Barbas de Molho

Apreciando uma procissão, em cidadezinha do interior, um sitiante comentou com o amigo ao lado:
– Óia a dona Josefa na romaria! Cruz credo! Logo ela que recebe os Espíritos no Centro que a gente frequenta!
Responde o amigo:
– Uai, quanto mais religião mió, né?
Expressão incorreta, tanto no sentido gramatical quanto literal. Se por apreço à linguagem coloquial podemos dispensar a gramática, por respeito ao bom senso é preciso substituir religião por religiosidade.
Religião demais, a exprimir-se em frequência a um ou muitos cultos, pode ser falta de ocupação ou fanatismo. O importante é a religiosidade, isto é, o empenho por colocar em prática os princípios da religião.
Não fora a emulação, o estímulo de que carecemos no atual estágio evolutivo, integrados num grupo religioso, poderíamos até dispensar a busca de Deus nas igrejas. Espíritos superiores já edificaram a Igreja Divina em seus corações, tendo por altar a consciência, com o empenho permanente de renovação e esforço do Bem.
Nas bem-aventuranças do Sermão da Montanha, promete Jesus (Mateus, 5:3-10):
Bem-aventurados os humildes, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os que têm limpo o coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor à justiça, porque deles é o Reino de Deus.
Note amigo leitor, que, significativamente, não há uma única linha, uma única palavra sugerindo que são bem-aventurados os que frequentam os círculos religiosos. Há, sim, uma advertência das mais severas no final do Sermão (Mateus, 7:21-23):
Nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor!” entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?”. E então lhes direi abertamente: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.
São os religiosos sem religiosidade. Negligenciaram o empenho de renovação, comprometendo-se em deslizes não compatíveis com os princípios que esposavam.
Tomamos conhecimento nas dissertações de André Luiz, série Nosso Lar, e em muitas outras obras, particularmente O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, da existência de multidões de Espíritos atormentados e infelizes em regiões purgatórias, de grande sofrimento. Em boa parte são religiosos enquadrados na advertência de Jesus (Lucas, 12:47-48):
E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.
Isto significa que nós espíritas, muito mais do que adeptos de outras religiões, seremos cobrados quanto ao empenho de renovação. Interessante observar um velho ditado espanhol: Quando vires as barbas do vizinho ficar sem pelos, põe as tuas de molho.

Vendo tantos religiosos sem religiosidade a queimar a barba nas labaredas umbralinas, é bom  tomar cuidado  com a nossa,  cultivando a vivência dos princípios religiosos,   não a mera frequência às igrejas.

Richard Simonetti

Primeiros instantes de um morto

No horário reservado à instrução, na noite de 14 de julho de 1955, nosso conjunto recolheu expressiva mensagem do irmão G., inserta neste capítulo, em que nos informa quanto aos seus primeiros instantes na Vida Espiritual.
Cabe-nos esclarecer que o comunicante, político e administrador de méritos indiscutíveis, recentemente desencarnado, esteve antes em nossa casa de preces, sob a custódia dos amigos espirituais que lhe amparavam a recuperação necessária e justa.
Mostrava-se, então, enfermiço e indisposto, mas a breve tempo, retemperado e fortalecido, retornou ao nosso templo, onde nos forneceu as valiosas impressões que passamos a transcrever.

