Espírito Amigo Nazareno
Fui treinado para a crueldade de ordens que recebia do mestre
sumo sacerdote, o qual me provia o denário, alimento, ao prazer das mulheres
amaldiçoadas e me graduar de servo-soldado em aprendiz de sacerdote. Para que
tudo isso me fosse dispensado era simples, obedecer e executar as ordens
recebidas, não importava como executa-las. Nunca pensei ou titubeei em
cumpri-las, o “premio” era maior.
A minha crueldade me deixou famoso, e cá entre nós, isso
excitava meu orgulho, e cada vez era mais cruel.
No auge da minha crueldade, fui convocado para prender um
lunático que se dizia o filho de Deus. Nesse instante a euforia em mim dizia:
Vamos ver a força e coragem desse lunático.
E fui cumprir as ordens recebidas. Vi um homem simples, e
sem nenhuma ameaça, mas sorrateiramente alguém decepou minha orelha; Ao desembainhar
minha espada para mata-lo, porém o lunático tocou minha orelha e estancou o
sangramento e a restaurou na minha cabeça.
Foi nessa situação que o prisioneiro me olhou e perguntou: -
Qual é o seu nome? Fixei-o com olhar penetrante e ameaçador e respondi: -
Malco! Algum problema? Estava ansioso
para mata-lo ao fio de minha espada.
O lunático olhou-me penetrante de disse: - Malco cumpra suas
ordens de acordo com sua personalidade, não mude sua personalidade, mude seus
sentimentos. Antes o tivesse matado, seu sofrimento seria menor. Entreguei O Nazareno ao sumo sacerdote.
Jamais vi sofrimento e coragem, como daquele homem, minhas
imagens me atormentavam, e ninguém mais ouviu falar de mim.
Vaguei pelo mundo, seguindo sua voz: - Malco mude seus
sentimentos. A lição me fez abandonar a indiferença e a crueldade do servo-soldado.
A minha cura dependia de mim mesmo.
Meus sentimentos são como chamas a queimar a minha
consciência, em busca da paz. A paz que busco em mim mesmo, para me redimir e
compreender que o lunático fui eu mesmo.
Muitas foram às tempestades, que no mar escuro e imenso da
vida, deixara-me a deriva.
Perseverei até o limite de minhas forças, e o farol nesse
mar foi como uma estrela na longa solidão e do meu despertar em Spinalonga.
Continuo a percorrer minha estrada, buscando a luz do Mestre Jesus
Nazareno, a fim de tirar a cegueira do meu coração ainda tosco.
Perdão Senhor, eu te suplico, por mim a quem curas-te, e
cura todos os Malcos do mundo.
Espírito
Malchus (Malco)
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