A escolha das provas,
de maneira livre e consciente pelos espíritos desencarnados, só é possível
quando o espírito tem um certo grau de conhecimento, discernimento e qualidades
morais para tal.
Na verdade, do modo
que os espíritos respondem da questão LE 258 em diante, bem genericamente,
pode-se interpretar, com uma leitura inicial e não aprofundada e complementada
pelas outras obras, que todos os espíritos escolhem livre e conscientemente
suas provas na erraticidade.
Mas não é isso que
está dito, o que é confirmado pela Leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo
e das outras obras básicas. O que se pretende dizer é que o Espírito, ao
exercitar o livre arbítrio, quer como encarnado, quer como desencarnado, em
suas atitudes e trânsito perante as Leis Divinas, estabelece automaticamente
para si as suas provações e, portanto as "escolheu" livremente, por
sua própria vontade.
Na realidade, não
haveria necessidade nenhuma de que os espíritos pudessem, na erraticidade,
"escolher" provas e expiações, pois a Lei de Causa e Efeito, a Lei de
Ação e Reação, a Lei de Justiça já registraram no perispírito e na mente do
espírito as energias e tendências que o farão enfrentar as provas e expiações
que necessite passar. Isso é automático e faz parte da justiça Divina e da Lei
Natural.
É por isso que só a
espíritos um pouco mais esclarecidos é dado a oportunidade de
"escolher" suas provas e expiações, mas mesmo assim, é preciso
lembrar que o livre arbítrio é inviolável, e que o espírito não lembrará,
depois de encarnado, que "escolheu" isto ou aquilo, e poderá tomar
atitudes e decisões que levem ao caminho completamente oposto do
"escolhido".
Isto é uma verdade
peremptória, pois se assim não fosse, nós seríamos "robôs",
autômatos", "marionetes", ou seja, teríamos instalado o
determinismo, que a Doutrina Espírita tão bem nos explica que não existe.
Infelizmente, muitos
espíritas "estudam" espiritismo apenas pela "metade", não
estudam o conjunto da obra de Kardec, e tomam romances como livros ou obras
básicas, o que não é verdade. O livro "Nosso lar", por exemplo é
fantástico, que trouxe novos conhecimentos, mas é um romance, descreve apenas
uma situação, uma pequena parte da realidade, que não pode ser extrapolada para
todo o plano espiritual. Muitos conhecimentos estão "romanceados", e
são, guardadas as devidas proporções, como as parábolas do Mestre Jesus, onde
se deve buscar o sentido oculto na alegoria (no “romanceado”).
Ninguém pode escolher
como prova fazer o mal, pois a pessoa que quer, conscientemente, praticar o
mal, tem o mal dentro de si, e enquanto estiver neste estado, não escolherá
suas provas e expiações na erraticidade. Elas serão determinadas
automaticamente pelo registro energético no perispírito e pelo registro moral
na inteligência, ou seja, pelo "karma" daquela espírito.
Pelas conseqüências
de sua(s) vida(s) passada(s), ou seja, por sua livre escolha e vontade, pois
tinha livre arbítrio, o espírito "determina" automaticamente em que
condições sociais, econômicas, culturais e com qual patrimônio genético vai
reencarnar. Pode nascer num lugar onde exista o mal, e para progredir, terá que
vencer as influências, as tendências, as deficiências físicas, etc.
Tudo nos é permitido,
pois temos livre arbítrio, mas isso não será determinado pelo espírito na
escolha de suas provas lá no plano espiritual, mas sim pelo seu comportamento
perante o que vai enfrentar na reencarnação, o que é ecorrente do registro das
suas infrações ou acertos no trânsito da Lei Divina ou Natural, ou seja, pelas
conseqüências de seus débitos ou créditos na caminhada evolutiva.
Assim como Deus não
pune ninguém, não aplica castigos, por ser absolutamente desnecessário, pois
cada um planta em si mesmo a conseqüência de seus atos, tendo por obrigação a
colheita de seus próprios frutos, a "escolha" de um "rol de
provas e expiações" também seria completamente desnecessário, até mesmo
inútil, pois já estabelecemos em nossa caminhada como será pavimentado e aberto
o próximo caminho.
Mas continuaremos com
o livre arbítrio de a cada dia traçar novos rumos, abrir trilhas, seguir
desvios, sejam elas para crescimento ou para estagnação no erro e no mal.
A Justiça Divina é
perfeita, sua lógica irrefutável. Cabe a nós mudarmos paradigmas e abrirmos
mentes e corações para analisar essa bela Doutrina que foi codificada por
Kardec.
Sem dogmas, sem
fanatismo, com muito amor, seguindo a grande máxima:
"Espíritas:
Amai-vos e Instruí-vos"!
Carlos Augusto
Parchen
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