Meus amigos:
Recordando aquele rico da parábola evangélica que não obteve permissão para tornar ao círculo doméstico, depois da morte, compreendo hoje perfeitamente a justeza da proibição que lhe frustrou o propósito, porque, sem sombra de dúvida, ninguém no mundo lhe daria crédito à palavra.
A experiência social na terra vive tão distraída nos jogos de máscara, que a visita da verdade sem mescla, a qualquer agrupamento humano, por muito tempo ainda será francamente inoportuna.
Falando assim ao vosso mundo afetivo, não nutro o menor interesse em quebrar a cadeia de enganos a que se aprisionam meus antigos laços do coração.
Profundamente transformado, depois da grande travessia, em que o túmulo é o marco de nosso retorno à realidade, dirijo-me particularmente a vós outros, navegantes da fé no oceano da vida, para destacar a necessidade de valorização do tempo nos curtos dias de nossa permanência no corpo.
Para exemplo, recorro ao meu caso, já que, pelo concurso fraterno, ligastes-vos ao processo de minha renovação.
Como sabeis, qual ocorre à árvore doente, que tomba aos primeiros toques do lenhador, caí também, de imprevisto, ao primeiro golpe da morte.
Industrial, administrador e homem público, em atividade intensa e incessante, não admitia que o sepulcro me requisitasse tão apressadamente à meditação.
A angina, porém, espreitava-me, vigilante, e fulminou-me sem que eu pudesse lutar.
Recordo-me de haver sido arremessado a uma espécie de sono que me não furtava a consciência e a lucidez, embora me aniquilasse a os movimentos.
Incapaz de falar, ouvi os gritos dos meus e senti que mãos amigas me tateavam o peito, tentando debalde restituir-me a respiração.
Não posso precisar quantos minutos gastei na vertigem que me tomara de assalto, até que, em minha aflição por despertar, notei que a forma inerte me retomava a si, que Minh ‘alma entontecida regressava ao corpo pesado; no entanto, espessa cortina de sombra parecia incorporar-se agora entre os meus afeiçoados e a minha palavra ressoante, que ninguém atendia...
Inexplicavelmente assombrado, em vão pedia socorro, mas acabei por resignar-me à ideia de que estava sendo vítima de estranho pesadelo, prestes a terminar.
Ainda assim, amedrontava-me a ausência de vitalidade e calor a que me via sentenciado.
Após alguns minutos de pavoroso conflito, que a palavra terrestre não consegue determinar, tive a impressão de que me aplicavam sacos de gelo aos pés.
Por mais verberasse contra semelhante medicação, o frio alcançava-me todo o corpo, até que não pude mais...
Aquilo valia por expulsão em regra.
Procurei libertar-me e vi-me fora do leito, leve e ágil, pensando, ouvindo e vendo...
Contudo, buscando afastar-me, reparei que um fio tênue de névoa branquicenta ligava minha cabeça móvel à minha cabeça inerte.
Indiscutivelmente delirava -, no entanto aquele sonho me dividia em duas personalidades distintas, não obstante guardar a noção perfeita de minha identidade.
Apavorado, não conseguia maior afastamento da câmara íntima, reconhecendo, inquieto, que me vestiam caprichosamente a estátua de carne, a enregelar-se.
Dominava-me indizível receio.
Sensações de terror neutralizavam-me o raciocínio.
Mesmo assim, concentrei minhas forças na resistência.
Retomaria o corpo.
Lutaria por reaver-me.
O delíquio inesperado teria fim.
Contudo, escoavam-se as horas e, não obstante contrariado, vi-me exposto à visitação pública.
Mas oh! irrisão de meu novo caminho!...
Eu, que me sentia singularmente repartido, observei que todas as pessoas com acesso ao recinto, diante de mim, revelavam-se divididas em identidade de circunstâncias, porque, sem poder explicar o fenômeno, lhes escutava as palavras faladas e as palavras imaginadas.
Muitas diziam aos meus familiares em pranto:
- Meus pêsames! Perdemos um grande amigo...
E o pensamento se lhes esguichava na cabeça, atingindo-me como inexprimível jato de força elétrica, acentuando: - “não tenho pesar algum, este homem deveria realmente morrer...”
