Os órgãos do corpo físico respondem a
todos os estímulos (internos ou externos), determinando um
encadeamento de reações, além dos estímulos físicos que impactam, através dos
sentidos, as emoções ou sentimentos que também provocam reações. Estas excitam
ou bloqueiam os mecanismos de funcionamento. Em verdade, o processo de
preservação e deterioração de qualquer órgão tem uma relação direta com as
emoções e os sentimentos.
A cólera, a raiva, o temor, a ansiedade, a
depressão, o desgosto, a aflição, assim como todas as emoções derivadas
delas, sobrecarregam a economia saudável do corpo. Há outros fatores
emocionais que podem influenciar patologias físicas, como relacionamentos
afetivos infelizes, penúria econômica, desigualdade de renda e estresse
relacionado ao trabalho profissional. Quando estamos tristes e depressivos por
uma desilusão amorosa, ou quando estamos ansiosos e irritados por causa de
dívidas, também desenvolvemos enfermidades.
Mens sana in corpore sano (“uma mente
sã num corpo são”) é uma célebre frase latina, proveniente da
Sátira X do poeta romano Juvenal. Nós somos o que sentimos. René Descartes
já dizia que somos aquilo que pensamos. Quando as nossas emoções são
reprimidas, elas acabam se constituindo na fonte de um conflito emocional
crônico, segundo Sigmund Freud, que gerará distúrbios físicos ou
psicológicos, se não forem aliviadas, mediante os canais fisiológicos
competentes.
O estresse é como um conjunto de
reações fisiológicas produzidas pelo nosso organismo para reagir e se
adaptar às situações apresentadas no dia a dia. O problema é que
tais reações, psíquicas e orgânicas, podem provocar um desequilíbrio no
nosso organismo caso ocorram de forma exagerada ou intensa, dependendo
também do tempo de duração. Quanto mais durar o estresse, obviamente a
ruína será maior.
Adquirimos doenças porque não conseguimos
conviver em harmonia com o meio e com as pessoas ao nosso redor. Enfermamos
porque mantemos antipatias, inimizades, desgostos, culpas, arrependimentos,
ressentimentos, temores e frustrações que não queremos superar. Por
desconhecermos as nossas próprias emoções, muitas vezes desejamos ocultá-las
dos outros, e de nós mesmos, mormente os pensamentos e os sentimentos
egoísticos.
Cada doença, cada dor, cada sofrimento, cada
frustração, cada sintoma traz uma mensagem única e exclusiva para nós e
apenas para nós. Quando estivermos prontos para abrigá-los e
compreendermos o que elas querem nos dizer, estaremos aptos a andar firmes pelo
caminho do nosso aperfeiçoamento espiritual que decisivamente passa pelas vias
da nossa saúde moral.
Naturalmente, as nossas doenças são advertências
da vida para que venhamos a ter mais consciência de nós mesmos e dos nossos
compromissos na família, na natureza e na sociedade, governando-nos pela vida
caridosa, solidária e amorosa.
Precisamos ter consciência de que doença e saúde
são consequências das nossas livres escolhas através das emoções ou
sentimentos, e tal responsabilidade não pode ser terceirizada. Além do
quê, a doença não pode ser instrumento de punição. Na verdade, deve
ser um expediente de aprendizado, na sábia pedagogia divina, convidando-nos ao
exercício do amor
Jorge Hessen
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