A prece altera os desígnios de Deus?



Por Jorge Hessen


Recorda Kardec que a prece é recomendada por todos os Espíritos. Renunciar a ela é ignorar a bondade de Deus; é rejeitar para si mesmo a sua assistência; e para os outros, o bem que se poderia fazer. [1] O Cristo instruiu: “por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes orando, crede que as haveis de ter, e que assim vos sucederão.” [2]

A prece se reveste de características especiais, pois a par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curativa e a influência da oração. O Codificador, ao emitir seus comentários na questão 662 de O Livro dos Espíritos, afirma que “o pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal. A rigor, a eletricidade é energia dinâmica; o magnetismo é energia estática; o pensamento é força eletromagnética.” [3]

A imprensa tem noticiado que médicos e instituições hospitalares do mundo contemporâneo já incluem nas suas rotinas, de maneira sistemática e definitiva, a prática de estimular os pacientes quanto a fortalecer a esperança, o otimismo, o bom humor e a espiritualidade (religiosidade), os pensamentos como recursos imprescindíveis no combate às doenças. Esses procedimentos funcionam como remédios para a alma, obviamente, com repercussões benéficas para o corpo físico. Isso tem sido observado, sobretudo, em centros de tratamento de doenças graves, como câncer e patologias que exigem do enfermo uma força sobre-humana.

Em 2012, o The Huffington Post informou que Andrew Newberg, diretor de pesquisa no Hospital de Thomas Jefferson e Medical College, na Pensilvânia, realizou um estudo em que scanners de cérebro de ressonância magnética confirmou as formas em que a oração e meditação afetam o cérebro humano. Sua pesquisa mostrou que quando uma pessoa é dedicada à oração, há um aumento da atividade nos lobos frontais e a área da linguagem do cérebro, conhecida para se tornar ativo durante a conversa. [4] Segundo Newberg a cura física pode ocorrer como resultado do poder da oração. 

O estudo foi realizado participantes contendo corante radioativo inofensivo injetado enquanto eles estavam em profunda oração ou meditação. Corante emigrou para diferentes partes do cérebro em que o fluxo de sangue era o mais forte. Newberg chegou à conclusão de que, independentemente da religião, a oração cria uma experiência neurológica entre pessoas. [5] Eis aqui uma questão interessante para o tema ou seja a prece coletiva.

Será que a oração coletiva é mais poderosa? Sim! Se todos os que a fazem se associam de coração num mesmo pensamento e têm a mesma finalidade, porque então é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. “Mas que importaria estarem reunidos em grande número, se cada qual agisse isoladamente e por sua própria conta? Cem pessoas reunidas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma aspiração comum, orarão como verdadeiros irmãos em Deus, e sua prece terá mais força do que a daquelas cem.” [6]

O pensamento é dínamo condutor da vida física para a vida espiritual, pois nos permite estabelecer um relacionamento positivo com os espíritos que participam das atividades curadoras. Por outro lado, o pensamento também estabelece ligação a espíritos cuja presença pode ser prejudicial à nossa cura. Toda moeda tem dois lados e as leis da natureza são estradas de mão dupla. A mente é fonte de energia curativa ou de energia destruidora.

A prece sincera é, sem dúvida, um dos meios pelos quais a cura de um mal pode ser alcançada. Destarte, cremos que o assunto sobre a oração deveria ser tema de constante reflexão nos centros espíritas. Através dos estudos sérios são afastadas as considerações fantasiosas, puramente místicas, que impedem alcançar a sua essência e importância.

É comum surgirem aqueles que contestam a eficácia da prece, alegando que, pelo fato de Deus conhecer as necessidades humanas, torna-se dispensável o ato de orar, pois sendo o Universo regido por leis sábias e eternas, as súplicas jamais poderão alterar os desígnios do Criador. Sim, mas é através de um processo de modificação comportamental que o doente ganha forças para neutralizar a doença. 

O Espiritismo busca convencer o enfermo a reorientar seu comportamento mental pela fé raciocinada, sugerindo a oração que se potencializa na ética das atitudes de caridade, da qual deve resultar um modo particular de motivação para uma vida saudável e engrandecida muito acima dos dissabores e seduções do mundo material. 

Oremos, pois e sempre!