Outras se enlaçavam aos amigos, e diziam com a boca:
- Meus sentimentos! O doutor G. morreu moço, muito moço.
E acrescentavam, refletindo: - “morreu tarde... ainda bem que morreu... Velhaco! deixou uma fortuna considerável... deve ter roubado excessivamente...”
Outras, ainda, comentavam junto à carcaça morta:
- Homem probo, homem justo!...
E falavam de si para consigo: - “político ladrão e sem palavra! Que a terra lhe seja leve e que o inferno o proteja!...”
Via-me salteado por interminável projeção de espinhos invisíveis a me espicaçarem o coração.
Torturado de vergonha, não sabia onde esconder-me.
Ainda assim, quisera protestar quanto às reprovações que me pareceram descabidas.
Realmente não fora o homem que deveria ter sido, no entanto, até ali, vivera como o trabalhador interessado em quitar-se com os seus compromissos.
Não seria falta de caridade atacarem-me, assim, quando plenamente inabilitado a qualquer defensiva?
Por muito tempo, perdurava a conturbação, até que encontrei algum alívio...
Muitas crianças das escolas, que eu tanto desejaria ter ajudado, oravam agora junto de mim.
Velhos empregados das empresas em que eu transitara, e de cuja existência não cogitara com maior interesse, vinham trazer-me respeitosamente, com lágrimas nos olhos, a prece e o carinho de sincera emoção.
Antigos funcionários, fatigados e humildes, aos quais estimara de longe, ofertavam-me pensamentos de amor.
Alguns poucos amigos envolveram-me em pensamentos de paz.
Aquietei-me, resignado.
Doce bálsamo de reconhecimento acalmou-me a aflição e pude chorar, enfim...
Com o pranto, consegui encomendar-me à Bondade Infinita de Deus, respirando consolo e apaziguamento.
Humilhado, aguardei paciente as surpresas da nova situação.
Estava inegavelmente morto e vivo.
O cadafalso não favorecia qualquer dúvida.
Curtia dolorosas indagações, quando, em dado instante, arrebataram-me o corpo.
Achava-me livre para pensar, mas preso aos despojos hirtos pelo estranho cordão que eu não podia compreender e, em razão disso, acompanhei o cortejo triste, cauteloso e desapontado.
Não valiam agora o carinho sincero e a devoção afetiva com que muitos braços amigos me acalentavam o ataúde...
A vizinhança do cemitério abalava a escassa confiança que passara a sustentar em mim mesmo.
O largo portão aberto, a contemplação dos túmulos à entrada e a multidão que me seguia, compacta, faziam-me estarrecer.
Tentei apoiar-me em velhos companheiros de ideal e de luta, mas o ambiente repleto de palavras vazias e orações pagas como que me acentuava a aflição e o desespero.
Senti-me fraquejar.
Clamei debalde por socorro, até que, com os primeiros punhados de terra atirados sobre o esquife, caí na sepultura acolhedora, sem qualquer noção de mim mesmo.
Apagara-se o conflito.
Tudo era agora letargo, abatimento, exaustão...
Por vários dias repousei, até que, ao clarão da verdade, reconheci que as tarefas do industrial e político haviam chegado a termo.
Apesar disso, porém, a certeza da vida que não morre levantara-me a esperança.
Antigas afeições surgiram, amparando-me a luta nova e, desse modo, voltou à condição do servidor anônimo o homem que talvez indebitamente se elevara no mundo aos postos de diretiva.
É assim que, em vos visitando, devo estimular-vos ao culto dos valores claros e certos.
Instalar a felicidade no próprio espírito, através da felicidade que pudermos edificar para os outros, é a única forma de encontrarmos a verdadeira felicidade.
Tenho hoje a convicção de que os patrimônios financeiros apenas agravam as responsabilidades da alma encarnada, e a política, presentemente, para mim se assemelha à tina d’água que agitamos em esforço constante para vê-la sempre a mesma, em troca apenas do cansaço que nos impõe.
Todos os aparatos da experiência humana são sombras a se movimentarem nas telas passageiras da vida.
Só o bem permanece.
Só o bem que idealizamos e plasmamos é a luz que fica.
Assim, pois, buscando o bem, roguemos a Deus nos esclareça e nos abençoe.

