Doutrinação de Espíritos




Por Sergio Biagi Gregório                                                            





1. INTRODUÇÃO
O que é a doutrinação? Há necessidade de os encarnados doutrinarem os desencarnados? Por que os Espíritos não doutrinam os próprios Espíritos? Há regras para conversar com os Espíritos? Como Allan Kardec tratou deste assunto?

2. CONCEITO  
Doutrinação. É uma terapia de amor em que o doutrinador procura esclarecer os Espíritos maus e sofredores a trilharem o caminho do bem, da evolução espiritual.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS  
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, diz-nos que há diferentes ordens de Espíritos. Na escala apresentada, que não é absoluta, exalta as qualidades que já adquiriram e as imperfeições de que ainda não se livraram.
Espíritos há que já desencarnaram e não o sabem. Por isso, acabam influenciando os seus entes queridos e amigos mais próximos.
É preciso ter cuidado com os Espíritos mistificadores, embusteiros que nada mais fazem do que perturbar os que estão encarnados.
Em muitos casos, a afinidade é bastante intensa. Daí, os diversos tipos de obsessão.
O trabalho de doutrinação não se resume às poucas horas que o doutrinador conversa com os Espíritos incorporados aos médiuns, mas prolonga-se ao longo do tempo.

4. DOUTRINADOR E DOUTRINA ESPÍRITA

4.1. O DOUTRINADOR
É a pessoa que se incumbe de dialogar com os Espíritos desencarnados, necessitados de ajuda e esclarecimento. Há um médium que serve de intermediário aos Espíritos sofredores e o dirigente-esclarecedor. Além disso, deve-se zelar pelo preparo de ambiente e dos médiuns, a fim de que haja um bom trabalho de doutrinação.

4.2. OBJETIVOS DA DOUTRINAÇÃO
Esclarecer os Espíritos ignorantes, estimular os Espíritos fracos e confortar os Espíritos sofredores. Há que se ter em mente que os Espíritos não se tornam santos simplesmente porque deixaram a vestimenta física. Continuam a agir da mesma forma só que sem o corpo físico. Ao dirigente-esclarecedor cabe dialogar com esses Espíritos de uma forma respeitosa no sentido de abrir-lhes a mente para o futuro que os aguarda.

4.3. CONHECIMENTO DOUTRINÁRIO
Uma das principais características do doutrinador espírita é ter sólida formação doutrinária, familiaridade com o Evangelho de Jesus e autoridade moral.
Necessita, assim, de debruçar-se sobre as obras básicas e complementares. Para tanto, não deve medir esforços de estar sempre se aperfeiçoando porque, no fundo, é a sua condição moral elevada que realmente convence um Espírito ainda absorto no mal.

5. DIALOGANDO COM OS ESPÍRITOS
No diálogo com os Espíritos, há algumas perguntas iniciais: Você sabe onde se encontra? Conhece o seu estado? Já ouviu falar de Jesus? Conhece a justiça de Deus?
Como dissemos anteriormente, os Espíritos encontram-se em diversos graus de evolução. Eis alguns exemplos, extraídos do livro Diálogo com as Sombras, de Hermínio C. Miranda:

5.1. ESPÍRITOS SOFREDORES
Quando o doutrinador se deparar com os Espíritos sofredores obsessores, pois, há sofredores, que não são obsessores deve procurar convencê-los de que os sintomas apresentados são reflexos do corpo físico. Em alguns casos, é útil revelar-lhes a sua real condição, mesmo que entre em contradição consigo mesmo. O importante é despertá-lo para a vida espiritual.

5.2. ESPÍRITOS MALDOSOS
Os Espíritos maldosos se comprazem na prática do mal. Quando são encaminhados para um trabalho mediúnico no Centro Espírita, o doutrinador deve mostrar-lhes as recompensas pela prática do bem, alertando-os para se afastarem do mal. Sempre que possível tentar restabelecer a sua fé e a confiança em Deus.

5.3. ESPÍRITOS RECALCITRANTES
Os Espíritos recalcitrantes, como o próprio nome diz,  são aqueles que estão repetidamente praticando o mal e atrapalhando a vida dos encarnados. Em qualquer situação, deve-se respeitar o livre-arbítrio do Espírito manifestante. Caso não se obtenha o êxito esperado, convidá-lo para voltar outro dia.

6. NOTAS DA REVISTA ESPÍRITA

6.1. GRAVIDADE E BENEVOLÊNCIA
Allan Kardec dá algumas instruções no trato com os Espíritos. Ele diz que tanto com Espíritos benevolentes como com Espíritos sofredores ou maus, é preciso gravidade, posto que temperada de benevolência. "É o melhor meio de lhes impor e os manter à distância, obrigando-os ao respeito. Se descerdes até a familiaridade com os que vos são inferiores, do ponto de vista moral e intelectual, não tardareis a dar entrada à sua influência perversa. Ficar de guarda. Variar vossa linguagem conforme a dos Espíritos que se comunicam". (Revista Espírita, 1865, p. 153)

6.2. ESCUTAR OS SEUS IGUAIS
Qual a utilidade do médium e do doutrinador encarnado? Por que os Espíritos desencarnados não escutam os conselhos de seus iguais do espaço e esperam os ensinamentos dos homens?
"Porque é necessário que os dois mundos visível e invisível, reajam um sobre o outro e que a ação dos humanos seja útil aos que viveram, como a ação da maior parte destes é benéfica aos que vivem entre vós. É uma dupla corrente, uma dupla ação, igualmente satisfatória para esses dois mundos, que estão unidos por tantos laços". (Revista Espírita, 1865, p. 207)

6.3. O CASO GERMAINE
“É uma das obsessões das mais graves, cujo caráter mudará muitas vezes de fisionomia. Agi friamente, com calma; observai, estudai e chameis Germaine”.
É uma dissertação longa. Um dos aspectos que nos chamou a atenção foi a de que antes de os médiuns intervirem, deixaram a família esgotar todos os meios disponíveis. "Só quando a impotência da ciência e da Igreja foi constatada é que induzimos o pai desesperado a vir assistir à nossa reunião para saber a verdadeira causa do mal de sua filha, e o remédio moral a ministrar-lhe". (Revista Espírita, 1865, p. 006)

7. CONCLUSÃO
Os Espíritos menos felizes pululam ao redor dos seres humanos. Muitos deles nem suspeitam do mal que fazem aos encarnados. Nesse caso, a tarefa do doutrinador é sumamente nobre, pois tem a oportunidade de alertá-los e convidá-los para uma tomada de consciência à luz da moral do Cristo.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Kardec, Allan. Revista Espírita de 1865.
MIRANDA, H. C. Diálogo com as Sombras (Teoria e Prática da Doutrinação). 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1982.


PS

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