Nasceu em Belo Horizonte (MG) a 12 de junho de 1903. Filho do ilustre
Professor Benjamim Flores e Dª Terezinha Flores. Descendente de uma
linhagem de professores, herdou dessa venerável casta de educadores
aquele culto educacional, tendo fundado várias escolas, preocupava-se,
sobremaneira, em anular o analfabetismo.
Dedicou-se também à assistência aos necessitados, sendo extremamente caridoso e devotado ao socorro das criaturas menos felizes.
Não
se casou. Achava que, ligando-se pelos laços matrimoniais a uma
companheira, teria que dividir seu tempo, pois a primeira caridade
começa no lar. Desempenhava altas funções na Secretaria de Fazenda do
Estado de Minas Gerais. Apesar de boa situação no funcionalismo público,
viveu sempre pobre, porque o seu desprendimento chegava a tal ponto
que, com visível prejuízo de suas próprias necessidades materiais,
distribuía todos os seus vencimentos aos necessitados: crianças, velhos e
enfermos.
Preparado espiritualmente para os grandes
cometimentos da Doutrina Espírita à luz do Evangelho de Jesus,
inclinava-se humilde e bondosamente para os corações sofredores e
procurava, na medida de suas posses, solucionar os problemas de cada um.
O socorro se fazia do lado material, porém sem proselitismo. Não
distinguia religião ou nacionalidade. Convencia os sofredores de que o
Pai Misericordioso não permite uma cruz superior aos ombros de cada um.
Muitos fogem revoltados e praticam atos tresloucados, aumentando ainda
mais o peso de sua cruz do futuro.
Dotado de espontânea alegria,
que era uma das suas forças de atração, sabia dizer as coisas no
momento exato. Nas tribunas revelou-se sempre fecundo expositor,
positivando amplos conhecimento da Doutrina, do Evangelho e,
principalmente, dos problemas sociais, onde teve sempre o seu campo de
trabalho maior.
Amigo incondicional das crianças, reunia-as, de
várias classes sociais, tirando lições vivas da vida de cada uma,
incentivando-as para aquela ajuda mútua ensinada por Jesus: “Dar com a
mão direita, sem que a esquerda o perceba”. A título de contar
histórias, ensaiar o canto, a poesia, o esquete, o teatro, juntava os
pobres e os mais abastados, incentivando o que tinha mais a socorrer o
menos aquinhoado, dando ele próprio o exemplo. Quantas vezes foi ao
serviço de socorro nos morros e nas favelas, acompanhado pela garotada,
muitos dos quais levando ajuda aos necessitados por iniciativa própria,
fruto das lições do Mestre Flores.
Antônio Loreto Flores foi
fundador de várias instituição espíritas, escolas profissionais e
primárias. No seu trabalho, nas diversas instituições, mereceu todo o
seu labor, ininterrupto e constante, o Centro Espírita Amor e Caridade,
casa que fundou em 1947, e da qual foi o Presidente até o seu retorno ao
Plano Espiritual.
Até a década de 40 do século passado, os
hansenios eram internados compulsoriamente em colônias – os humilhantes
leprosários, versão nova do Vale dos Imundos da velha Palestina. Por
inspiração de Antônio Flores, o Deputado Federal Romeu de Campos Vergal,
seu amigo, apresentou projeto de lei, sancionado pelo Presidente da
República, extinguindo o confinamento dos portadores do mal de Hansen. E
o primeiro centro espírita da Colônia Santa Isabel, município de Betim
(MG), surge com o nome de “Campos Vergal”, fundado por Flores e alguns
amigos em 1º de julho de 1947. Entre eles o hanseniano João Baptista da
Costa, apelidado carinhosamente “João Pipoca”, desencarnado em 17 de
novembro de 1982, com 78 anos, e que dirigiu aquela casa espírita por
muitos anos, tornando-se muito querido e admirado por todos.
Tendo vivido para o Espiritismo, o querido companheiro
deu à Doutrina Espírita tudo quanto podia uma criatura dar com
desprendimento, sem ostentação, sem alarde, modestamente, como quem só
conhecia deveres, esquecido de si mesmo, como missionário de um grande e
nobre ideal.
Longa e
pertinaz moléstia o prendeu ao leito por alguns meses, meses de angústia
e no dia 22 de
julho de 1954, aos 51 anos de idade, desprendia-se do convívio terreno o
emérito Professor Antônio Loreto Flores – espírito que consagrou
espontaneamente a sua existência à prática do bem.
Grupo Lauro
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