Cármen Cinira
Recebido psicofonicamente por Chico Xavier


Neste Natal...

Senhor Jesus, neste Natal, não quero muito,
desejo tua  branda mão e amor gratuito,
Afagando todos lares,
Com  cama ou  sem cama,  seus altares.
Enfermos e saudáveis, maus e bons,
O amor como grinalda  nos corações.
Mão que abriga ao pobre e o rico,
Mão que na  ida e na vinda, amplifico.
Nos ensina o  perdão,
Para vencer a agonia dos dias e noites,
Quem não sentiu tua branda mão,
Vive nos tormentos dos açoites.
Tudo é efêmero...
Mas Teu Natal é perpétuo,
Vive sempre em mim,
Assim, viverei sempre em Ti.
                     Grupo Lauro - Dan

Prece do Natal

Senhor Jesus!...

Recordando-te a vinda, quando te exaltastes na manjedoura por luz nas trevas, vimos pedir-te a bênção.
Revela-nos se muitos de nós trazemos saudade e cansaço, assombro e aflição, quando nos envolves em torrentes de alegria.
Sabes, Senhor, que temos escalado culminâncias... Possuímos cultura e riqueza, tesouro e palácios, máquinas que estudam as constelações e engenhos que voam no Espaço! Falamos de ti – de ti que volveste dos continentes celestes, em socorro dos que choram na poeira do mundo, no tope dos altos edifícios em que amontoamos reconforto, sem coragem de estender os braços aos companheiros que recolhias no chão...
Destacamos a excelência de teus ensinos, agarrados ao supérfluo, esquecidos de que não guardaste uma pedra em que repousar a cabeça; e, ainda agora, quando te comemoramos o natalício, louvamos-te o nome, em torno da mesa farta, trancando inconscientemente as portas do coração aos que se arrastam na rua!
Nunca tivemos, como agora, tanta abastança e tanta penúria, tanta inteligência e tanta discórdia! Tanto contraste doloroso, Mestre, tão-só por olvidarmos que ninguém é feliz sem a felicidade dos outros... Desprezamos a sinceridade e caímos na ilusão, estamos ricos de ciência e pobres de amor. É por isso que, em te lembrando a humildade, nós te rogamos para que nos perdoes e ames ainda... Se algo te podemos suplicar além disso, desculpa o nada que te ofertamos, em troca do tudo que nos dás e faze-nos mais simples!...
Enquanto o Natal se renova, restaurando-nos a esperança, derrama o bálsamo de tua bondade sobre as nossas preces, e deixa, Senhor, que venhamos a ouvir de novo, entre as lágrimas de júbilo que nos vertem da alma, a sublime canção com que os Céus te glorificam o berço de palha, ao clarão das estrelas:


- Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!


Espírito  Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Antologia Mediúnica de Natal

FELIZ NATAL!

Meu amigo. Não te esqueças.                             
Pelo Natal do Senhor,
Abre as portas da bondade
Ao chamamento do Amor.
Reparte os bens que puderes 
Às luzes da devoção.
Veste os nus. Consola os tristes,
Na festa do coração.
Mas, não te esqueças de ti,
No banquete de Jesus:
Segue-lhe o exemplo divino
De paz, de verdade e luz.
Toma um novo compromisso
Na alegria do Natal,
Pois o esforço de si mesmo
É a senda de cada qual.
Sofres? Espera e confia.
Não te furtes de lembrar
Que somente a dor do mundo
Nos pode regenerar.
Foste traído? Perdoa.
Esquece o mal pelo bem.
Deus é a Suprema Justiça.
Não deves julgar ninguém.
Esperas bens neste mundo?
Acalma o teu coração.
Às vezes, ao fim da estrada,
Há fel e desilusão.
Não tiveste recompensas?
Guarda este ensino de cor:
Ter dons de fazer o bem
É a recompensa melhor.
Queres esmolas do Céu?
Não te fartes de saber teus,
Que o Senhor guarda o quinhão
Que venhas a merecer.
Desesperaste? Recorda,
Nas sombras dos dias teus,
Que não puseste a esperança
Nas luzes do amor de Deus.
Natal!... Lembrança divina
Sobre o terreno escarcéu...
Conchega-te aos pobrezinhos
Que são eleitos do Céu.
- Mas, ouve, irmão! Vai mais longe
Na exaltação do Senhor:
Vê se já tens a humildade,
A seiva eterna do amor.


Autor: Médium: Chico Xavier
Espírito: Casimiro Cunha
Data: 01/12/2000
Fonte: O Mensageiro