Referências bibliográficas:

[1] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1990, cap 27

[2] Mc, XI: 24)

[3] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1994, questão 662

[4] Disponível, em http://healthylivingathome.club/2016/06/30/ciencia-revela-que-a-oracao-tem-efeitos-curativos-contra-doencas/

Acessado em 25/08/2016

[5] Disponível, em http://healthylivingathome.club/2016/06/30/ciencia-revela-que-a-oracao-tem-efeitos-curativos-contra-doencas/

[6] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1990, cap 27



Disciplina



 “Não nos repugne o verbo obedecer. Tudo o que constitui progresso e aperfeiçoamento guarda a ordem por base.
Não olvides que a disciplina principia no Céu. As mais sublimes constelações atendem às leis de equilíbrio e movimento.
O Sol que nos sustenta a vida no mundo repete operações de ritmo, há numerosos milênios. A Lua que clareava o caminho das mais remotas civilizações da Índia e do Egito efetua, ainda hoje, as mesmas tarefas, diante da Humanidade.
No campo da Natureza, a disciplina é alicerce de toda bênção. Obedece ao solo. Obedece a árvore. Obedece a fonte.
Qualquer construção obedece ao plano do arquiteto que a idealiza. E, no aconchego do lar, obedecem o piso anônimo, o vaso amigo e o pão que enriquece a mesa.
Na experiência física, a saúde é obra da disciplina celular.
Quando as unidades microscópicas da colmeia orgânica se desarvoram, rebeladas, encontramos os tormentos da enfermidade ou as sombras da morte.
Chamados a servir aos nossos semelhantes no Espiritismo Cristão, em favor de nós mesmos, saibamos cultivar a liberdade de obedecer para o bem, aprendendo e ajudando sempre.
Jamais nos esqueçamos de que Jesus se fez o Mestre Divino e o Soberano das Almas, não somente porque tenha vindo ao mundo, consagrado pelos cânticos das Legiões Celestes, mas também por haver transformado a própria vida, em Seu Apostolado de Amor, num cântico de humildade, obedecendo constantemente a Vontade de Deus.”

Espírito Scheila – Chico Xavier

Deus é único

Deus é único
Imaginem, que esta realidade que vivemos não é real. Imaginem que existe uma outra realidade paralela, a nossa, numa outra dimensão.
E se nós somos mais do que, aquilo que parecemos ser?
O ser humano é um espirito tem uma alma e habita num corpo, somos um ser trino.
O corpo é a matéria, o espirito é a nossa verdadeira essência, e a alma são os nossos sentimentos as nossas emoções.

O corpo e a alma precisam ser disciplinados, orientados, ensinados para estarem alinhados com o espirito.
 Quando nós como seres humanos conseguirmos esses feitos, de alinhar o corpo e alma ao espirito, vamos ser seres humanos especiais; vamos ter nítida consciência que estamos neste mundo mas não somos desde mundo, e seremos mais espirituais do que carnais, estaremos mais susceptíveis, ás experiências com o divino e diremos com convicção ao monte, "ergue-te e lança-te no mar" e se não duvidarmos acontecera exatamente como cremos, colocaremos as mãos aos enfermos e eles ficarão curados, expulsaremos demônios, em nome de Jesus e elas ficarão libertos, e ainda faremos coisas maiores como o próprio Jesus disse. Temos que deixar que o Espirito Santo de Deus seja o nosso ajudador, o nosso mestre. Temos que nos conectar com Ele, e deixar os sentimentos e as emoções de parte, pois não podemos atentar pelas coisas que vemos, mas sim, atentar para aquilo que não vemos, o que vemos é passageiro mas o que não vemos é que é eterno. Nós fomos capacitados por Deus para sermos mais que vencedores, porque o próprio Jesus Cristo venceu o mundo por nós e nos deixou um legado para reinarmos aqui na terra como reis e sacerdotes. isso quer dizer que posso e devo adotar uma postura de uma mulher bem sucedida, e com ares de realeza.
Se eu sou mais do que pareço ser e tenho o supremo poder que ressuscitou Jesus cristo dos mortos, dentro de mim; Eu concluo que não sou qualquer uma, e que de fato sou um ser espiritual a viver uma experiência humana.
devo ser um ser que transmite coisas boas a quem convive comigo, e devo iluminar com a minha alegria, com o meu sorriso, bondade e amor os que privam comigo, devo transmitir, palavras de paz e esperança, e faze-las acreditar que existe uma solução para o problema ou adversidade que estão a passar, o próprio Jesus disse "no mundo tereis aflições mais não temas" Exorto a viverem estas experiências com Deus , a terem intimidade com o Espirito santo, porque acreditem o que é impossível para os homens, para Deus nada é impossível.
Recebam Jesus como vosso único Senhor e salvador e a vossa vida nunca mais será a mesma.

