Desde que me
conheço por espírita nesse mundo, sempre estudei que na erraticidade existem
espíritos de animais em contato com os espíritos errantes, formando o mesmo
vínculo existente aqui, no plano físico. Ocorre que, nos estudos realizados em
um grupo mediúnico na casa espírita que frequento, me deparei com uma
informação surpreendente publicada em O Livro dos Médiuns, no capítulo que
trata a respeito das evocações. Neste capítulo, Allan Kardec faz uma pergunta
aos Espíritos a respeito da evocação de animais, e a resposta dada pelo
Espírito chama-nos à atenção sobre a existência de animais na erraticidade.
O LIVRO DOS MÉDIUNS, CAP. XXV, ITEM 283, PERG. 36
36. Podemos
evocar o espírito de um animal?
R – Depois
da morte do animal, o princípio inteligente que havia nele, fica em estado
latente; este princípio é imediatamente utilizado por certos espíritos
encarregados deste cuidado para animar de novo seres nos quais continua a obra
de sua elaboração. Assim, no mundo dos Espíritos, não há espíritos de animais
errantes, mas somente Espíritos humanos. Isto responde à sua pergunta.
36ª. Como é
então que algumas pessoas, tendo evocado animais, obtiveram resposta?
R – Evoquem
um rochedo e ele lhes responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a
tomar a palavra para tudo.
Como é
possível observar, a resposta do Espírito é muito clara e afirmativa quando diz
não haver espíritos de animais na erraticidade. Isso realmente muda tudo. Lemos
em muitos livros espíritas, mesmo de autores consagrados, sobre a existência de
animais na espiritualidade. André Luiz já publicou em suas obras sobre a
presença de animais nas colônias espirituais, como pássaros, peixes, cães e
outros animais…
Não quero
dizer com isso que André Luiz e mesmo Chico Xavier estão errados, mas a
intenção deste estudo é compreender como devemos interpretar essa lição.
Afirmo,
porém, que no momento fico com Kardec, até que alguém consiga trazer uma
informação que confirme, por A mais B, baseado somente nas obras de Allan
Kardec e ninguém mais, que existem animais na espiritualidade; uma informação
que seja tão clara quanto essa que o espírito trouxe à Kardec sobre a não
existência desses seres na erraticidade.
Para
complementar a informação, vamos recorrer ao Livro dos Espíritos, nas questões
de n° “597 a 600:”.
OS ANIMAIS E O HOMEM:
597. Pois se
os animais têm uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, há neles
um princípio independente da matéria?
R – Sim, e
que sobrevive ao corpo.
Aqui, como é
claro notar, o espírito afirma a Kardec que o Espírito do Animal sobrevive ao
corpo. Prosseguindo:
597ª. Esse
princípio é uma alma semelhante ao homem?
R – É também
uma alma, se o quiserdes; isto depende do sentido que se toma essa palavra (ver
em o Livro dos Espíritos – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita – Alma,
Princípio Vital e Fluido Vital); mas é inferior à do homem. Há, entre a alma
dos homens e dos animais, tanta distância, quanto entre a alma dos homens e
Deus.
598. A alma
dos animais conserva após a morte, sua individualidade e a consciência de si
mesma?
R – Sua
individualidade, sim, mas não a consciência de si mesma. A vida inteligente
permanece em estado latente.
Novamente
vemos que os Espíritos afirmam que a vida inteligente do animal, após a morte,
fica em estado latente. É o que vimos acima, na afirmação de O Livro dos
Médiuns: Depois da morte do animal, o princípio inteligente que havia nele,
fica em estado latente. Ora, se o estado de vida é latente, não há atividade;
se não há atividade, não há espíritos errantes de animais perambulando no mundo
espiritual.
599. A alma
dos Animais pode escolher a espécie em que prefira encarnar?
R – Não; ela
não tem o livre-arbítrio.
600. A alma
do animal, sobrevivendo ao corpo, fica num estado errante, como a do homem,
após a morte?
R – Fica
numa espécie de erraticidade, pois não esta unida a um corpo, mas não é um
espírito errante. O espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre
vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade. É a consciência de si mesmo
que constitui o atributo principal do espírito. O Espírito do animal é
classificado, após a morte, pelos espíritos incumbidos disso, e utilizado quase
imediatamente: não dispõe de tempo para se pôr em relação com outras criaturas.
