Como qualquer outro condenado
não teve foro privilegiado, as argolas de metal prendem suas mãos ao poste,
limitando seus movimentos. Os insensíveis solados se encontravam, munidos do
flagrum1, outro soldado tem em mãos o ábaco2 para aferir
o número de golpes, neste aparato de soldados há os que se incumbem de
acorrentar o condenado ao poste, e permanece na cena para substituir qualquer
soldado destacado para o esquadrão da angústia. E outro soldado é o supervisor
de qualidade da nefasta tarefa.
O condenado geme as
chicotadas, ininterruptas, os golpes se revezando entre os soldados em macerar
o corpo do condenado.
O número máximo de chicotadas
que um condenado pode receber de conformidade com a lei de Moises é de “quarenta
menos um”, pois assim, o condenado estaria fisicamente destruído, mas ainda vivo.
Flagelado sim, morto não, era o mote. O
condenado gritou de dor durante o castigo, estranhamente não vomitou ou teve
convulsões, como costuma acontecer a outros condenados, desidratado, entrou a
noite em estado de choque, pela perda de sangue.
Com as mãos amarradas à frente
volta cambaleante a prisão, os soldados se divertem à sua maneira com aquele
prisioneiro tão especial. O condenado em silêncio tudo suporta. Os soldados
fazem de um caniço um cetro e o ajeitam nas mãos do condenado, debochando do
intitulado rei. Nenhuma piedade aflorou deles.
No auge do desatino preparam a
coroa de rhammus nabeca para coroar o rei. Alguns o agridem com socos, cuspes,
e finalmente o coroam. E enterram a grinalda na sua fronte.
O rei do pântano determina que
quer ver o condenado. O prisioneiro é levado à frente dos sacerdotes. O rei do
pântano grita: - Eis o rei de vocês!
- Mata! Crucifica-o! – respondem os sacerdotes em
uníssimo. Não temos rei, nosso rei é o pântano!
- Que crime ele cometeu? Diz o
rei do pântano.
- Crucificai-o! Respondem os
aduladores do pântano. O rei do pântano
lava as mãos... O condenado é levado ao Gólgota5.
No auge do estertor declama
lamuriante: Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
Foi condenado e morto por
ensinar amor e as bem-aventuranças aos que desejam viver longe do pântano.
Pena maior foi estabelecida
pelos sacerdotes que dominavam o pântano ao não aceitaram um simples
ensinamento do condenado: - Aspirais em ser ricos? Então não vos preocupeis em
aumentar vossos bens, mas sim em diminuir vossa ganância.
O condenado emergiu do
pântano, e sua luz resplandecente nos páramos do infinito iluminou o mundo. E o
pântano jamais foi o mesmo... Que o pântano
da ignorância, desamor, indiferença, crueldade e ambição sejam abençoadas pela
luz resplandecente do infinito amor Jesus.
Dan
PS
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