Obs. A você que nos enviou no anonimato tão belo e sensível pensamento, de acordo com sua denominação religiosa, agradecemos e publicamos em nosso blog, o qual intitulamos: Deus é único. .
Rogo com humildade acrescentar:
“Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana” - Teilhard de Chardin.

Paz e Alegria!
Dan




Pequenas Notas

Dizia o novato que acompanhava Jesus: - Senhor, não consigo mais caminhar, meus pés doem.
E sentou-se a beira do caminho. Vê o Senhor se afastar, até desaparecer na curva da estrada.
O novato descansou os pés, e seguiu por estrada mais curta.
Hoje, o novato caminha em todas as estradas em busca do Senhor. Nessa busca incansável faz o percurso de joelhos...
                                             %
Desejas acender a luz do evangelho no lar do teu próximo, verifique, se o evangelho de luz, já acendeu no lar do teu coração.
                                            %
A luz do amor estará te iluminando enquanto não o apagares com a sombra do ódio.
                                            %
Desejas semear nos campos do Senhor? Examine as sementes que carregas...

Espírito Fabiano
Dan- 26/09/2014 (reunião de sexta-feira)

Esquizofrenia




Embora seja discutida como se fosse uma doença única, a esquizofrenia pode ser considerada como uma síndrome heterogênea, ou ainda como um grupo de transtornos com causas heterogêneas. A sua, pode ser considerada a história da própria psiquiatria, uma vez que a quantidade de estudiosos desta enfermidade é vasta. Neste contexto, pois, o psiquiatra francês Bénédict Morel (1809-1873) foi quem primeiro se utilizou do termo démence précoce, o qual seria latinizado, mais tarde, por Emil Kraepelin (1856-1926) como dementia precox. Caberia, porém, ao suíço Eugen Bleuler (1857-1939), em 1911, a criação do termo “esquizofrenia”, que indica a presença de um cisma entre pensamento, emoção e comportamento (esquizo = cisão, frenia = mente).
   Muito embora, pense-se ser ela um achado raro, atualmente se sabe que a sua prevalência é algo em torno de 1% em todo mundo, entretanto, apenas uma pequena parcela desta população recebe o tratamento adequado.
   Como há de se convir, não existem características patognomônicas da doença, ou seja, os sinais e os sintomas não são exclusivos da esquizofrenia, podendo-se, assim, encontrá-los em outros distúrbios psiquiátricos e/ou neurológicos. Dessa maneira, a sintomatologia esquizofrênica se apresenta demasiado abrangente. É interessante notar, no entanto, a presença importante das alucinações – alteração da percepção em que o indivíduo percebe algo na ausência do objeto e, por conseguinte, da sensação (delírios): há sensação e objeto, mas a percepção da realidade é alterada, fantasiada.
   Neste ínterim, pela complexidade do distúrbio, foram diferenciados vários tipos de esquizofrenias, sendo estes os principais subgrupos: paranóide – caracterizada, fundamentalmente, pela presença de delírios de perseguição ou de grandeza; desorganizada ou hebefrênica – caracterizada, principalmente, por uma regressão acentuada a um comportamento primitivo; catatônica – caracterizada por uma acentuada perturbação psicomotora; indiferenciada – na qual pacientes dificilmente se encaixam em um dos outros tipos; residual – em que os delírios e/ou alucinações são pobres.