Espírito G.
Psicofonia por Chico Xavier


Caridade

No momento preciso das instruções, na noite de 4 de novembro de 1954, foi nosso amigo espiritual José Silvério Horta, mais conhecido por “Monsenhor Horta”, quem ocupou os recursos psicofônicos do médium (Chico Xavier), dirigindo-nos a sua palavra cristã.
Sacerdote católico na última romagem terrestre, Monsenhor Horta deixou em Minas formosas tradições de humildade, simplicidade e amor cristão, destacando-se por fiel servidor de Jesus, e confirmando as notícias que lhe exornam o nome, teceu, para a nossa edificação espiritual, significativas considerações em torno da caridade, que transcrevemos a seguir.


Filhos, em verdade, outra virtude não existe mais bela.
Todos os dons da vida, emoldurando-a, empalidecem como os lumes terrenos quando o sol aparece vitorioso.
Desde a antiguidade, a ciência e a filosofia erigem à própria exaltação gloriosos monumentos que se transformam em cinza, a fim de que elas mesmas se renovem.
Em todos os tempos, a autoridade e o poder fazem guerras que esbarram no sepulcro, entre sombra e lamentação.
Só a Caridade, filha do Amor Celeste, é invariável.
Com ela, desceu Nosso Senhor Jesus-Cristo à treva humana e, abraçando os fracos e enfermos, os vencidos e desprezados, levantou os alicerces do Reino de Deus que as Forças do Bem na Terra ainda estão construindo.
Vinde, pois, à Seara do Evangelho, trazendo no coração a piedade fraternal que tudo compreende e tudo perdoa!...
Acendamos a flama da caridade quando orarmos!
Em nossas casas de socorro espiritual, achamo-nos cercados por todos os tipos de sofrimento, enquanto nos devotamos à prece... que decorrem de tristes almas desencarnadas a carregarem consigo as escuras raízes de ilusão e delinquência, com que se prendem à retaguarda...
São as filas atormentadas daqueles que traficaram com o altar, que venderam a consciência nos tribunais da justiça, que mercadejaram com os títulos respeitáveis, que menosprezaram a bênção do lar, que tripudiaram sobre o amor puro, que fizeram do corpo físico uma porta à viciação, que se renderam às sugestões das trevas alimentando-se de vingança, que fizeram da violência cartilha habitual de conduta, que acreditaram na força sobre o direito, que se desmandaram no crime, que sepultaram a mente em pântanos de usura e que se abandonaram inermes, à ociosidade, à perturbação, à perversidade e à morte moral...
Para todos esses corações encarcerados na sombra expiatória, é indispensável saibamos trazer, em nome do Cristo, a chama do sacrossanto amor que ilumina e salva, esclarece e aprimora...
Inegavelmente, enquanto na carne, não conseguis analisar a extensão das consciências em desequilíbrio que se nos abeiram das preces, como sedentos em torno à fonte...
Viveis, provisoriamente, a condição do manancial incapaz de saber quão longo é o caminho da própria corrente na regeneração do deserto.
Cabe-nos, assim, o mais amplo esforço para que a caridade persista em nossos pensamentos, palavras e ações, porquanto é imprescindível avivá-la também quando agimos.
No círculo doméstico e na vida pública, tanto quanto em todos os domínios de vossa atuação nas lides terrestres, sois igualmente defrontados pelos companheiros em desajuste que, como nos acontece a todos, anseiam por reerguimento e restauração.
Guardemos caridade para com todos aqueles que nos rodeiam... Para com os felizes que não sabem medir a própria ventura e para com os infortunados que não podem ainda compreender o valor da provação que os vergasta, para com jovens e velhos, crianças e doentes, amigos e adversários!...
Cultivemo-la em toda parte... Caridade que saiba renunciar a favor de outrem, que se cale ajudando em silêncio, e que se humilhe, sobretudo, a fim de que o desespero não domine os corações que pretendemos amar...
Todos na Terra suspiram pelo melhor.
A mulher que vedes, excessivamente adornada, muita vez traz o coração chagado de angústia.
O homem que surge, assinalado pela riqueza terrestre, quase sempre é portador de um vulcão no crânio entontecido.
A juventude espera orientação, a velhice pede amparo.
Onde estiverdes, não condeneis!
O lodo da miséria nasce no charco da ignorância em cujos laços viscosos a leviandade ainda se enleia.
Nós, porém, que já conhecemos a lição do Senhor, aquinhoados que fomos por sua bênção, podemos abreviar o caminho para a grande libertação, desde que a caridade brilhe conosco, dissipando a sombra e lenindo o sofrimento.
É assim que vos concitamos a mais intensa procura do Cristo para que o Cristo esteja em nós, de vez que somente no Espírito Divino de Jesus é que conseguiremos vencer a dominação das trevas, estendendo no mundo o império silencioso da caridade, por vitoriosa luz do Céu.


Espírito José Silvério Horta

Instruções psicofônicas – psicofonia por Chico Xavier

Renúncia

Reunião de 11 de março de 1954.
De posse da gravadora, o “Grupo Meimei” iniciou o registro de instruções dos Amigos Espirituais, por intermédio da mediunidade psicofônica de Francisco Cândido Xavier, começando semelhante tarefa na noite de 11 de março de 1954.
Terminado o serviço de esclarecimento e socorro aos irmãos transviados no sofrimento e na sombra, que compareceram em grande número através de vários médiuns da casa, o venerável benfeitor Adolfo Bezerra de Menezes incorporou-se, pronunciando a alocução que se segue, alusiva à renúncia, como base de felicidade e paz, dirigindo-se não apenas aos companheiros encarnados, mas, de modo particular, à compacta assembleia de Espíritos conturbados que se comprimiam em expectação no recinto.

