O
médium, que consagra todo o seu tempo ao público, no interesse da causa, não o
pode fazer de graça, porque tem que viver. Mas, é no interesse da causa, ou no
seu próprio, que ele o emprega? Não esqueçamos que os Espíritos são as almas
dos mortos e que, quando a moral e a religião prescrevem como um dever que se
lhes respeitem os restos mortais, maior é ainda a obrigação, para todos, de
lhes respeitarem o Espírito. Que diria daquele que, para ganhar dinheiro,
tirasse um corpo do túmulo e o exibisse por ser esse corpo de natureza a
provocar a curiosidade? Será menos desrespeitoso, do que exibir o corpo, exibir
o Espírito, sob pretexto de que é curioso ver-se como age um Espírito? E
note-se que o preço dos lugares será na razão direta do que ele faça e do
atrativo do espetáculo. Certamente, embora houvesse sido um comediante em vida,
ele não suspeitaria que, depois de morto, encontraria um empresário que, em seu
proveito exclusivo, o fizesse representar de graça.
Kardec
reconhece que a severidade para com os médiuns interesseiros revoltam todos os
que exploram. Mas devemos nos consolar ao lembrarmos os vendilhões expulsos do
templo por que Jesus não os via com bons olhos. Temos igualmente contra nós os
que não consideram a coisa com a mesma gravidade.
Os
médiuns gananciosos, com caráter duvidoso, personalistas, vaidosos, anímicos no
excesso, são trapaceiros, e são estigmatizados. Observemos seguinte carta que
Kardec publicou R.E. do mês de agosto de 1861:
“Paris,
21 de julho de 1861.
“Senhor.
“Pode-se
estar em desacordo sobre certos pontos e de perfeito acordo sobre outros”.
Acabo de ler, à página 213 do último número do vosso jornal, algumas reflexões
acerca da fraude em matéria de experiências espiritualistas (ou espíritas),
reflexões a que tenho a satisfação de me associar com todas as minhas forças.
Aí, quaisquer dissidências, a propósito de teorias e doutrinas, desaparecem
como por encanto.
“Não
sou talvez tão severo quanto o sois, com relação aos médiuns que, sob forma
digna e decente, aceitam uma paga, como indenização do tempo que consagram a
experiências muitas vezes longas e fatigantes. Sou, porém, tanto quanto o sois
— e ninguém o seria demais — com relação aos que, em tal caso, suprem, quando
se lhes oferece ocasião, pelo embuste e pela fraude, a falta ou a insuficiência
dos resultados prometidos e esperados.
“Misturar
o falso com o verdadeiro, quando se trata de fenômenos obtidos pela intervenção
dos Espíritos, é simplesmente uma infâmia e haveria obliteração do senso moral
no médium que julgasse poder fazê-lo sem escrúpulo”.
Conforme
o observastes com perfeita exatidão — é lançar a coisa em descrédito no
espírito dos indecisos, desde que a fraude seja reconhecida. Acrescentarei que
é comprometer do modo mais deplorável os homens honrados, que prestam aos
médiuns o apoio desinteressado de seus conhecimentos e de suas luzes, que se
constituem fiadores da boa-fé que neles deve existir e os patrocinam de alguma
forma. É cometer para com eles uma verdadeira prevaricação.
Todo
médium que fosse apanhado em manejos fraudulentos; que fosse apanhado, para me
servir de uma expressão um tanto trivial, com a boca na botija, mereceria ser
proscrito por todos os espiritualistas ou espíritas do mundo, para os quais
constituiria rigoroso dever desmascará-los ou infamá-los.
Se
vos convier, Senhor, inserir estas breves linhas no vosso jornal, ficam elas à
vossa disposição.
Jorge Hessen
Jorge Hessen
"Acrescento eu, há "médiuns" interesseiros em dinheiro, os que se interessam pela vaidade, orgulho, notoriedade e os que liberam seus traumas, complexos e carências; e no fundo ou no raso, são necessitados da verdadeira presença dos Espíritos
Desencarnados... Esses médiuns vivem em uma espécie de ilusão de ótica da psique."
Dan,
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