   Mas, apesar destas diversidades de termos, a sua causa, para a Medicina oficial, é, ainda, desconhecida. Nada obstante, no aspecto bioquímico, observou-se que a atividade dopaminérgica está muito elevada nos indivíduos esquizofrênicos. E, na atualidade, outros neurotransmissores vêm sendo colocados na implicação da fisiopatologia desta doença, tais como a serotonina, a noradrenalina e o GABA. Neuropatologicamente falando, o sistema límbico, que exerce importante papel no controle das emoções, em pacientes portadores de tal síndrome, apresenta, conforme se observou, diminuição no tamanho da região que abrange a amígdala, o hipocampo e o giro para-hipocampal. Apesar de este sistema ser, de acordo com os estudiosos, a base fisiopatológica da doença, outras áreas cerebrais parecem estar envolvidas, como os núcleos basais, já que estão relacionados com o controle dos movimentos, os lobos frontais do telencéfalo, o tálamo e o tronco cerebral. Geneticamente, observa-se que há uma ligação na presença de distúrbios em membros de uma mesma família, sendo esta tanto mais forte quanto maior for o grau de parentesco. Modernamente, ainda, os exames sofisticados de imagens cerebrais, tais como a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons, e os eletroencefalográficos vêm dando maiores subsídios para o estudo.
   Um modelo para integração destes fatores etiológicos é o estresse-diátese, em que há no portador uma vulnerabilidade específica, ou diátese, a qual deve ser influenciada por um estresse para o surgimento da sintomatologia. De modo geral, tanto a primeira, quanto o segundo, podem ser biológicos e/ou ambientais. Outrossim, mecanismos ditos epigenéticos, como traumas e drogas, podem contribuir.
   Percebe-se, pois, que a esquizofrenia é uma síndrome com grande componente fisiológico. A par disso, porém, fatores psicossociais merecem grande destaque. Neste sentido, diversas teorias que envolvem o paciente, a família e os aspectos sociais foram elaboradas. Como exemplo, tem-se as dadas pela psicanálise, não só as formuladas por Freud, mas também as de Sullivan e as descritas por Margaret Mahler.
   Há de se considerar, no entanto, sempre, a complexidade desta enfermidade. Sendo assim, imperioso é lembrar das palavras de Bleuler, quando concluiu ser a esquizofrenia “uma afecção fisiógena, mas com ampla superestrutura psicógena”. Dessa forma, apesar das grandes descobertas, do ponto de vista fisiológico, já realizadas até aqui no campo dos mecanismos etiopatogênicos, é preciso convir que o arsenal ainda não se esgotou. Isso porque, afora as contribuições psicossociais, há que se levar em consideração o Espírito imortal, agente causal fundamental.
   Não são de espantar, portanto, as palavras do sábio grego Sócrates, quando dissera: “Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem”.
   Neste ínterim, a Doutrina Espírita identificando o indivíduo real como sendo o Espírito, ser pensante do Universo; estudando profundamente as relações deste com o corpo material, através do seu envoltório, ou perispírito, no dizer de Allan Kardec; comprovando a imortalidade da alma, através das comunicações mediúnicas, e a capacidade que os desencarnados têm de influenciar os ditos vivos; mostrando a reencarnação e explicando os mecanismos evolutivos da lei de ação e reação; mostrando a loucura por outro prisma; e destrinchando os mecanismos das obsessões, vem, por isso mesmo, abrir novos rumos ao entendimento desta importante doença.
   Desse modo, como já dissera o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, “nessa estrutura psicógena”, falada pelo eminente psiquiatra suíço supracitado, situam-se, igualmente, “os fatores cármicos, de procedência anterior ao berço que pesam na consciência culpada…”. Isso porque, também, o paciente esquizofrênico é um Espírito imortal em processo de evolução.
  Neste contexto, pois, observa-se que a esquizofrenia guarda a sua origem profunda no Espírito que delinque. Este fica atormentado pela consciência de culpa, devido aos erros de vidas transladas, os quais, provavelmente, passaram despercebidos pela justiça terrena, mas não foram capazes de ludibriar as leis do Criador, porque inscritas dentro do ser. Consequentemente, tal sentimento impregna o perispírito e, mais cedo ou mais tarde, em uma nova vida, vai trazer à tona no corpo físico, desde antes da concepção, os fatores necessários para a predisposição à síndrome e necessária reparação dos crimes cometidos.