Meus amigos:
Rendamos graças ao Nosso Pai Celestial, guardando boa-vontade para com os homens, nossos irmãos.
Como de outras vezes, achamo-nos juntos no santuário da prece...
Nossa visita, contudo, não tem outro objetivo senão colaborar na renovação íntima que nos é indispensável, a fim de que não estejamos malbaratando os recursos da fé e os favores do tempo.
Volvendo a vós outros, endereçamos igualmente a nossa mensagem a todos os companheiros que nos escutam fora da carne, órfãos de luz, ao encalço da própria transformação com o Divino
Mestre, porque somente em Cristo é possível traçar o verdadeiro caminho da redenção.
Aprendamos a ceder, recolhendo com Jesus a lição da renúncia, como ciência divina da paz.
Constantemente nossa palavra se reporta à caridade e admitimos que caridade seja apenas alijar o supérfluo de valores materiais da nossa vida.
Entretanto, a caridade maior será sempre a da própria renunciação, que saiba ceder de si mesma para que a liberdade, a alegria, a confiança, o otimismo e a fé no próximo não sofram prejuízo de qualquer procedência.
Como exercício incessante de autoburilamento, é imperioso ceder diariamente de nossas opiniões, de nossos pontos de vista, de nossos preconceitos e de nossos hábitos, se pretendemos realmente assimilar com Jesus a nossa reforma no Evangelho.
Toda a Natureza é escola nesse sentido.
Cedendo de si própria, converte-se a madeira bruta em móvel de alto preço.
Abdicando os prazeres da mocidade, o homem e a mulher alcançam do Senhor a graça do lar, em favor dos filhinhos que lhes conduzirão a mensagem de amor e confiança ao futuro.
Consumindo as próprias forças, o Sol mantém a Terra e nos sustenta a vida com seus raios.
Meditai a realidade (1), principalmente vós outros que já vos desenfaixastes do envoltório físico! Cultivemos a renúncia aos haveres e afetos da retaguarda humana, para que a morte se nos revele por vida imperecível, descortinando-nos nova luz!...
Todos os dias, volta o esplendor solar à experiência do homem, concitando-o a aperfeiçoar-se, por dentro, pelo olvido de velhos fardos das impressões negativas, que tantas vezes se nos cristalizam na mente, escravizando-nos à ilusão...
E porque vivemos desprevenidos, gastando a esmo as oportunidades de serviço, obtidas no mundo, com o corpo denso, somos colhidos pela transição do túmulo, como pássaros engaiolados na grade do próprio pensamento.
É necessário esquecer para reviver.
É imprescindível o desapego de todas as posses precárias da estação carnal de luta, para que o incêndio das paixões não nos arraste às calamidades do espírito, pelas quais se nos paralisa o anseio de progresso, em seculares reparações!...
Não há liberação da consciência, quando a consciência não se liberta.
Não há cura para as nossas doenças da alma, quando nossa alma não se rende ao impositivo de recuperar a si mesma!...
Saibamos, assim, exercer a doce caridade de compreender as criaturas que nos cercam. Não somente entendê-las, mas também ampará-las pelo desprendimento de nossos desejos, percebendo que o bem do próximo, antes de tudo, é o nosso próprio bem.
Recordemos que as Leis do Senhor se manifestam, em voz gritante, nas trombetas do tempo, conferindo a cada coisa a sua função e a cada espírito o lugar que lhe é próprio.
Desse modo, não nos adiantemos aos Celestes Desígnios, mas aprendamos a ceder, na convicção de que a justiça é sempre a harmonia perfeita.
Atentos ao culto do sacrifício pessoal sob as normas do Cristo, peçamos a Ele coragem de usar o silêncio e a bondade, a paciência e o perdão incondicional, no trabalho regenerador de nós mesmos, de vez que não podemos dispensar a energia e a firmeza para nos afeiçoarmos a semelhantes virtudes que, em tantas ocasiões, repontam entusiásticas de nossa boca, quando o nosso coração se encontra longe delas.
Irradiemos os recursos do amor, através de quantos nos cruzem a senda, para que a nossa atitude se converta em testemunho do Cristo, distribuindo com os outros consolação e esperança, serenidade e fé.
Imitemos a semente humilde a desfazer-se no solo, aparentemente desamparada, aprendendo com ela a desintegrar as teias pesadas e escuras que nos constringem a individualidade eterna, a fim de que o nosso espírito desabroche no chão sagrado da vida, em novas expressões de entendimento
e trabalho.
Para isso, não desdenhemos ceder.
E supliquemos ao Eterno Benfeitor nos ajude a plasmar-lhe a Doutrina de Luz em nossas próprias vidas, para que a nossa presença, onde quer que estejamos, seja sempre uma fonte de reconforto e esperança, serviço e benevolência, exaltando para aqueles que nos rodeiam o abençoado nome de Nosso Senhor Jesus-Cristo.

Bezerra de Menezes

Instruções psicofônicas – psicofonia por Chico Xavier

(1) Neste tópico da mensagem, o Doutor Bezerra de Menezes dirigia-se, de modo particular, aos desencarnados presentes. — Nota do organizador.

A morte

Porque a morte propicia tanto sofrimento e catadupas de pranto, acarretando desespero no mundo, é válido lembremos que:

A semente morre para que surja a plântula tenra;

Transforma-se a ostra, de modo a produzir a pérola preciosa;

Estiola-se a flor, emurchecida, a fim de que provenha o fruto que guarda, na essência, o sabor;

Morre o dia nas tintas do poente, de modo que o véu cintilante da noite envolva a Terra;

Morre a noite, entre as lágrimas do orvalho, para que o manto aurifulgente do dia consiga embelezar a amplidão;

O rio morre na exuberância do mar;

Fana-se o homem para que se liberte o Espírito, antes cativo.

À frente disso, vemos que a morte é sempre a chave que desata o perfume da vida. Não há morte, essencialmente. Tudo é transformação, tudo é recriação...

