Em 18 de abril comemoraremos 155 anos da primeira publicação
do Livro dos Espíritos, inaugurando o nascimento do Espiritismo. Antes disso, é
importante lembrar que, no ano de 1856, o pedagogo Hippolyte Léon Denizard
Rivail assume uma nova identidade e nasce Allan Kardec (pseudônimo adotado pelo
codificador após um espírito ter-lhe revelado que haviam vivido juntos entre os
Druidas, na Gália, e que se chamava Allan Kardec). Kardec não mais se dedicará
aos textos pedagógicos e à leitura de livros devocionais, mas sim a outra obra
que será o marco inicial de uma nova proposta pedagógica: a doutrina espírita.
Kardec, no Livro dos Espíritos e em outros posteriormente publicados,
organizará escritos cristãos trazidos pelos espíritos nas sessões mediúnicas
com as meninas Caroline e Julie Boudin e, mais tarde, com a menina Japhet.
Nessa proposta pedagógica, o homem deixa de ser visto em sua
miséria humana e é convidado a ser perfeito, buscando sua grandeza manifesta. O
humano é o lugar do sagrado (o humano descortina o sagrado, essa nova luz que
foi por muito tempo suprimida, ignorada e mesmo profanada, mas nunca foi
destruída).
Nessa pedagogia que se cumprirá a profecia do Cristo:
"Se vós amais, guardai meus mandamentos e eu pedirei a meu Pai, e Ele vos
enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: O
Espírito da verdade!”. Esse espírito da verdade simboliza o Espiritismo, o
velador, que vem complementar a luz trazida pelos ensinamentos do Cristo, estabelecendo
fundamentos de uma filosofia racional e humanizadora.
A pedagogia das obras básicas, sobretudo a do Livro dos Espíritos, vê o homem
como uma centelha etérea, capaz de conhecer-se a si mesmo, e ensina-lhe o
objetivo sublime das provas humanas, mostrando-lhe o caminho das palavras do
Cristo: "Na casa de meu Pai há muitas moradas". O velador, o
Espiritismo, ensina-nos a buscar o caminho para essas moradas para que, depois
das provas, possamos ser recompensados nas luzes reconfortantes dos benfeitores
espirituais.
A pedagogia kardequiana, por meio das obras básicas,
mostra que nenhum homem é estimulado ao bem pelo fato de conhecer a maldade,
mas se esse homem souber que o seu ser divino é essencialmente bom, terá
o desejo de tornar-se bom em sua existência. Aí se revela o objetivo dessa
pedagogia: tornar-se bom, contrariando a ideia anteriormente propagada que para
alcançar o bem seria necessário evidenciar o mal.
Os tempos estão chegando... O homem manifestar-se-á em sua grandeza para
construção de uma nova era, em que não haverá livros devocionais ou códigos de
leis, pois os homens conhecerão uma pedagogia única: “amai próximo como a
si mesmo”. Nesse dia, a Terra não será mais dividida entre luz e trevas e a
maldade deixará de ser veloz, pois o bem estará em toda parte, e “os instintos
latentes da matéria” serão substituídos pelo amor do Cristo.
A grande pedagogia, já dizia Rivail, ou Allan Kardec, não
está no conhecimento das ciências e da literatura, mas no conhecimento moral
das nossas virtudes e na arte de formar caracteres para o bem.
As obras básicas, organizadas na pedagogia kardequiana, vencem a pedagogia dos
livros devocionais porque não vêm representadas na figura de profetas, avatares
ou magos, vem da união de várias inteligências que buscam a nossa essência
espiritual.
O espiritismo, nos apropriamos das palavras do espírito José
Grosso, é o grande arcano que nos aborda, como transeuntes da estrada terrena,
e nos convida a conhecer a verdade das verdades: Nosso Senhor.
Busquemos, portanto, os ensinamentos trazidos no Livro dos Espíritos e nos
demais livros que completam as obras básicas, de modo que possamos compreender,
ainda que timidamente, que somos espíritos para vivenciarmos o bem e que
estamos “condenados” nas “cadeias” reencarnatórias à nossa transformação
e, por conseguinte, à transformação da Humanidade.
Dan
Dan
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