   Não se trata, portanto, de uma cisão do pensamento, conforme lhe indica o nome, mas de uma dificuldade em exteriorizá-lo, em face do processo complexo supra-explicado que constitui para o esquizofrênico um impositivo expiatório, uma vez que em outras tentativas provacionais, em outras existências, ele foi malsucedido.
  Dessa maneira, com as contribuições da ciência espírita, pode-se entender a esquizofrenia como sendo uma síndrome que tem no seu fundamento um transtorno espiritual. Este gera no corpo os meios fisiológicos necessários à sua exteriorização, sendo influenciado por diversos fatores psicossociais. Além disso, é preciso levar em conta a influência negativa, através da obsessão, gerada pela(s) antiga(s) vítima(s) do atual doente, o que contribui para o agravamento do quadro e surgimento de outras disfunções características do transtorno. Por isso mesmo, é preciso vê-la como sendo um processo misto de natureza espiritual, fisiológica, obsessiva, e com fortes influências psicossociais.
   Mister se faz anotar, ainda, que todas essas etiologias atualmente explicadas pela Ciência são, na verdade, “causas–consequências” e não as origens reais, uma vez que estas se encontram no ser causal e não na sua cópia material. Afora isso, a complexidade sintomatológica e causal está, certa e diretamente, ligada às intricadas e complexas tramas do Espírito e do destino. Outrossim, aquilo que muitos têm na cota de alucinações e de delírios são, em reiteradas oportunidades, contatos mediúnicos; não se ignorando, entretanto, que podem ser, também, reflexos da consciência turbilhonada que traz, de quando em vez, sensações do passado; ou, ainda, originadas pela desorganização do soma.
   Portanto, por se tratar de uma síndrome com grandes componentes fisiológicos, o tratamento farmacológico com os antipsicóticos, proposto pela Psiquiatria, se faz urgente, tanto para reprimir os sintomas, quanto para tratar aquilo que preferimos chamar de “causas–consequências”. No entanto, visando ir além, não se deve furtar aos benefícios das diversas abordagens psicoterápicas vigentes.
   Observando-se, porém, as contribuições do Espiritismo o qual vislumbra o ser integral, imprescindível se faz, com o objetivo de remontar às causas fundamentais da esquizofrenia, não ignorar a terapêutica espiritual em que figuram a desobsessão, a fluidoterapia pela imposição das mãos e pela água, a oração e, primordialmente, a psicoterapia oferecida pela Doutrina Espírita, que se baseia nos ensinos de Jesus sobre o amor e a caridade, e que, um dia não muito longínquo, estará impregnando os conceitos das academias.
   Nada obstante, não se deve esperar resultados exageradamente rápidos em se tratando de tão grave enfermidade, que tem raízes fincadas em vidas passadas, vez que outra, multimilenares. Além do mais, seres imortais que todos são, os homens não devem vislumbrar apenas o momento fugidio, mas, sobretudo, o relógio do futuro.
  Sendo assim, como ser imortal que vive no presente cuidando do porvir, o indivíduo, Espírito que é, deve procurar o trabalho da profilaxia. Neste contexto, como se pode deduzir, o Evangelho de Jesus é ainda, e sempre será, a melhor alternativa. A sua mensagem de vida abundante deve hoje, e deverá amanhã, penetrar a vida de todos em busca da saúde integral. O amor, terapêutico e profilático, é, e sempre será, o divino remédio. Neste sentido, pois, mister se faz lembrar destas palavras do Mestre, as quais são, ao mesmo tempo, claras e simbólicas: “Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metidos em prisão”. E esta prisão, muitas vezes, vem em forma de uma estrutura nervosa desajustada, qual a que ocorre em um paciente esquizofrênico.