Na resposta
acima, as coisas ficam ainda mais claras. Inicialmente, o espírito diz a Kardec
que o animal fica numa espécie de erraticidade. Eu compreendo com isso que eles
naturalmente vão para algum lugar, e esse lugar seria essa espécie de
erraticidade. Mas, seja onde for que fiquem eles não estão em ação, ou seja,
não se movimentam, não se relacionam, pois como já vimos acima, o princípio
inteligente que havia nele, fica em estado latente. E na conclusão da resposta,
afirma mais uma vez com a veemência de sempre que Não dispõe de tempo para se
pôr em relação com outras criaturas. Como podemos notar, Allan Kardec obtém
sempre a mesma informação dos espíritos, afirmando não existir espíritos
errantes de animais. Eles, ao morrer, mantém a vida, como tudo na natureza, mas
essa vida, esse princípio inteligente ou não, dependendo da espécie, fica em
estado latente, e é utilizado imediatamente ou quase imediatamente pelos
espíritos incumbidos disso, para dar prosseguimento em seu progresso. Não
dispõe de tempo para se por em relação com outras criaturas!
E só para
complementar ainda mais, vou acrescentar um trecho da Revista Espírita de Junho
de 1860, onde Allan Kardec obtém uma dissertação sobre os animais, dada pelo
Espírito Charlet. Nessa dissertação, Charlet traz grandes informações sobre o
espírito dos animais e sobre sua vida dos animais entre os homens. Após a
dissertação, Allan Kardec faz uma análise de cada tópico, e na análise do
tópico III, n° 11, faz a seguinte pergunta ao espírito:
11. Falais
de recompensas para os animais que sofrem maus-tratos e dizeis que é de toda
justiça que haja compensação para eles. Parece, de acordo com isso, que admitis
no animal a consciência do eu após a morte, com a recordação do seu passado.
Isso é contrário ao que nos foi dito. Se as coisas se passassem como dizeis,
resultaria que no mundo espiritual haveria Espíritos de animais. Assim, não
haveria razão para não existirem o das ostras. Podeis dizer se vedes em torno
de vós Espíritos de cães, gatos, cavalos ou elefantes, como vedes espíritos
humanos?
R – A alma
dos animais – tendes perfeitamente razão – não se reconhece após a morte do
corpo; é um conjunto confuso de germes que podem passar para o corpo de tal ou
qual animal, conforme o desenvolvimento adquirido. Não é individualizada.
Direi, todavia, que em certos animais, entre muitos mesmo, há individualidade.
Mais uma
vez, meus amigos, novas e claras afirmações de que não há espíritos de animais
na erraticidade. De que esses seres, esses irmãos menores do desenvolvimento,
não se relacionam após sua morte do corpo físico, por entrarem em estado
latente.
Notem algumas afirmações de Kardec, neste trecho na
Revista Espírita:
“Se as
coisas se passassem como dizeis, resultaria que no mundo espiritual haveria
espíritos de animais” O termo “se as coisas se passassem”, prova uma afirmação
contrária, ou seja, afirma que não se passa dessa forma, mas se outra.
“Assim, não haveria razão para que não existirem o das ostras”.
Notem a
intensidade dessa frase! Ela nos faz pensar da seguinte forma: Se existisse
animais como cães, gatos, cavalos etc. no mundo espiritual, também deveria
haver pernilongos, ostras, mariscos, moscas, pois todos são formas de vida do
reino animal que mantém seu principio após a morte.
E também a afirmação do espírito, ao dizer:“A alma dos animais – tendes perfeitamente razão – não se reconhece após
a morte do corpo”
Todos esses
tópicos são extraídos das obras de Allan Kardec, e como já disse acima, no
momento fico exclusivamente com Kardec, a respeito desse estudo e admito a tese
da não existência de animais no mundo espiritual.
Porém, sobre
as obras que dizem haver espíritos de animais, eu darei a minha opinião, que
foi a melhor conclusão a que cheguei a esse respeito até o momento: essas
formas de animais que são relatados nos livros, seriam na verdade uma projeção
feita pelos espíritos incumbidos pela beleza do ambiente espiritual. Assim,
plasmariam animais para enriquecer a natureza ao redor, assim como plasmam as
flores e árvores (Pois que também não existem almas das árvores e flores na
espiritualidade).
Seriam
projeções com todos os detalhes da realidade.
Caso alguém
encontre, em Allan Kardec – não aceito nenhuma outra obra – algum ponto que
seja tão claro e afirmativo, provando por A mais B que existem animais no mundo
espiritual, solicito a gentileza de me enviar, para que possamos dar
continuidade nesse estudo tão interessante.
Afirmo que
não estou fechado a afirmações ou negações. Meu interesse único é aprender. E
com esse estudo, creio que podemos aprender juntos.
André Ariovaldo
Obs.: Amigo João
Calixto este texto responde todas suas dúvidas! Abraço fraternal, Dic
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