Há muitas admissões inaceitáveis no Movimento Espírita
Brasileiro em torno de questões como roustanguismo (este o mais ameaçador),
ubaldismos, ramatisismos, “datas limites”e tantos outros assuntos, infiltrados
em nossos meios como verdadeiros presentes de grego ou
“Cavalos de Troia”, visando despedaçar Kardec no Brasil.
Promovem-se, nas tribunas, certos shows personalíssimos
protagonizados por “ilustres” oradores, alguns “doutores” que sequer abrem mão
da arrogante distinção do “Dr”. antes dos próprios nomes. Outros se arremessam
nos trabalhos assistencialistas, visando galgarem espaços no teatro da política
partidária.
Os Bons Espíritos nos recomendam resguardar os ensinamentos de
Allan Kardec, seja pelo exemplo diário da fraternidade, seja pelo bom ânimo do
debate superior. É imprescindível que preservemos os princípios doutrinários
com simplicidade (sem falsas modéstias) e dedicação (sem afetação), sem
inflexibilidade, sem radicalismos, mas também sem consentimentos
contraditórios.
Muitos leitores têm escrito para mim, insistindo na pergunta se
apometria é Espiritismo. Informo-lhes, frequentemente, que a teoria e a prática
da técnica apométrica (e suas regras) estão em pleno desacordo com os
princípios doutrinários codificados por Allan Kardec. Desta forma, não basta se
afirmar “espírita”, nem, tampouco, se dizer “médium de qualidade”, se essa
prática não for exercida conforme preceitua a Codificação Espírita.
Por subidas razões, devemos estar atentos às impertinências
desses ideólogos, dos propagadores das terapias inócuas, que pensam
revolucionar o mundo da “cura espiritual”. Até porque, a cura das obsessões não
se consegue por um simples toque de mágica, de uma hora para outra, mas é,
quase sempre, a longo prazo, não tão rápida como se imagina, dependendo de
vários fatores, principalmente, da renovação íntima do obsedado.
Como se não bastasse, ainda, me indagam sempre sobre uma tal
“desobsessão por corrente magnética”. Isso mesmo! Desobsessão!!! Explico que a
teoria e a prática de tal técnica (e suas normas) estão em total discrepância
com os princípios Espíritas. O uso de energia para afastar obsessores,
sem a necessária transformação moral (reforma íntima), indispensável à
libertação real dos envolvidos nos dramas obsessivos, contradiz os princípios
básicos do Espiritismo, pois, o simples “afastamento” dos obsessores não
resolve a obsessão.
Historicamente o Cristianismo, com a pureza do Evangelho e a
simplicidade da organização funcional dos primeiros núcleos cristãos, foi
conquistando lenta e seguramente a sociedade de sua época. Porém, com o
decorrer do tempo, sofreu uma expressiva deterioração ideológica. Corrompeu-se,
por força das práticas indesejáveis ao plano de Jesus.
Atualmente, apesar das advertências dos Benfeitores e do próprio
Kardec, quanto aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas
(titubeantes) insistem em cometer os mesmos erros do passado. Confrades nossos,
não conseguindo se adaptar ao Espiritismo, e, conseqüentemente, não
compreendendo e não vivenciando suas verdades, vão, aos poucos, adaptando o
Espiritismo às suas alucinações, aos seus desvios morais, adulterando os textos
das Obras Básicas, trazendo, para os centros espíritas, práticas inúteis
consoante suas prioridades místicas.
Falta-lhes, no mínimo, o estudo sério da Codificação Rivailina.
Tudo isso é reflexo natural da invigilância febiana que colocou Roustaing
em primeiro plano e Kardec como coadjuvante e sempre preterido na
pelas ilusões do roustanguismo.
Sobre esse fato, recomendo
leitura do surpreendente livro “Consciência Espírita” de autoria de Gélio
Lacerda da Silva, ex-presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito
Santo, conforme pode ser conferido através do linkhttp://leitoresdojorgehessen.blogspot.com.br/2016/09/conscientizacao-espirita-feb.html .
Mas como consertar esse processo? Como (re)agir, ante os
espíritas mal orientados, com dirigentes e federativas irresolutas, com
fanatismos roustanguistas, médiuns obsidiados? Enfim, como atuar, diante
dos espíritas indecisos e sediciosos? Seria interessante a prática do “lavo as
mãos” ou a retórica do “laissez faire”, “laissez aller”, “laissez passer”?
Devemos deixar que os próprios grupos espíritas usem e abusem do livre arbítrio
para, por fim, aprenderem a fazer escolhas corretas e adequadas às suas
necessidades?
Não nos esqueçamos de que os inimigos, em potencial, do
Espiritismo estão disfarçados entre os próprios espíritas. Identificamos como o
mais perigoso “Cavalo de Troia” no M.E.B. os Quatro Evangelhos de
J.B. Roustaing. O Espiritismo deve ser divulgado conforme foi apresentado por
Allan Kardec, sem adaptações nem acomodações de conveniência em vãs tentativas
de conseguir-se adeptos.
É a Doutrina que se fundamenta na razão, e, por isso mesmo, não
se compadece com as extravagâncias daqueles que, por meio sub-reptício, em
tentando fazer impor seus misticismos acabam por macular a pureza originária da
nossa Doutrina Espírita.
Criar desvios doutrinários, atraindo incautos e ignorantes,
causa, sem dúvida, perturbações que poderiam, indubitavelmente, ser evitadas,
se houvesse, por parte dos dirigentes, maior rigor na direção dos estudos das
obras codificadas por Allan Kardec , mormente os trabalhos das federativas se
movimentassem nesse sentido. Qualquer enxerto, por mais delicado se apresente
para ser aceito, fere-lhe a integridade porque ele [o Espiritismo] é um bloco
monolítico, que não dispõe de espaço para adaptações, nem acréscimos que
difiram da sua estrutura básica.
Jorge Hessen
Brasília-DF
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