Na noite de 31 de março de 1955, na parte
final de nossas tarefas, a instrumentação mediúnica Chico Xavier foi ocupada psicofonicamente pelo Espírito Leopoldo Cirne, o grande paladino
do Espiritismo no Brasil, que, com fervoroso entusiasmo, exaltou a imorredoura figura
do Codificador de nossa Doutrina.
Relembrando Allan Kardec, Cirne convida-nos,
a todos nós que Integramos a comunidade espírita, ao estudo metódico das obras kardequianas,
que sintetizam o roteiro das verdades eternas.
(Arnaldo Rocha presente na reunião gravou a
mensagem e a compilou)
Meus amigos, seja conosco a paz do Senhor
Jesus.
Celebrando hoje a coletividade espírita o
octogésimo sexto aniversário da desencarnação de Allan Kardec, será justo
erguer um pensamento de carinho e gratidão, em homenagem ao Codificador de
nossa Doutrina, cujo apostolado nos religou ao Cristianismo simples e puro,
descortinando amplos rumos ao progresso da Humanidade.
Recordando-lhe a memória, não refletimos
apenas no alvião renovador que a sua obra representa na desintegração dos
quistos dogmáticos que se haviam formado no mundo pelos absurdos afirmativos da
religião e pelos absurdos negativos da ciência, mas, também, na luz de
esperança que o seu ministério vem constituindo, há quase um século, para
milhões de almas que vagueavam perdidas nas trevas do materialismo, entre o
desânimo e a desesperação.
O Espiritismo marcha vitoriosamente na Terra,
traçando normas evolutivas e colaborando, por isso, na edificação do mundo
novo; entretanto, nas elevadas realizações com que se exorna, particularmente
em nosso vasto setor de ação no Brasil, é imperioso não esquecer o apóstolo
que, muitas vezes, entre a hostilidade e a incompreensão, batalhou e
sacrificou-se para ser fiel ao seu augusto destino.
Saudando-lhe a missão venerável, pedimos
vênia para sugerir, por vosso intermédio, a todos os cultivadores de nosso
ideal, localizados em nossas múltiplas arregimentações doutrinárias, a criação
de núcleos de estudo das lições basilares da Codificação, com o aproveitamento
dos companheiros mais entusiastas, sinceros e responsáveis, em nosso movimento
libertador, a fim de que as atividades tumultuárias, seja na composição do
proselitismo ou no socorro às necessidades populares, não abafem a voz clara e
orientadora do princípio.
Na distância de oitenta e seis quilômetros,
além do nascedouro, a fonte estará inevitavelmente contaminada pelos elementos
estranhos que se lhe agregam ao corpo móvel.
Não nos descuidemos, assim, da corrente
cristalina do manancial de nossas diretrizes, instituindo cursos de análise e
meditação dos livros kardequianos para todos os aprendizes de boa-vontade.
Estudemos e trabalhemos, amemo-nos e
instruamo-nos, para melhorar a nós mesmos e para soerguer a vida que estua,
soberana, junto de nós.
A obra gloriosa do Codificador trouxe, como
sagrado objetivo, a recuperação do amor e da sabedoria, da fraternidade e da
justiça, da ordem e do trabalho, entre os homens, para a redenção do mundo.
Não lhe olvidemos, pois, a salvadora luz e,
acendendo-a em nosso próprio espírito, repitamos reconhecidamente:
— Salve Allan Kardec!
Leopoldo Cirne
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