A lágrima de agora se tornará sorriso.

A dor atual prepara a ventura porvindoura.

A saudade que punge hoje fomenta o sublime reencontro de logo mais.

Morte é vida, agora o sabemos...

Habitue-se, caro coração, a refletir a respeito da morte, com serenidade e confiança em Deus, porque você não ignora que, por mais se aturda desarvore ou se inconforme, essa é a única regra para a qual não se conhece exceção.

Prepare-se, amando e trabalhando no bem grandioso, até que você, um dia, igualmente se transforme em ave libertada da prisão – escola corporal.

A morte tão somente revela a vida mais amplamente. Pense nisso.

                                                                                                                                              Rosângela.

Mensagem psicografada pelo médium J. Raul Teixeira.

10 Maneiras de erguer um Centro Espírita

Fachada do Irmão Lauro












  1. Compareça às reuniões, e, sempre que o fizer, chegue na hora.
  2. Se o tempo não estiver bom, vá assim mesmo.
  3. Quando solicitado a auxiliar, ofereça o melhor de si, sem dizer que o trabalho deve ser executado por esse ou aquele companheiro.
  4. Quando não assistir às reuniões, não critique o trabalho daqueles que compareceram.
  5. Sempre que convocado, aceite os postos de maior responsabilidade, e, caso não tenha sido ainda, não veja nisso motivo de melindre.
  6. Dê sincera importância à execução de suas tarefas, e, quando solicitado a prestação de contas, apresente-se com humildade.
  7. Quando chamado a opinar sobre assunto sério, fale no momento certo, porém, depois da reunião, não discuta com ninguém como deveria ter sido decidido, pois já não é tempo.
  8. Lute por fazer mais do que o “absolutamente necessário”, unindo-se àqueles que põem mãos à obra com toda a boa vontade e com todo o zelo em prol do êxito dos trabalhos, sentindo-se responsável e nunca imaginando a existência de uma “panelinha” querendo mandar e desmandar.
  9. Se novos colaboradores chegarem, auxilie-os na melhor compreensão do que seja o Centro Espírita.
  10. Na parte que lhe toca contribuir para pagamento dos compromissos materiais, financeiros, preste seu concurso regular e não espere ser lembrado para cooperar.
Fonte: Editora EME

Dan


Amarga Experiência

Na noite de 24 de junho de 1954, tivemos a agradável e comovente surpresa da visita de um companheiro que, tempos atrás, fora assistido pelos Instrutores Espirituais, por intermédio de nosso Grupo.
Lembramo-nos de que, em seu primeiro contato conosco, trazia a mente obcecada por visões de ouro.
Regressando às nossas tarefas, na noite mencionada, deixou-nos a sua “amarga experiência”, que constitui, em verdade, uma grande lição para nós todos. Através dela, podemos observar como as Ideias inferiores, com o tempo, se cristalizam em nossa alma, Impondo-nos aflitiva fixação mental, decorrente de nossas próprias criações íntimas.
O irmão “F” nome pelo qual passaremos a designar o companheiro, cuja mensagem vamos transcrever, foi na Terra grande banqueiro. Certamente não foi um criminoso, na acepção comum do termo, mas, pelo conteúdo espiritual de suas manifestações, parece haver sido um desses homens “nem frios, nem quentes”, do símbolo evangélico, que, trazendo a mente amornada na ideia do ouro, durante a existência na carne, ficou por ela dominado em seus primeiros tempos, além da morte.