Bibliografia:        

 clínica. Trad. Dayse Batista. 7. ed. 6ª reimpressão. Porto Alegre: Artmed, 1997. Cap. 13, p. 439-466.
DENNIS, L. Kasper [et al.]. Harrison medicina interna. 16. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda., 2006. Cap. 371, p. 2684-2865.
FRANCO, Divaldo P. Entre os dois mundos. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Bahia: LEAL, 2005. Cap. 13, p. 142-145.______.
KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.;GREBB, Jack A. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria Loucura e obsessão. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 1o. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 4, p. 49-52.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 90. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.______. O evangelho segundo o espiritismo. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. “Introdução”, item IV, p. 46. Mateus, 5:23-26.



Fonte: Revista Reformador








A morte e/ou desencarnação doem?

O fenômeno da morte e/ou desencarnação constitui uma fatalidade da qual nenhum ser humano consegue escapar. A morte sobrevindo a cada instante nas células, que igualmente se revigoram, chega o momento em que a desoxigenação encefálica se incumbe de interromper as funções do tronco cerebral, obstruindo a ocorrência biológica da vida carnal.
No processo da morte pesquisadores afirmam que genes permanecem vivos nos defuntos. Asseguram que alguns genes humanos estão ativos por pelo menos 12 horas após a morte biológica. A descoberta deixa para a academia a definição de “morte física” mais emblemática. Cada vez fica mais claro que desencarnar e ou “morrer” é um longo processo, que começa bem antes da data da certidão de óbito e termina muito depois dela.
A certeza da vida além-túmulo não elimina as inquietações humanas quanto à morte e/ou desencarnação. Há muitos que temem não precisamente a vida futura, mas o momento da extinção do corpo. Será ele traumático? Em verdade a morte e/ou desencarnação não são iguais para todos, visto que ilimitados são os comportamentos adotados pelos encarnados.
Apesar de utilizarmos como sinônimos os termos morte e desencarnação, a rigor estes são fenômenos distintos. De fato, é rara a coincidência temporal das durações de ambos os processos. É muito mais frequente o processo de morte propriamente dita ser concluído muito antes da desencarnação.
A desencarnação para alguns poucos pode ser rápida, proporcionando uma certa liberdade, até mesmo antes da extinção corporal. Comumente, a separação da alma é feita gradativamente , pois o Espírito se desprende vagarosamente dos laços que o prendem, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.
Porém, observando-se a tranquilidade de alguns moribundos e as comoções assombrosas de outros, pode-se de antemão ajuizar que as impressões experimentadas durante a morte e/ou desencarnação nem sempre são iguais.
Para as pessoas espiritualizadas a desencarnação se completa antes da morte, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já penetra na vida espiritual, ficando apenas ligado à matéria por elo tão tênue que se desata suavemente com o derradeiro pulsar do coração. Porém, para os algemados aos apelos carnais os laços materiais são vigorosos e quando a morte se aproxima o desprendimento demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes e outras vezes se agarra ao cadáver, do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.
No livro “Voltei”, Irmão Jacob (Espírito) descreve na condição de testemunha sobre tais situações, explicando que quando foi “cortado” o chamado “cordão prateado” entre o corpo e seu perispírito durante o seu velório, o impacto que ele (Jacob) sentiu foi tão intenso que achou que “estava morrendo por segunda vez”. E logo após esse processo de rompimento do “cordão prateado”, a deterioração do cadáver se acentuou significativamente, conta o autor.
Os religiosos ingênuos que creem poder comprar o ingresso no “reino celestial” à custa de dinheiro (dízimos), serão surpreendidos e ficarão decepcionados com realidade do além-túmulo que os aguarda. Da mesma forma os suicidas, considerando inclusive as atenuantes e agravantes do suicídio, depararão com imensa frustração por não lograrem matar a própria vida e sofrerão enormemente os efeitos inevitáveis da suprema rebeldia às leis do Criador. Nas mortes violentas, tais como nos acidentes, o desprendimento inicia após a morte biológica, e sua consumação não ocorre instantaneamente. O Espírito fica preso ao corpo aturdido, não compreende seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos longo, conforme seu nível de consciência espiritual.
Na maioria das vezes, tendemos a ignorar o fato de nossa mortalidade, e é somente quando um amigo próximo ou parente querido está morrendo que, intuitivamente, reconhecemos nosso próprio e inevitável roteiro em direção à morte. Há milhares de anos esse assunto tem sido uma questão central para o debate teológico e filosófico, mais do que para a exploração científica e objetiva; entretanto, como observamos acima, a ciência começou a ampliar a compreensão sobre o que acontece quando morremos, tanto no aspecto genético do cadáver quão do aspecto psicológico da alma enquanto mente humana.

Jorge Hessen-Brasília-DF


Elogio e autoelogio

De uns tempos para cá, exacerbou-se de forma preocupante o hábito dos espíritas em elogiar e exaltar personalidades em público. É um tanto incompreensível que uma Doutrina fundamentada na humildade de espírito, possa ter caído nesse lugar comum, próprio das seitas dominadas pela irracionalidade.

Vamos narrar alguns fatos sem, no entanto, citar nomes para não ferir susceptibilidades. A situação é grave e está contribuindo sobremaneira para ridicularizar o Espiritismo.

Dias atrás, num programa de televisão, certa personalidade espírita estava concedendo uma entrevista. O entrevistador, cuja conduta na imprensa é a de fazer muitos elogios, aproveitou a oportunidade para ouvir do seu entrevistado algo que apoiasse a própria postura no vídeo. A pergunta mostrava claramente sua intenção:

- E quanto ao elogio, não se deve elogiar, estimular, incentivar alguém que realiza grandes obras, grandes eventos?

A pergunta, além de colocar o elogio e o estímulo no mesmo patamar, era também induzida. Isso é, trazia em si a resposta que ele, o entrevistador, gostaria de ouvir.

O entrevistado não separou as coisas e acabou envolvido pelo clima que dominava a situação. A resposta que deu foi no mínimo estranha. Primeiro, disse que o elogio tinha mesmo um comprometimento. Não citou qual. Depois, trocando o termo "elogiar" por "estimular", fez um verdadeiro discurso argumentando a favor do elogio.

