Perdoar é aprender. Perdoar não é um ato instantâneo nem uma decisão a
ser tomada para ação obrigatória sem que se viabilize algumas etapas. O perdão
é um processo que exige atenção, planejamento e consecução consciente. Sem a
vivência de fases que produzem o significado profundo da palavra, não se
consegue atingir o aprendizado necessário que o perdão traz. Em primeiro lugar
é importante, por parte de quem se sentiu agredido, compreender os
motivos do agressor. Esta compreensão deve ocorrer sem julgamento
sobre quem tem ou não razão. Portanto, é preciso identificar as motivações do
ato e qual o ângulo de visão do outro a respeito do agredido. Em segundo lugar,
quem se sentiu agredido deve legitimar a emoção sentida. É natural que se
tenha raiva, pois se trata de ocorrência instintiva, humana e improvável que
possa ser evitada. Não há inferioridade em se ter raiva. A questão é o que
fazer com a raiva. Sua direção deve ter algum propósito que tenha como base o
desejo de resolutividade para o problema gerado. Em terceiro lugar, é de suma
importância o agredido se perguntar “Para quê?” A pergunta se refere ao questionamento da razão por estar
passando pelo problema e sobre o que necessita aprender com a experiência que
está vivendo. Este é o ponto em que o agredido não dirige seu pensamento ao
agressor, mas a Deus, ao Universo, à Vida ou a qualquer outra instancia que
acredite dirigir seus destinos. A resposta a ser encontrada proporcionará
a pacificação interior. Em quarto lugar, deve-se tentar educar o agressor. Não se trata de vingança, ao contrário, mas de legítimo
interesse em levar o agressor a aprender a não fazer mais o que fez, pois lhe
traz desvantagem, o inferioriza e indica seu estágio primário de evolução. Para
educar o agressor, deve haver diálogo maduro, sem acusações ou sem interesse em
humilhar a pessoa. Por ultimo, escolher o caminho a seguir na relação com aquela pessoa. Esta escolha
também indicará se de fato houve o perdão. Melhor escolher não desprezar nem
evitá-la, mas manter no mínimo uma relação fraternal. Portanto são cinco
etapas, sem mágica nem exigência imediata de esquecimento. Perdoar é crescer e
agir no tempo.
Adenáuer Novaes:
É conferencista, diretor da instituição
filantrópica Fundação Lar Harmonia, do Centro Espírita Harmonia e do Centro
Espírita Casa de Redenção Joanna de Ângelis, em Salvador.
É formado em Engenharia Civil, Filosofia,
Psicologia e pósgraduado em Psicologia Junguiana. Trabalha como psicólogo
clínico. Escreveu vários livros sobre Psicologia e Espiritismo. Realiza cursos,
seminários e conferências pelo Brasil e já visitou vários países da Europa
divulgando a Doutrina Espírita.
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