Aflige-nos
saber que palestrantes espíritas oferecem insistentemente os seus nomes aos
escaladores dos centros espiritas visando realizar palestras nas instituições
doutrinárias existentes neste País. Tais confrades “oferecidos” esquecem que,
em nome de Jesus, toda palestra deve ser uma ferramenta sublime de disseminação
do amor e da humildade e jamais de autopromoção.
O
palestrante precisa fugir dos holofotes e de qualquer propósito de destaque
pessoal, necessita “silenciar exibições de conhecimentos, usar simplicidade,
evitar alarde, sensacionalismo. ” [1]Todas as temáticas doutrinárias poderão
malograr, caso o palestrante não se esforce humildemente para praticar o que
prega.
O orador
precisa falar sem dramaticidade, sem afetação, sem arrogância, sem empáfia, sem
ostentação, pois, do contrário, o público mudará a atitude receptiva inicial e
tornar-se-á refratário e até hostil ao final da palestra. Por essa razão, é
crucial falar sem imitação de gestos, voz, fraseado ou o estilo normalmente
“divaldista”, mostrando-se simples e atencioso, vibrando simpatia e
benevolência.
Aos
palestrantes, candidatos ao estrelismo, importa que não “decorem simplesmente”
quaisquer textos de livros espíritas para recitá-los, quais palradores, pois a
expressão maquinal não agrada a quem ouve e, sobretudo, a Deus. Os espíritos
nos recomendam nas palestras o “governo das próprias emoções, sem azedume, sem
nervosismo e sem momices”[2].
Há
palestrantes que são abusivamente “satíricos” (visando fazer gargalhar os
ouvintes na platéia), outros não conseguem despir-se das ostentações,
santificações, endeusamentos e euforia proselitista. Alguns “deuses da tribuna”
forçam palavras “mansas, melosas, piegas” que chegam a ficar pálidos em face do
hercúleo esforço para demonstrar mansidão, outros carregam um eterno sorriso
com dentes trincados (pressionando com força os de baixo com os de cima) na
tentativa de demonstrar simpatia forçada. Centro espirita não é circo, por isso
tais atitudes precisam ser evitadas urgente.
Infelizmente,
no insofreável desejo de chamar a atenção alheia, muitos oradores querem ser
aplaudidos e venerados perante os outros. Há oradores que fazem palestras nos
centros espíritas, congressos, seminários e outros “encontrões”, que veneram
espalhar autógrafos, Cd’s das suas palestas, locupletando-se de ovações que às
vezes têm conferido auréola de quase oráculos sagrados. Infelizmente tais
arremedos de “deuses” da tribuna vão se iludindo, criando a efígie de
intocáveis, “emissários da tranquilidade”, “embaixadores do bem”. Não será
impossível alguns centros “espíritas” edificarem altares em suas homenagens em
futuro próximo.
Muitos
palestrantes ficam submissos às imposições sociais quando buscam adesão
(bajulações) dos outros, “quando permanecem na posição de permanentes escravos
e pedintes do aplauso hipócrita e do verniz, da lisonja, condicionando-os a
viver sem usufruir de liberdade de consciência, submetendo-os a ser manipulados
pelos juízos e opiniões alheias.” [3]
O orador
deve reagir com todas as suas forças contra os “confetes” e lisonjas, para que
a vaidade não lhe venha toldar o raciocínio e o próprio campo de ação, e mais
ainda, nunca deve julgar-se indispensável ou excepcional, criando exigências ou
solicitando considerações especiais por que se considera um escolhido dos
deuses para divulgar o Espiritismo.
Jorge
Hessen
[3] Xavier, Francisco Cândido. Saudação do Natal – Mensagem “Trilogia da vida”, ditado pelo espírito Cornélio Pires , SP: Editora CEU, 1996
Referências bibliográficas:
[1] Vieira, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Propaganda
[2] ______, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Tribuna
Perfeito texto !!
ResponderExcluirA humildade realmente é muito bem vinda e o discernimento sempre necessário. Orai e Vigiai!
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