Brryan Jackson foi deliberadamente infectado pelo
vírus HIV, aos 11 meses de vida, por seu próprio pai – um técnico em
hematologia que estava se separando da mãe de Brryan e estava preocupado com o
pagamento de pensão.
O episódio aconteceu durante uma internação
hospitalar por causa de uma asma. O pai, Brian, aproveitou uma saída da mãe do
quarto para injetar o vírus na corrente sanguínea do filho. Quando descobriram
o que afetava o Brryan, já aos cinco anos de idade, os médicos lhe deram apenas
cinco meses de vida. Os clínicos temiam não apenas os efeitos da doença, mas do
coquetel de remédios que ele precisava tomar para tentar mantê-la sob controle.
Atualmente, a rotina médica de Brryan Jackson já
não envolve mais andar com sondas pelo corpo, como nos tempos de escola. As 23
pílulas diárias hoje são apenas uma, embora de três em três meses ele precise
ir ao médico para checar seu sistema imunológico. A doença, obviamente, afetou
sua vida social. Diversos relacionamentos foram interrompidos por pais receosos.
Hoje, aos 25 anos, Jackson confessa que cogitou o
suicídio, mas optou pela religião. A conversão ao Cristianismo fez com que
decidisse “perdoar” o pai, que foi condenado à prisão perpétua em 1998. Conta
que nunca teve contato com o progenitor. Contudo poderá ficar frente a frente
com ele ainda este ano, quando uma junta examinará um pedido de liberdade
condicional. Jackson, apesar de o ter “perdoado”, pretende ler um comunicado em
que recomenda que o pai continue preso. (1)
Como agir diante de uma situação dessas? Será que
realmente Brryan perdoou seu pai? O assunto é ingrato e merece algumas
avaliações doutrinárias. Em verdade, aprendemos com os Benfeitores espirituais
que se alguém nos prejudicou, não podemos permitir que o sentimento de vingança
desgaste nosso estado psicoemocional. (2) Nem que seja por “egoísmo” é
importante perdoar incondicionalmente. Até porque, quem sofrerá com a mágoa
guardada somos nós e não quem nos lesou, causando consternação ou desgosto.
Quantos são aqueles que dizem que desejam
perdoar, mas não o conseguem? Ora, distanciando-nos do caso Brryan Jackson,
urge ponderar alguns aspectos. Será que quem nos magoa queria nos prejudicar
propositalmente? Muitos erros são cometidos sem a intenção de nos danificar.
Porém, se tiverem sido intencionais, será que o nosso agressor se arrependeu?
Neste caso, será que estamos realmente dispostos a indultá-lo?
Em verdade, só podemos perdoar o outro se
perdoarmos a nós mesmos. Reflitamos nos erros que cometemos com o próximo e
desculpemo-nos. Livremo-nos da culpa e estaremos prontos para perdoar.
efetivamente, esquecer a ofensa nos favorece porque faxina o coração da ira e
da contrariedade. Perdoar alguém que nos fez mal revoga o ciclo de pensamentos
negativos, que só servem para nos abater moral e espiritualmente.
É um sinal de amadurecimento, pois ofertar o
perdão favorece o agressor, contudo beneficia muito mais quem perdoa.
Proporciona uma duradoura percepção de liberdade. É verdade! Ao saírmos da
posição de vítimas, a sensação é de grande liberdade – deixamos de ser
escravizados de um sentimento que antes nos aprisionava. Ajuda-nos a retomar as
rédeas da vida.
Quem profere do fundo d’alma “eu perdoo” se sente
mais forte e capaz de comandar o próprio destino.
Jorge Hessen
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