Não
era meu desejo, ainda não perdi totalmente minha esperteza do mundo, mas, convencido
pelo meu Orientador, que muito prezo, aconselhou-me a confidencia da minha
consciência para ser exemplo útil. Vou confessar, usando o meu modo de falar:
Minha
vidinha era boa, a coisa que me deixava pebado, era aquela fila de fedidos, o
nariz escorrendo catota e cheirando mal. Vinham para vender o que recolhiam nos
lixos das ruas, minha balança era batizada, falando a verdade eram os pesos e
os pratos pequenos, faria pesagem em varias vezes, e ai meu lucro era maior,
sempre pagava menos. Os sujos mal sabiam ler muito menos entender a balança de
pesos.
Minha
vidinha foi melhorando, dinheirinho entrando no meu bolso. Casei, comprei uma
casinha, vieram as crianças. Todas arrumadinhas, ninguém diria que eram os
filhos do sucateiro.
Cada
vez mais dinheirinho entrava, resolvi comprar uma empilhadeira usada, não
queria minhas mãos naquela imundice. Os fedidos aumentavam e meus lucros
também. Até um dia eu dirigia a empilhadeira subi com um fardo prensado, e o
braço da empilhadeira caiu em cima da minha cabeça e não vi mais nada.
Acordei
com meu Orientador falando sua esperteza acabou. Nem responder eu podia tava
como encachado. Tinha dores em todo corpo e o pior um monte fedidos me chamando
de ladrão.
Andei
sem rumo, nem minha casinha achei, meus bolsos vazios não tinha nada. Acho que
desmaiei acordei chorando e ninguém veio me pergunta por que tava chorando.
Ainda
chorando vi meu Orientador e perguntei qual o motivo de tanto sofrimento. Ele
com a cara fechada me respondeu: pelas pequenas grandes coisas que você fez
aos outros.
Comecei
a pensar e continuei a chorar, tomei agora, uma sabacu de arrependimento.
Severino
da Silva, o sucateiro
13/05/2020
ás 20h55min
PS
O mundo só será melhor quando pararmos de levar vantagem. Quando enxergarmos o próximo como um irmão e não como um trampolim para as nossas "conquistas". Precisamos dividir e não subtrair.
ResponderExcluirToda ação tem uma reação em nossa trajetória! Essa é a única bagagem que levamos conosco! Mesmo nas pequenas e grandes coisas.O ser humano ainda é mesquinho, avarento,egoista, sempre querendo levar vantagem em tudo.
ResponderExcluirÉ preciso se modificar para quando chegarmos do lado de lá, não cairmos em um choro profundo.
Tia Tânia.