“O Consolador” - Há um descompasso da época em
que vivemos com relação à educação dos filhos. Os tempos diferentes da
atualidade, diretamente afetados pela velocidade da comunicação virtual,
trouxeram uma realidade difícil e complexa para pais e educadores, o que também
afetou o movimento espírita, antes bem mais dedicado à evangelização infantil e
às atividades da mocidade espírita. Como vencer o desinteresse de dirigentes
espíritas quanto à importância da atenção a jovens e crianças em nossas
instituições? - Em realidade, toda a
nossa vida está pautada em algo que chamamos escala de valores. Cada indivíduo,
assim, tem valores distintos dos outros. Para quem tem a educação dos filhos
como algo importante, apesar dos tempos difíceis e dos desafios vividos,
têm-nos juntos dos seus corações, amigos, companheiros, apesar de ter cada qual
sua personalidade, seu temperamento, suas idiossincrasias. Para quem pensa
primeiro nos recursos financeiros, nas aparências sociais, sem clara noção de
que seus filhos são espíritos e que lhes não pertencem como objetos, com
certeza encontrarão todos os impedimentos provocados pelas mídias, pelos
companheiros dos filhos, e por tudo mais que teime em intervir no
relacionamento doméstico. Vivendo no mesmo mundo midiático que todos nós,
atravessando as horas de aperto e violência como nós, bem como enfrentando as
mesmas exigências econômicas, vemos irmãos de outras crenças bem junto aos seus
familiares, indo as suas igrejas em conjunto, orando e vivendo. Por que somente
nós espíritas não conseguiremos trazer os filhos, educá-los conforme manda o
figurino e fazê-los pessoas de bem? Alguma coisa está errada e, com certeza,
não é com o Espiritismo, mas, sim, com as nossas escalas de valores. Quanto aos
centros espíritas e seus serviços de evangelização de crianças e de jovens,
cabe-nos avaliar a sua qualidade, pois nessa época referida de comunicação
virtual, de internets, de blogs e de tudo o mais, não se admite que as nossas
“aulinhas” ainda sejam dadas à base de historinhas contadas oralmente ─ nem
sempre há bons contadores de histórias nas casas espíritas o que torna
enfadonha a exposição ─ e pelos quadros de giz, sem que os jovenzinhos
participem, façam, busquem, investiguem, cantem ou “naveguem na rede”. É
incontestável que nem todos os centros espíritas dispõem de recursos materiais
para oferecerem aos evangelizandos o que há de mais moderno em termos didático-pedagógicos.
Assim, deveremos investir na melhor qualificação dos nossos evangelizadores
para que consigam cativar da garotada, desde a simpatia com que a receba até o
modo como lhe serão apresentados os assuntos. Olhando por outro prisma, não há
como imaginar que filhos gostem de ir ao centro espírita para receber as
instruções espíritas, sendo que seus genitores não vão não se dedicam e, quando
em casa, têm uma vida relacional bastante sofrível com a família. É, de fato, o
exemplo que costuma arrastar. “O Consolador” - Considerando que o Espiritismo é
uma religião eminentemente educadora e que o Espírito reencarna para
aperfeiçoar-se, você não acha que as atividades que visam à evangelização da
criança têm deixado de receber o apoio na proporção da importância da tarefa? Por
que não há um incentivo maior, da parte dos Espíritos, no sentido de chamar a
atenção dos dirigentes de entidades espíritas para a evangelização infantil, a
fim de que apóiem esse trabalho? - Sim, quase sempre encontramos pouca
atenção por parte de muitos dirigentes espíritas para com a evangelização
infantojuvenil. Vale à pena enfatizar a questão das escalas de valores que têm
os indivíduos e, em função deles, as instituições ou setores de atividades que
eles dirigem. Tais escalas estabelecem o que poderemos chamar de missão da
instituição. Enquanto o objetivo dos espíritas não corresponder aos objetivos
do Espiritismo, essas atividades não terão bom desenvolvimento. Muitos
dirigentes dão grandíssimo valor às sessões mediúnicas (há centros que se orgulham
de terem dezenas delas, em dias variados da semana), outros se esmeram nas
atividades sociais junto aos pobres e estropiados, possivelmente porque não
vejam sentido na orientação dos que estão recomeçando as próprias experiências
no planeta. A muita gente passa despercebido o fato de que as entidades
atendidas nas sessões mediúnicas, como sofredoras ou como obsessoras, ou muitas
daquelas que comparecem repletas de necessidades de toda a ordem, são
exatamente aquelas às quais não se oportunizou a orientação para a vida, as
instruções espirituais ou a evangelização, se quisermos tratar assim. Não vale
a pena, então, deixarmos as crianças e os jovens ao abandono das preciosas
lições de renovação espiritual, a fim de que, no futuro, não se tenham muitas almas
a serem atendidas nas sessões mediúnicas ou nos trabalhos de assistência
material. Parece-me um contrassenso ver confrades espíritas que não valorizam
esses labores espirituais profiláticos. De parte dos Espíritos, não têm eles
mais como tentar despertar os encarnados das suas ilusões ou da sua letargia.
Há anos, o Espírito Estevão, Guia Espiritual do saudoso médium capixaba Júlio
Cezar Grandi Ribeiro, escreveu numa mensagem uma frase que a Federação Espírita
Brasileira tomou como slogan para as suas campanhas evangelizadoras: A criança
e jovem reclamam orientação no bem. Evangelize, coopere com Jesus. Temos
recebido incontáveis instruções do Mundo Espiritual enfatizando a grandeza da
evangelização ou espiritização da criança e do jovem, seja nos textos de
Emmanuel, de Joanna de Ângelis, de Estevão, de Camilo e de tantos outros
Benfeitores que luxuriam esse escrínio de luz das orientações imortais que nos
chegam à Terra. Cabe aos espíritas estarmos atentos para as mesmas, refletir a
respeito delas e as colocarmos na pauta das nossas ocupações e serviços na Seara.
Raul Teixeira
Acrescentamos nós: O homem cria a tecnologia e a tecnologia molda um novo “homem”.
Dan
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