Senhores!
Perdoai-me o tratamento, entretanto, não me sinto ainda à altura de chamar-vos «amigos» ou «irmãos».
Sou apenas um mendigo de retorno ao vosso templo de caridade, a fim de agradecer, ou simplesmente um homem desencarnado, em tremenda guerra consigo mesmo, para não se arrojar ao abismo da loucura, porquanto a loucura, quase sempre, resulta de nossa inconformação ante a realidade das situações e das coisas.
Com aprovação de vossos orientadores, venho trazer-vos o meu reconhecimento e algo de minha amarga experiência, como aviso de um náufrago aos viajantes do mundo.
Quantas vezes afirmei que o dinheiro era a solução da felicidade!.
Quanto tempo despendi, acreditando que a dominação financeira fosse o triunfo real na Terra!...
No entanto, a morte me assaltou em plena vida, assim como o tiro do caçador surpreende o pássaro desprevenido no mato inculto...
Como foi o meu desligamento do corpo físico e quantos dias dormi na sombra, por agora, nada sei dizer.
Sei hoje apenas que acordei no espaço estreito do sepulcro, com o pavor de um homem que se visse repentinamente enjaulado.
Sufocava-me a treva espessa.
Horrível dispneia agitava-me todo.
Queria o ar puro...
Respirar... respirar...
E gritei por socorro.
Meus brados, contudo, se perdiam sem eco.
Ao cabo de alguns instantes, notei que duas mãos vigorosas me soergueram e vi-me, depois de estranha sensação, na paz do campo, sorvendo o ar fresco da noite.
Que lugar era aquele?
Uma casa sem teto?
De repente, a cambalear, reconheci-me rodeado de grandes caixas fortes...
Ao frouxo clarão da Lua, reparei que essas caixas fortes surgiam milagrosamente douradas...
Tateei-as com dificuldade, percebi palavras em alto-relevo e verifiquei que eram túmulos...
Espavorido, transpus apressado às grades daquela inesperada prisão.
Vi-me, semilouco, na via pública.
Devia ser noite alta.
Na rua, quase ninguém...
Um bonde retardado apareceu.
Achava-me doente, inquieto e exausto, mas ainda encontrei forças para clamar:
— Condutor!... condutor!...
O homem, porém, não me ouviu.
Caminhei mais depressa.
Tomei o veículo em movimento e consegui a situação do pingente anônimo; todavia, com espanto, observei que o bonde era todo talhado em ouro...
As pessoas que o lotavam vestiam-se de ouro puro.
O motorneiro envergava uniforme metálico.
Intrigado, sentia medo de mim mesmo.
E, para distrair-me, tentei estabelecer uma conversação com vizinhos.
Os circunstantes, porém, pareciam surdos.
Ninguém me ouvia.
Vencendo embaraços indefiníveis, alcancei minha residência.
As portas, no entanto, jaziam cerradas.
Esmurrei, chamei, supliquei...
Mas tudo era silêncio e quietação.
E quando fitei o frontispício do prédio, o ouro me cercava por todos os lados.
Acomodei-me no chão de ouro e tentei conciliar, debalde, o sono, até que, manhãzinha, a porta semiaberta permitiu-me a entrada franca.
Tudo, porém, alterara-se em minha ausência.
Ninguém me reconheceu.
Fatigado, avancei para meu leito...
Mas o velho móvel apresentava-se-me agora em ouro maciço.
Senti sede e procurei a água simples, entretanto, o liquido que jorrava era ouro, ouro puro...
Faminto, busquei nosso antigo depósito de pão.
O pão, todavia, transformara-se.
Era precioso bloco de ouro, de cuja existência, até então, não tinha qualquer conhecimento em nossa casa.
Meditei... meditei...
Todos os meus afeiçoados como que conspiravam contra mim...
Não passava de intruso em minha própria moradia. Dia terrível aquele em que reassumia ou tentava reassumir o meu contato com os seres amados que, naturalmente, me deviam assistência e carinho!.
Depois de vastas reflexões julguei-me dementado.
Assinalei, dentro de mim, a necessidade do amparo religioso.
Iniciei dolorido exame de consciência. Seria eu católico?
Em verdade, se eu me houvesse consagrado à religião, não teria outra escola de fé.
Colaborara no erguimento de instituições pias.
Conhecia pessoalmente o Senhor Arcebispo.
Convivera com sacerdotes.
Frequentava, de quando em quando, as igrejas, por imperativos da vida social.
Conhecia as obrigações do culto exterior.
Ai de mim!... por que não obtinha o repouso necessário?
Passou o dia e veio a noite.
Alta madrugada tornei à via pública e nela perambulei vacilante, procurando, através dos templos, alguma porta que se me descerrasse, acolhedora.
As igrejas, no entanto, estavam repletas.
Movimento enorme.
Mais tarde, vim, a saber, que outros desencarnados como eu imploravam socorro...
Vagueei... vagueei... até que atingi um santuário de bairro humilde.
Amanhecia...
Vários grupos de crentes chegavam para a missa.
Gente simples, gente pobre.
Entrei.
Conturbado e aflito, senti necessidade da confissão.
Afinal, eu era um católico que relaxara a própria fé.
Sem que ninguém me escutasse os apelos, pedi a presença de um padre.