Começou dizendo que todos precisam de estímulos e indaga o por quê de só se apedrejar e nunca se estimular. Infelizmente, neste caso, trocou alhos por bugalhos, pois estímulo é uma coisa e elogio outra bem diferente. Se alguém vem a público dizer que uma pessoa é "maravilhosa", "fantástica", "brilhante", "inesquecível", "insubstituível" e outras coisas mais, certamente está elogiando e não estimulando, no sentido que o entrevistado quis dar à palavra. Neste caso há sim um estímulo, mas ao ego da criatura.

A seguir, o entrevistado citou um pensamento de uma jovem rosa cruz, que disse ser pessimista: “Quando alguém cai, a humanidade cai com ela”. Afirmou que pensa ao contrário. Segundo ele, quando alguém se levanta, a humanidade se levanta com ele.

À primeira vista esse pensamento pode parecer correto, mas se o analisarmos cuidadosamente, vamos verificar que traz em si um equívoco: o de se preocupar só com as coisas boas e deixar de lado as ruins. Ora, mas é das coisas ruins que devemos nos ocupar no Espiritismo, pois são as que destroem as boas coisas. A bandeira do verdadeiro espírita é a do autoconhecimento, conforme nos coloca Allan Kardec:

"Examinai os vossos defeitos, e não as vossas qualidades, e se vos comparardes aos outros, procurai o que existe de mau em vós" - (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 27:4).

 A jovem rosa cruz estava certa, pois centrou sua preocupação nos problemas do ser que luta e cai. Quando faz isso, alerta para que todos façamos um esforço para não deixar os nossos irmãos caírem. É o amor ao próximo, conforme nos exorta o Evangelho.

A seguir, o entrevistado fala uma coisa no mínimo estranha: "A inveja não deixa sermos parceiros da pessoa jubilosa, mas o prazer nos leva a ter compaixão porque exalta o ego. Nós nos tornamos benfeitores".

Declaração de puro sofisma. Esmiuçando, diz que aquele que não é parceiro da pessoa "jubilosa" é um invejoso. Depois, que o prazer, (de ser jubiloso?) leva-nos a ter compaixão, porque exalta o ego e nos torna benfeitores. Benfeitores por estimular o ego?

Ora, mas o Espiritismo não tem como fundamento combater a exaltação do ego? Não é o ego exaltado o responsável por todas as desgraças humanas? Não é através dele que se fortalece o orgulho, a vaidade e o egoísmo? Pelo menos é isso que está nos livros espíritas.

Em outra ocasião, esse mesmo entrevistado já afirmou que seu guia espiritual tem o seguinte pensamento: "quando nos conhecemos, os elogios não nos exaltam". Sem comentários!

No final da questão, o entrevistado saiu-se com outra ideia não menos estranha, dizendo que não haveria qualquer problema em se bater palmas para alguém. Disse mais: que só aplaudia aqueles que ele gostasse do trabalho. Se a pessoa se envaidecesse, seria uma fraqueza dela. Ensina que o problema do elogio está no elogiado ser vaidoso ou não. Ora, mas é a vaidade ou o elogio que é o problema central?

Vejamos. Se o elogio não tiver qualquer problema no tocante à alteração da personalidade humana, os traficantes de droga também estarão isentos de seus crimes. Eles podem argumentar que oferecem os tóxicos nada mais. Se alguém vira viciado, o problema é dele. Então quem é mais nocivo: o tóxico ou a tendência ao vício que algumas pessoas possuem? O tóxico, claro, pois ele é o elemento de estímulo do vício.

No caso das drogas, temos de fazer um trabalho de esclarecimento para conscientizar as pessoas da infelicidade que é transformar-se num alienado mental pelo seu uso.  Mas é preciso também combater o tráfico e a droga em si.

No caso da vaidade, estamos frente a uma situação de maior gravidade, pois quase todos possuímos tendências ao orgulho e egoísmo. Além de alertarmos para os danos da vaidade e do orgulho na felicidade do Espírito, precisamos lutar contra tudo que pode estimulá-los. Daí o elogio ser tão nocivo.

Há aquele que matreiramente apregoa que gosta de palco – Esperando que o público o veja como humilde confessamente. Quanto desequilíbrio! é a vaidade obsessora.

Quanto ao bater palmas para esse ou aquele expositor que visita a casa espírita, isso já se tornou um hábito desagradável e pelo que se vê, defendido pelos que deveriam trazer o esclarecimento. Vimos centros onde se batiam palmas até para quem fazia a prece de abertura. No meio da palestra, se o expositor discorre sobre assunto edificante e é mais enfático em sua explanação, haja aplausos...

