Profecia Maia

O século XX foi um século de grandes transformações: guerras avassaladoras, inventos e descobertas científicas, tragédias climáticas e o período em que mais se acentuou o individualismo humano. No fim do século ocorreram especulações a respeito do fim do mundo, como é comum ocorrer a cada mudança de década, de século ou de milênio. Chegamos ao terceiro milênio sob as mesmas especulações, mas o mundo continuou em sua lei natural, negando todas as afirmativas e profecias que propagavam o seu fim, o juízo final.  A humanidade, como no século anterior, continua enfrentando, neste milênio, as mesmas dificuldades do passado, somadas ainda a outras angariadas pelo uso inadequado dos recursos do planeta.
Passados já doze anos do século XXI, em meio ao despertar para questões de sustentabilidade, somos surpreendidos, com base numa das profecias maias, com o fim do mundo em 2012.
A civilização maia se iniciou por volta de 700 a.C e seu adiantamento na astronomia, na matemática, nas artes é reconhecido por cientistas até hoje. O conhecimento desse povo acerca da ciência atribuiu à sua profecia um valor questionável para alguns, inquestionável para outros. Dizem alguns que a profecia maia propagada não se refere à destruição do mundo, mas provavelmente a mudanças para o nosso planeta, o despertar para uma nova consciência. Segundo um professor da Universidade de São Paulo, em 2012 terminará um Grande Ciclo, que dura 1.870.000 dias, um pouco mais de 5125 anos, e a partir disso um novo ciclo começará. 
Atribuir, entretanto, a mudança a que se refere a civilização maia ao ano de 2012 pode ser errôneo, uma vez que não se pode afirmar que calendário desse povo corresponda a nossa era, que marca o seu primeiro ano a partir do nascimento de Cristo. Se tomarmos por referência a idéia de que o nascimento do Cristo, como indicam alguns historiadores, pode estar adiantado ou atrasado em quatro anos, o nosso calendário poderá estar incorreto, não tendo exata correspondência à data do calendário maia.
O planeta Terra, com ou sem profecias, tem passado por revoluções periódicas, por cataclismos, desde os primórdios da humanidade. Allan Kardec, no século XIX, já trazia em sua obra "A Gênese" informações referente às revoluções gerais e também às perturbações locais pelas quais passaram e ainda passarão o planeta Terra.
Quando ainda não havia satélites ou telescópios modernos, Kardec já mencionava os equinócios (fenômeno em que a duração do dia é idêntica à da noite, e os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de luz, fenômeno que ocorre duas vezes ao ano, normalmente nos dias 21 de março e 23 de setembro). Essa teoria foi mencionada pelos gregos possivelmente no século 2 a.C.
Kardec menciona ainda a precessão dos equinócios (o movimento do equinócio avança a cada ano de alguns minutos). Explica-nos ele que esse movimento pode interferir na temperatura dos meses, no aquecimento e resfriamento dos pólos, no deslocamento gradativo do mar. Todas essas mudanças, entretanto, operam-se lentamente, tornando-se visíveis ao longo de alguns séculos. Nenhuma referência à destruição do planeta em razão desse fenômeno, entretanto, é mencionada.
Outro fato que supostamente poderia destruir o mundo em 2012 diz respeito à colisão de um planeta com a Terra. O que na verdade ocorre, segundo afirmações da astronomia, é que foram detectadas diferenças entre a distância desse planeta, indicando uma atração gravitacional por corpos estranhos além de sua órbita. Temor semelhante ocorreu em 1910, na passagem do cometa Halley, em que muitos acreditavam que a Terra seria destruída. O cometa passou; tudo permaneceu; nada foi destruído.
Profecias, misticismos, segredos, revelações sempre se impuseram à humanidade como um modo de ela mesma interpretar e compreender o mundo diante daquilo que lhe parecia inexplicável. E assim caminhamos até hoje, mesmo com o despertar da ciência que nos impõe uma verdade relativa, antes oculta pelo véu da credulidade e da ignorância.
São os sinais dos tempos dirão alguns acerca dos flagelos, da violência e do terror que imperam no mundo. O Espiritismo, por intermédio de seu codificador, nos esclarece que a nossa Terra, como parte do Universo, está sujeita à lei do progresso que O rege. O nosso globo continuará sofrendo transformações, lentas ou abruptas, visando ao progresso físico e moral de nosso planeta, de modo a torná-lo mais habitável.
O Espiritismo não questiona ou critica as grandes profecias ou revelações que profetizam o fim do mundo, mas as coloca no âmbito das conjecturas, pois, caso a Terra esteja no envelhecimento natural comum a todos os corpos, este envelhecer não se dará a tão breve tempo, a ponto de destruí-la repentinamente. Por outro lado, as informações espíritas assemelham-se às ideias contidas em profecias que afirmam que o mundo passará por uma nova consciência. Ainda que as vicissitudes de nossa Terra sejam muitas e nos levem às vezes à descrença, a humanidade entrará numa nova fase.
Há um grande conflito de geração de espíritos voltados para o bem e para o mal, o que parece ser necessário ao progresso de cada um, rumo à transformação do planeta. Não pensemos, portanto, no fim do mundo, ainda que alguém insista. Vivamos 2012 imbuídos no despertar de nossa alma para as nossas imperfeições, para a compreensão do outro, para o despertar da  fraternidade. Desse modo colaboraremos, cada um, para a o fim deste mundo, para darmos início a um mundo novo, que será vivenciado pelas novas gerações de espíritos que ainda virão. 
A transição para uma Nova Era está inserida em um Planejamento Divino:  Através da busca da espiritualização, superação das dores e construção de uma nova sociedade, a Humanidade caminha para a regeneração das consciências.  Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este o caminho, pois, sem dúvida, não teremos que temer nem um dilúvio, nem  o abrasamento do planeta, nem fatos desse gênero, visto que não  se pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, cujos instrumentos serão os próprios homens os quais compreenderão que a Mãe Terra será sempre o nosso lar perene.
É isso que a doutrina espírita tem profetizado, ainda que haja profecias que afirmem o contrário.
Grupo Lauro

Fontes consultadas:
CERQUEIRA, W. Equinócios. Disponível em http://www.brasilescola.com, acesso em 14 jan. 2012
KARDEC, A. Revoluções do globo. In: A Gênese. Disponível em: http://www.espirito.org.br, acesso em 15 jan. 2012.

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