Avancei para o confessionário e pus-me de joelhos, mas, em poucos momentos, o confessionário convertia-se para mim num guichê de banco.
Sobressaltado, ergui meus olhos para o altar.
O altar, porém, transformara-se em cofre forte.
Intentei consolar-me com a visão do missal, mas o livro do culto, de repente, surgiu metamorfoseado num velho livro de minha propriedade, em que eu lançava, às ocultas, as minhas notas de rendimento real.
Diligenciei isolar-me.
Temia a loucura completa.
Ainda assim, levantei meu olhar para a imagem da Virgem Maria.
Naturalmente, ela teria pena de mim, contudo, ante a minha atenção, a imagem reduziu-se a uma joia de alto preço...
Fez-se toda de ouro, de ouro puro...
Voltei-me para dentro de mim.
Busquei orar, orar, orar... sem poder.
A missa começara e tive a esperança de que o momento reservado à Comunhão Eucarística seria aquele da visitação do Santíssimo Sacramento.
O Santíssimo purificaria o lugar em que eu, pecador, me encontrava...
Todavia, quando alcei meus olhos para o sacerdote, que empunhava, então, o cálice sagrado, notei que as hóstias eram moedas tilintantes.
Horrorizado, tentei reconfortar-me com a visão da cruz...
Procurei-a, acima do altar que se havia erigido em cofre forte, mas a cruz transformou-se também num grande cifrão...
Ó Deus! que restava, então, de mim, senão o usurário vencido!...
Apavorado, tornei à rua.
Sentia agora mais sede, muita sede...
Voltei-me para o corpo da igreja, como um filho expulso do próprio lar; contudo, não mais a vi. Apenas, estranha voz no alto gritou aos meus ouvidos, ensurdecedoramente:
— Amigo, os filhos de Deus encontram nas casas de Deus aquilo que procuram... Procuravas o ouro... Ouro encontraste...
Qual mendigo desamparado, fugi sem destino. Queria agora apenas água, água pura que me dessedentasse.
Conhecia a cidade.
Demandei uma caixa d’água que me era familiar no alto do bairro de Santo Antônio. (1)
A água, ali, corria em jorros. Podia debruçar-me...
Podia beber como se eu fora um animal e, prostrado, não mais de joelhos, mas de rastros, imploraria a graça de Deus.
Achei a água corrente, a água límpida visitada pela luz do sol e estirei-me no chão...
Mas, no momento preciso em que meus lábios sequiosos tocaram o líquido puro, apenas o ouro, o ouro apareceu...
Reconheci haver descido à condição de um alienado mental.
Lembrei-me, então, de velho amigo... Cícero Pereira... (2)
Cícero era espírita e, por esse motivo, tornou-se para mim alguém que eu supunha, em minha triste cegueira, haver deixado na retaguarda da loucura.
Bastou a recordação para que a voz dele se me fizesse ouvida.
Acudia-me ao chamado.
Amparou-me.
Conversou comigo.
Depois de algumas horas de esclarecimento, que eu não pude aquilatar com segurança, trouxe-me para junto de vós.
Sobre a mesa que vos serve, depararam sê-me folhas impressas que me pareceram cédulas valiosas.
Esforcei-me por fixar o Evangelho que compulsáveis no estudo, mas, contemplando o Livro Divino, nele identifiquei apenas um livro de cheques...
Não obstante atordoado, registrei-vos a palavra consoladora.
Fui socorrido.
De imediato, quase nada pude reter de vossos apelos e ensinamentos.
Contudo, depois de alguns dias, o benefício das exortações recebidas renovou-me o íntimo e, de amigos espirituais que presentemente me ajudam a recuperação, aceitei a incumbência de lidar com os associados de meu pretérito, velhos conhecidos e amigos que manejam o dinheiro do mundo, para, através deles, algo realizar que me possa refazer a esperança..
Desde então, tenho falado em espírito, com mais de mil pessoas, com mais de mil depositantes de ouro e preciosidades, suplicando atenção para a caridade...
Entretanto, qual aconteceu com as sentinelas da vida espiritual que me buscavam noutro tempo, tenho visto apenas ouvidos de mármore, cabeças de pedra e corações de gelo.
Somente agora, nesta semana, atingi um grande resultado.
Aproximei-me, com êxito, de um homem que guardava algumas economias.
Pude abeirar-me dele e dar-lhe um pensamento:
— «Oferecer um cobertor a uma viúva pobre.» Ele acatou a sugestão.
Comprou o cobertor e, em minha companhia, ele mesmo entregou essa esmola de agasalho a quem tinha frio!...
Então, pela primeira vez, depois da morte, uma nova alegria brotou de Minh alma!...
Tenho hoje a ventura de crer que as visões do ouro terrestre ficarão para trás... Doravante, espalharei, de O Senhor, que esses fios de algodão, dados de boa-vontade, me envolvam também agora!...
Sejam eles o primeiro sinal de minha definitiva renovação, a luz da prece de reconhecimento que venho, feliz, partilhar convosco!...
Senhores, muito obrigado!
Que Deus vos recompense...

Espírito F.

Instruções psicofônicas – psicofonia por Chico Xavier
1) Refere-se o comunicante a um dos bairros da cidade de Belo Horizonte.
2) Reporta-se ao Espírito Cícero Pereira.