Infelizmente, entre nós espíritas, cumprir a tarefa de expositor passou a ser motivo de "júbilo" e não de prestação de serviço. A exposição doutrinária transformou-se em pedestal de auto realização. Certas imitações de oradores conhecidos, que se faz em todo o país, é uma vergonha.

Para acertarmos no caso do aplauso, basta usarmos o bom senso. Se estamos fazendo um evento doutrinário não convencional, não há motivos para se deixar de aplaudir o convidado, mesmo que não gostemos de sua apresentação. Fazê-lo, faz parte da educação.  No entanto, se alguém vier falar numa reunião pública convencional, não há qualquer motivo para aplaudi-lo. O orador estará explicando a Doutrina Espírita ao povo, como se faz em outros dias de reuniões. Por que, pois, aplaudi-lo? Não é necessário. É preciso que tenhamos cuidado para que os trabalhos públicos não se transformem em fábrica de vaidades.

Recentemente, num evento promovido no Nordeste, um renomado expositor fez a palestra de encerramento. Ao finalizá-la, saiu do palco de apresentação entre pétalas de rosas, cânticos e lágrimas! Outro, em comemoração aos seus muitos anos de serviço na causa, adentrou um estádio lotado de pessoas que acenavam com fitas brancas.  Será que isso é normal? Existe alguma outra religião ou filosofia racional que age assim? Não estaria havendo exageros da parte de quem organiza? Os homenageados não estariam sendo coniventes com tais coisas? São situações claras de estímulo à idolatria de vivos, lamentavelmente.

Já fizemos críticas nesta coluna aos títulos de cidadania que são distribuídos a oradores, pois é uma cerimônia politiqueira que nada acrescenta ao Movimento, a não ser fortalecer a idolatria em torno dos envolvidos. Mas tudo continua como se não fosse com eles. Os expositores de renomes são cercados por admiradores fanáticos que, para agradar seus ídolos, promovem tais descalabros. Frequentemente, eles criam o próprio espaço à sombra do idolatrado. São procurados para intermediarem favores e visitas apostolares. Uma boa oportunidade para criarem também o próprio mito.

No interior de São Paulo, ficou conhecidíssimo o caso do dirigente que distribuiu cartas na região, sugerindo aos centros espíritas que levassem placas de prata ao homenageado da noite, pois com isso eles entrariam para os "anais da história". Isso não faz o menor sentido. Não estaremos nos dando muita importância e sentando nos primeiros lugares da festa, como nos alerta o Evangelho?

O maior exemplo de postura cristã ainda está encarnado. Trata-se de Francisco Cândido Xavier. Ele é quem fez o Movimento no Brasil. Embora muitos o idolatrem, ele nunca se deixou envolver nessas estapafúrdias homenagens. Hoje, goza dos frutos do seu trabalho. Sempre se colocou como um "burro manco", a serviço do Senhor. Por que não imitarmos a sua humildade e simplicidade de espírito? Precisamos pensar nisso seriamente.

Certa feita, uma mulher tendo ficado tocada pelas pregações de Jesus, gritou em meio à multidão: "Bem-aventurados os peitos em que mamastes". E o Senhor lhe respondeu: "Mais bem-aventurados são os que fazem a vontade de meu Pai".

O Mestre, nosso modelo por excelência, não admitia sequer que alguém lhe chamasse de "bom". Bom é Deus, dizia. Por que motivo estamos nos deixando levar por esse espírito de vaidade? Não se estaria repetindo a atitude garbosa dos antigos fariseus? Essas pompas e grandiloquências, observadas à volta de alguns expoentes, não seria a repetição dos faustos da Igreja Católica?

Todos somos criaturas imperfeitas. Se algum Bem conseguimos fazer, certamente ele deve ser creditado a Deus que a tudo realiza.  Paulo de Tarso, em umas de suas advertências, disse que nem o que planta nem o que rega é coisa alguma, mas Deus, que dá o crescimento. Procuremos imitar esses mestres em sua conduta.

A humanidade decadente oferece condições para que a iniquidade se multiplique. O momento que vivemos é de muita gravidade e os dirigentes espíritas sérios precisam tomar nas mãos as rédeas de suas casas, para dirigi-las com retidão e coragem.

O Evangelho espírita é o guia moral de todos nós. Nas grandes questões da vida, é a ele que precisamos recorrer. Evitemos deixar nos envolver nas armadilhas do momento, que estão sendo colocadas para atrair incautos, venha de quem vier.


(A Voz do Espírito- Josué de Freitas)