É muita imaturidade um dirigente de Centro
Espírita nutrir acirrada hierarquia administrativa, considerando que o
Espiritismo não admite hierarquia com ranços sacerdotais. É incabível tal
dirigente inflexível no exercício do cargo desconectado dos encargos assumidos.
Em face dessas incoerências aparecem nas instituições as censuráveis “ilhas de
isolamento” entre os grupos de trabalhadores. Tal situação se instala por
ausência de fraternidade e insuficiente estudo das obras da Codificação e isso
resulta nas inconvenientes interpretações doutrinárias.
Em verdade, se adotamos o Espiritismo por opção
religiosa não podemos negar lealdade aos Benfeitores Espirituais. Todavia, por
ausência dessa lealdade doutrinária são difundidas confusões conceituais,
sempre impostas e sustentadas por dirigentes inábeis, o que também tem mantido
isoladas diversas casas espíritas, transformando-as em ilhas desérticas da
efetiva fraternidade.
A prática de teorias e postulados extravagantes,
desarmonizados com a simplicidade e pureza dos labores espíritas, danificam o
objetivo da Casa Espírita e desorientam seus frequentadores. Quem identifica e
compreende essa situação deve trabalhar para modificá-la. A via mais segura,
para a transformação desse cenário, é a do esclarecimento, do estudo, do
convencimento pela razão e pelo amor, sem intransigências.
Elencaremos aqui neste texto, à guisa de
ilustração, algumas práticas não ajustadas com o Espiritismo que, por isso,
devem ser arguidas sem tréguas, lembrando aos contemporizadores que é nas
menores concessões que se desestrutura o edifício doutrinário e se danifica a
programação da Terceira Revelação. Em razão disso, tornam-se imprescindíveis
providências fraternas e seguras por parte dos espíritas ajuizados (os não
omissos), contra ideologias impostas por dirigentes autoritários, arrogantes e
intolerantes aos objetivos da fraternidade na casa espírita.
Dizem os Benfeitores (especialmente Emmanuel) que
são raros os centros espíritas que podem exercer a mediunidade como deve ser
exercida. Seria muito melhor e mais prudente, que os grupos espíritas imaturos,
autoritários e descompromissados com a lealdade kardeciana intensificassem as
reuniões de estudo sistemático, meditação e comentários coerentes para busca de
decisões acertadas, eximindo-se de arriscado intercâmbio com as forças do além.
A prática mediúnica sem uma reforçada base cultural e moral será,
inevitavelmente, um mergulho no despenhadeiro das sombras.
Um leitor informou-me que há “centros espíritas”
que recomendam aplicações de “luzes coloridas” (cromoterapias), (pasmem!!!)
visando “higienizar” auras e curar: “azias”, “cálculos renais”, “comichões”,
“dores de dente”, “gripes”, “soluços”, “verminoses”, “frieiras”. Outros
leitores disseram-me que existe casa espírita recomendando a terapia do carvão
(“carvão terapia”) para neutralizar “maus-olhados”. Segundo a recomendação,
para eficácia da tora de carvão a mesma deve ser colocada debaixo da cama e a
família ficará imune ao grande flagelo da sociedade – a monstruosidade do “olho
comprido”. Ah! Expuseram-me também que em tal instituição “espírita” também se
“engarrafam e arrolham” literalmente os obsessores.
Leitores do DF escreveram para mim e avisaram-me
que nas terras candangas há uma terapia desobsessiva “infalível” e
poderosíssima conhecida por “desobsessão por corrente magnética”, com as mais
“avançadas” e científicas técnicas exorcistas de aplicação dos tais “choques
anímicos”. Disseram-me que aplicam-se outros peculiares tratamentos
desobsessivos tal como as “piramideterapias”, as “gatoterapias” (?!) É verdade!
Eu mesmo conheci uma pessoa que mantinha cinco gatos dentro de casa, para que
tais felinos pudessem “atrair” as energias negativas da “inveja”. Revelaram-me
sobre as terapias dos cristais (cristalterapias), exalta-se a “avançadíssima”
técnica desobsessiva da extravagante apometria e mais um monte de terapias
surreais. Afiançaram-me que se aplicam passes magnéticos nas paredes dos
centros para “descontaminá-las” e ainda há evocações de “ET’s” para um possível
“contato imediato”(!?)
Outro leitor escreveu-me relatando que existem
dirigentes que promovem cerimônias de “casamentos”, “crismas”, “batizados”e
“velórios” tudo isso no salão de reuniões públicas, além dos sempre
“justificados” jogos de azar como as rifas e tômbolas. Promovem-se festivais da
caridade, usam-se tribunas para a propaganda político-partidária. Isso, para
não registrar aqui com maiores detalhes as bizarras técnicas das aplicações de
passes com “bocejos”, “toques”, “ofegações”, “choques anímicos” (será o
“descarrego”?), “estalação dos dedos”.
Para que sejam evitadas determinadas posturas de
dirigentes autoritários (“donos” dos centros espiritas), que promovem confusões
e tais terapias desobsessivas ineficazes em nome do Espiritismo é urgente que
sejam convidados a estudar as obras da Codificação.
É imperioso entender que a prática de lealdade
aos projetos e programações espiritas é processo de aprendizagem, com
responsabilidade nas bases da Codificação e da dignidade cristã, sem quaisquer
laivos de fanatismo, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno dessas
questões inacreditáveis. Vigilância e bom senso não fazem mal a ninguém.
Persistamos com Jesus e Kardec, sem receios de
nada e de ninguém!
Jorge Hessen
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